Canadá cogita estender vida útil de seus caças CF-18 Hornet

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Exposições e questionários para os fabricantes que disputam possível contrato canadense de novo caça foram mudados antes da versão final – a defesa do território canadense foi priorizada frente a operações em coalizão e não será necessário apresentar o custo completo de ciclo de vida

Segundo reportagem publicada pelo jornal The Globe and Mail na terça-feira, 5 de março, numa alteração em seu longo esforço para adquirir caças novos  o Canadá abriu uma porta para gastos em modernizações nos antigos. Uma modernização da frota envelhecida de jatos CF-18 Hornet permitiria prolongar sua vida útil e atrasar a decisão do processo que gera controvérsia.

As informações, segundo o jornal, provém de documentos governamentais e fontes. Para acessar o documento governamental em inglês,  clique aqui.

Uma mudança no documento relacionado à aquisição, que foi disponibilizado a potenciais fornecedores, convida fabricantes a propor novos cenários para manutenção e renovação do Poder Aéreo canadense. Fontes disseram que as mudanças nas opções elegíveis tornam mais fácil para esses fabricantes proporem uma “frota mista” de CF-18 modernizados e outros caças a jato, ou uma entrega adiada de novos caças na medida em que os CF-18 voem além de sua baixa planejada.

As mudanças estão entre vários novos elementos da versão final do questionário do secretariado a cinco empresas aeroespaciais (em ordem alfabética, Boeing/F-18 Super Hornet, Dassault/Rafale, Eurofighter/Typhoon, Lockheed Martin/F-35 e Saab/Gripen). Este questionário visa obter informações técnicas dos caças que disputam o contrato. Outro questionário está sendo elaborado para obter as informações financeiras dos competidores, mas este também está passando por mudanças significativas para atender a novos adiamentos do processo.

Não há um cronograma definitivo para a aquisição, mas especula-se que o governo queira adiar o anúncio final até depois das eleições gerais de 2015. As empresas competidoras lançaram campanhas de lobby e de relações públicas para posicionar-se caso o Canadá lance de vez uma concorrência para novos caças. Os mais ativos têm sido a Lockheed Martin, que promove seu F-35 como uma aeronave de uma geração tecnológica totalmente à frente de seus rivais e a Boeing, que argumenta que seu Super Hornet oferece capacidades gerais melhores que as do F-35 pela metade do preço.

Os primeiros caças CF-18 Hornet do Canadá entraram em serviço em 1982, e a frota tem baixa programada para o período entre 2017 e 2023. Uma fonte que foi informada sobre o programa de substitução disse que o governo poderia adiar o processo de aquisição, contemplando as “capacidades, custos e riscos” de todas as opções, incluindo “estender o CF-18”. A fonte afirmou que “isso poderia prover ao governo a oportunidade de adiar a aquisição. Se o governo decidir que prefere esperar, ele terá essa opção.”

O governo disse que modernizações poderiam permitir que fabricantes prolongassem a vida útil dos CF-18 como uma “ponte” para a entrega de novos caças mais tarde na década. A porta-voz do Ministério de Obras Públicas (que está envolvido no processo desde que este deixou de ser unicamente do Ministério da Defesa devido à controvérsia relacionada ao F-35), Lucie Brosseau, disse que “estender o CF-18 é consistente com o compromisso de examinar todas as opções, incluindo opções do tipo ponte”.

O governo adicionou um novo item no questionário que pretende averiguar se as capacidades das aeronaves são baseadas “em testes de voo, simuladores ou desenvolvimentos anteriores.” A pergunta é especialmente relevante para o F-35, que ainda está em desenvolvimento, enquanto os outros caças da disputa estão operacionais, segundo a reportagem. Também foi enfatizado pelo governo que os caças a se comprar deverão “em primeiro lugar e principalmente” defender o solo canadense. Antes da versão definitiva, o governo enfatizava a contribuição nos esforços das Forças Armadas Canadenses em defender o Canadá e a América do Norte, e de contribuir para a a paz e segurança internacionais, sem priorizar claramente a soberania canadense.

A nova ênfase na soberania do Canadá poderia ter um grande impacto no F-35, que é considerado por especialistas como o mais efetivo caça para coalizões internacionais junto às Forças Armadas dos EUA. Porém, fabricantes rivais têm destacado que um caça bimotor como o Super Hornet da Boeing oferece desempenho melhor sobre o território canadense, como em patrulhas no Ártico.

A versão original do questionário financeiro, que deveria pedir às empresas “estimativas sobre o custo do ciclo de vida completo da aeronave”, o que incluiria uma estimativa completa com aquisição, manutenção e orçamentos operacionais para quatro décadas. Porém, o governo buscará agora apenas “estimativas de custos da aeronave”, que não permitiriam uma comparação financeira completa entre os rivais. Esse questionário financeiro também não incluirá qualquer questão sobre os benefícios regionais da compra, o que será perguntado “mais tarde no processo”

FONTE: The Globe and Mail (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

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