Kfir C10: o tampão que não veio (parte II)

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Ontem publicanos um post com o tílulo “Kfir C10: o tampão que não veio“. O texto mostra as vantagens que o Brasil teria com a aquisição de  caças israelenses IAI Kfir usados. Hoje replicamos um artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 21 de agosto de 2011 sobre o mesmo assunto, porém mostrando uma visão diferente dos fatos.

FAB acena com plano B, mas saída é polêmica

DA AGÊNCIA FOLHA

O “apagão” no sistema de defesa aéreo brasileiro é um risco, mas a FAB já tem um plano B pronto para evitar isso. E o plano encerra uma série de polêmicas.

Por conta dos atrasos do processo, e se nada mais ocorrer, os novos caças da FAB chegam a Anápolis em 2007. Só que o brigadeiro Carlos Almeida Baptista dá dezembro de 2005 como o limite para os atuais Mirage.

A solução que ele oferece ao Conselho de Defesa Nacional é o leasing de 12 caças Kfir C10 que estão estocados no deserto em Israel. São basicamente Mirage modificados que deixaram de ser operados nos anos 90.

Economicamente, diz Baptista, é bom negócio. O preço da IAI (Israeli Aircraft Industries) é de cerca de US$ 95 milhões, a serem pagos em cinco anos.

“Não vou gastar nada em adaptação com equipamento. Além disso, por exemplo, não teria como reabastecer em vôo um F-16. Os sistemas são diferentes do que temos. Se o F-16 fosse escolhido no F-X [programa de substituição dos Mirage], poderia até ser”, disse, cometendo um ato falho sobre as chances do concorrente.

Se fizesse o leasing agora oferecido pelos russos, pela Lockheed (F-16) e pela Dassault (Mirage), Baptista calcularia US$ 300 milhões. “Com o Kfir e a comunicabilidade de itens de suprimento”, argumenta, “há economia”.

De todo modo, o custo unitário dos Kfir é alto, já que serão em tese descartados após dois anos: quase US$ 8 milhões por avião.

Para comparar, na única compra recente de Kfir, o governo do Sri Lanka pagou US$ 2 milhões por unidade, num negócio cheio de acusações de irregularidades.

Por fim, uma discussão técnica. Ao reequipar sua frota de F-5, a FAB aceitou como padrão o radar Grifo F, da italiana Alenia, em detrimento ao israelense Elta-2032 -o usado pelo Kfir. “Não há problemas, será apenas uma experiência de uso de equipamentos diferentes”, defendeu Baptista.

Para Israel, é bom negócio. É difícil lucrar com material bélico velho. Em 1998, Tel Aviv auferiu cerca de US$ 200 milhões vendendo aviões descartados. Só um caça F-15 novo, como o usado pelo país, custa US$ 85 milhões.

O principal lobista da idéia Kfir na Aeronáutica é o brigadeiro reformado Lauro Ney Menezes, presidente da Associação Brasileira de Aviação de Caça e representante da IAI no Brasil.

Ele foi comandante de Baptista na década de 70, na Base de Santa Cruz (RJ), e é tido como muito influente junto ao atual chefe da FAB. Ele não foi localizado para comentar o caso. (IGOR GIELOW)

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