Parlamentar ‘verde’ suíço quer interceptador que não seja supersônico?

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Político suíço Luc Recordon dá a entender, em entrevista, que não é preciso de caças de alto desempenho para interceptar aeronaves comerciais, que não ultrapassam Mach 1

Após a aprovação do Conselho dos Estados da Suíça à aquisição de 22 caças suecos Gripen, porém sem aprovar um aumento orçamentário que viabilizaria sua aquisição sem recorrer a um novo fundo, sujeito a referendo, a mídia suíça trouxe reportagens analisando a questão. Boa parte do conteúdo levanta incertezas sobre a compra sair, pois o resultado, apesar de favorável ao negócio, teria fortalecido os opositores à aquisição de novos caças.

Uma dessas reportagens, no caso do jornal 24 heures, traz entrevista com um senador dos “Verdes”, Luc Recordon. O parlamentar ecologista, que se opõe ao negócio (os verdes do país em geral se opõem à compra de qualquer caça) e faz parte do comitê de política de segurança, vê a aprovação como uma “vitória de Pirro” do presidente do Conselho Federal e chefe do Departamento de Defesa, Ueli Maurer. Ele vê também chances reais de um referendo desaprovar a compra de novos caças, sendo só questão de tempo, pois já estaria traçado o destino do Gripen (nas duas fotos abaixo, voando na versão D e no modelo de testes da versão F com caças F-18 suíços).

Quanto às decisões, Recordon acha que as coisas andaram muito rápido (nota do editor: a escolha do caça deu-se em novembro de 2011 e o programa de seleção já vinha desde muitos anos antes, o parlamentar deve estar se referindo ao processo dentro do parlamento), quer mais discussão sobre o tema, e também vê o debate sobre caças e questões militares como algum muito apaixonado, advogando um distanciamento crítico em relação ao assunto. E, nesse sentido, acha que outros parlamentares não admitem a possibilidade de se pensar em adquirir um avião menor para interceptação aérea, ou algo diferente do que a indústria local sozinha ou em parcerias possa fornecer.

Esse é o ponto da entrevista que chamou a atenção da editoria do Poder Aéreo. O jornal 24 heures perguntou ao parlamentar verde se ele achava que um caça era desnecessário, ao que ele respondeu:

“Eu acho que precisamos de uma segurança aérea que seja capaz de perseguir um Piper ou um Boeing em caso de ataque terrorista. Isso requer um interceptador relativamente veloz, mas não um caça a jato. A velocidade de aeronaves civis não é superior a Mach 1”

Ficam as pergunta aos leitores, para o debate: será que um interceptador com o desempenho mais modesto que um caça supersônico, como o parlamentar dá a entender, seria eficaz na interceptação de uma aeronave comercial? Como isso se daria no contexto da Suíça, que mantém patrulhas aéreas permanentemente em voo? Será que essa doutrina precisaria ser mudada ou teria que ser aprimorada ainda mais, com uma quantidade maior de patrulhas em voo, para garantir interceptações eficazes num país com extensão territorial diminuta e necessidade de reação rápida?

Para saber mais sobre a atual doutrina suíça de defesa aérea e policiamento aéreo, com no mínimo duas patrulhas em voo simultaneamente, clique no primeiro item da lista a seguir – o mesmo link trata da necessidade de substituir os atuais jatos F-5 (foto abaixo), que são supersônicos de desempenho mais modesto que os três modelos que concorreram no programa suíço. Consulte também os demais links para acompanhar os debates anteriores sobre a oposição à compra de novos caças entre os suíços.

Vale lembrar, também, que a Suíça já operou jatos subsônicos Hawk para missões de treinamento de pilotos, mas atualmente realiza de maneira direta a transição entre turboélices de instrução e jatos supersônicos (veja também matérias a esse respeito nos links abaixo).

FONTE / FOTO DO ALTO: 24 heures (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)

DEMAIS FOTOS: Força Aérea Suíça e Grimmi

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