Atech inicia nova fase sob a gestão da Embraer
As mudanças foram colocadas em prática em 1º de janeiro e devem incluir uma alteração no capital da Atech, com a Embraer assumindo o controle. Sobre a aquisição do controle da empresa, a Embraer não quis se pronunciar.
Takashi permanece no conselho da Atech, que presidiu desde o início, em 2009, quando houve a separação da Fundação Atech. Criada em 1997 para garantir ao Brasil o domínio da tecnologia do Projeto de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam), a fundação também iniciou nova fase, com a mudança do nome para Ezute e da presidência, que voltou ao engenheiro Takashi.
Formado pelo Instituto Tecnológico de aeronáutica (ITA), o engenheiro eletrônico Jorge Ramos assumiu o desafio de comandar uma empresa estratégica para os negócios da Embraer na área de defesa. Segundo o executivo, a Atech já começa o ano com a expectativa de alta da ordem de 40% a 60% no faturamento, que em 2012 foi de R$ 50 milhões e R$ 60 milhões.
As Forças Armadas brasileiras respondem pela maior parte dessa receita e os projetos previstos para este ano vão permitir à empresa aumentar o número de funcionários dos atuais 250 para 300. “A parceria com a Embraer fortalece a ação empresarial da Atech e facilita sua expansão, ao permitir que a empresa participe de contratos bem mais abrangentes com as Forças Armadas”, disse Ramos.
O exemplo mais recente disso, segundo o executivo, é a modernização de cinco aeronaves de vigilância e alerta aéreo antecipado E-99, para a Força Aérea Brasileira (FAB). A Embraer foi contratada para o projeto e a Atech fará a atualização de parte do sistema de comando e controle.
A Atech também participa do consórcio integrado pela europeia Cassidian, braço de defesa da EADS, selecionado para fornecer o sistema tático de missão naval de oito helicópteros EC-725, comprados pela Marinha brasileira e fabricados pela Helibras. Somente a parte da Atech neste contrato está estimada em R$ 30 milhões.
Os contratos em carteira, segundo Ramos, também evoluíram, para R$ 300 milhões em 2012. O executivo destaca o início do desenvolvimento do sistema de comando e controle do reator nuclear da Marinha, que será utilizado no futuro submarino nuclear. O contrato com a Marinha, assinado no final do ano passado, está avaliado em R$ 231 milhões. A Atech também está entre as 10 empresas do mundo que dominam a tecnologia do controle de tráfego aéreo. Isso permitiu que o Brasil obtivesse autonomia no gerenciamento do seu espaço aéreo.
Em 2013, segundo Ramos, a Atech dará continuidade à implantação do Sagitário, uma versão mais moderna do sistema de tráfego aéreo brasileiro. O Sagitário vem sendo utilizado nos Cindactas (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) de Brasília, Curitiba e Recife. “Este ano, entrará em operação também em Manaus (Cindacta IV) e nos Centros de Controle de Aproximação de São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Recife.
Ramos conta ainda que a Atech assinou, recentemente, um contrato com a aeronáutica para fazer a implantação do Sistema Integrado de Gestão de Movimentos Aéreos (Sigma). As funcionalidades do sistema, segundo Ramos, já foram testadas na Rio+20 e apresentaram excelentes resultados. “O Sigma faz a gestão da demanda e capacidade de tráfego aéreo, ideal para ser usado em eventos de grande fluxo aéreo, como as Copas do Mundo e das Confederações e as Olimpíadas”, informa o executivo.
Já a Fundação Ezute, além de projetos relacionados a tecnologias estratégicas, manteve em seu escopo iniciativas nas áreas de educação, social e meio ambiente. No segmento de defesa, a Ezute está fazendo o gerenciamento do projeto de nacionalização do Míssil Antinavio Nacional (Mansup), do qual também participam as empresas Avibras e Mectron.
A fundação continua responsável ainda pelo projeto de concepção do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que vai ampliar a capacidade de vigilância das águas juridicionais brasileiras e das regiões de busca e salvamento sob a responsabilidade do país. O contrato da Marinha com a fundação, para esse projeto, tem valor estimado de R$ 31 milhões.
“O objetivo da fundação é trabalhar no desenvolvimento de tecnologias que serão aplicadas em projetos estratégicos e que contribuam para a transformação e o desenvolvimento nacional”, explica o presidente da Ezute.
Takashi cita o exemplo o Sivam, quando a então Fundação Atech, de direito privado, foi contratada para desenvolver um projeto estratégico e fortemente tecnológico, que desse ao país condições para fazer o monitoramento da Amazônia de forma autônoma e independente de fornecedores estrangeiros.
A Ezute manterá a sua sede em São Paulo da mesma forma que a Atech S.A. Na estrutura da Fundação trabalham 150 funcionários.
FONTE: Valor Econômico, via Notimp (reportagem de Virginia Silveira)
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