Com cortes orçamentários ‘até o osso’, África do Sul armazena 12 caças Gripen
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Orçamento da Força Aérea da África do Sul está tão reduzido que foram alocadas apenas 150 horas de voo para todo o esquadrão que opera o caça
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Segundo reportagem do jornal Business Day Live publicada nesta quarta-feira, 13 de março, a ministra da Defesa da África do Sul admitiu que quase metade dos caças Gripen da Força Aérea do país, aeronaves no estado-da-arte, foram armazenadas em caráter de longo prazo. Dos 26 caças adquiridos, 12 estão armazenados devido aos cortes no orçamento militar do país.
Os caças Gripen, assim como os jatos treinadores Hawk, realizaram um papel fundamental em garantir a segurança do espaço aéreo da África do Sul durante a Copa do Mundo de 2010. Quando as primeiras mençãos a armazenar parte da frota surgiram já naquele ano, questões foram levantadas sobre a capacidade de defesa aérea do país e o legado das compras multibilionárias. Já àquela época, foi reportado pelo correspondente Helmoed Heitman da Jane’s Defence Weekly que a decisão deixaria o país vulnerável em caso de incidentes, e incapaz de manter uma zona de exclusão aérea, como já se treinou, na região de Darfur, no Sudão.
Na terça-feira, em resposta a um questionamento parlamentar, a ministra da Defesa Mapisa-Nqakula admitiu que 12 caças Gripen estão em “armazenamento de longo prazo”. Isso faz parte, segundo a ministra, a uma atividade planejada em linha com sua utilização e os padrões de gasto e fluxo de caixa do orçamento da Força Aérea da África do Sul.
O parlamentar da Aliança Democrática David Maynier, que fez o questionamento, disse que os caças estão “acondicionados a vácuo como frangos congelados”, num hangar em algum local do país. Ele acrescentou que não estão em voo porque o orçamento para operações da Força Aérea foi “cortado até o osso”. Com isso, 10 aeronaves são mantidas operacionais, 12 em armazenagem de longo prazo, havendo seis pilotos qualificados e “apenas 150 horas de voo disponíveis a todo o esquadrão para o ano de 2013”.
FONTE: Business Day Live (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTOS via Gripen Blog (transporte de navio dos últimos 4 caças Gripen encomendados pela África do Sul) e Saab
NOTA DO EDITOR: a notícia é interessante para se refletir no Brasil. A África do Sul renovou sua Força Aérea com novos caças – coisa que o Brasil ainda não fez – e, pouco depois, sediou um grande evento internacional, a Copa do Mundo, no qual praticamente exauriu as horas de voo disponíveis no orçamento – coisa que o Brasil provavelmente ainda fará, no ano que vem.
Agora, o orçamento para operações de voo na Força Aérea da África do Sul foi reduzido de tal forma que todo um esquadrão (mantendo apenas seis pilotos qualificados, segundo a notícia) terá disponível o quantitativo de horas que seria indicado a um único piloto, para manter sua proficiência ao longo deste ano. O parlamentar sul-africano que questionou a ministra diz, no site de seu partido, que é imperativa a revisão da alocação de orçamento para a operação do sistema Gripen, para enfrentar a situação.
Mesmo adquirindo um jato considerado como o de menor custo operacional dentre os caças de quarta geração, a África do Sul demonstra com essa notícia que reequipamento algum, ainda que custando centenas de milhões de dólares, resiste depois a cortes orçamentários “até o osso” para sua operação. No caso brasileiro, vale lembrar que até mesmo os módicos custos de hora de voo do F-5M não têm resistido a cortes nos últimos anos na verba de custeio da FAB. Sem alocação de recursos compatíveis com a operação de novos equipamentos, qualquer um dos concorrentes do F-X2 corre o risco de ficar parado no hangar.
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