Produção de helicópteros no Brasil: quarto anúncio em menos de um ano

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O anúncio da assinatura de um memorando de entendimentos entre a Embraer e o conglomerado europeu AgustaWestland, visando a criação de uma ‘joint-venture’ no Brasil e, possivelmente, a produção de helicópteros daquela empresa no país (ver matéria abaixo) representa o quarto movimento no mercado de produção de asas rotativas no Brasil em menos de um ano.

Outro conglomerado nacional na área de defesa, a Odebrecht Defesa e Tecnologia, também anunciou uma parceria com a empresa russa  Rostekhnologii em dezembro passado. Mas também empresas de pequeno porte do setor de asas rotativas mostraram interesse em se estabelecer no país.

No final de junho do ano passado o governo do estado de Mato Grosso de Sul autorizou a concessão de benefícios fiscais para a instalação de uma indústria de montagem de helicópteros a ser instalada na capital Campo Grande. Três meses depois foi anunciada a intenção de uma empresa europeia de instalar uma linha de produção de helicópteros leves em Santa Catarina.

O empreendimento sul-mato-grossense seria uma parceria da empresa Defense com a RKF Tecnologia e a norte-americana Enstrom Helicopter Corporation. O objetivo seria atender a demanda do mercado brasileiro por helicópteros de pequeno porte, de três e cinco lugares.

No final do ano passado a empresa chinesa Chongqing Helicopter Investment CO. Ltd (CQHIC), localizada em Chongqing, adquiriu Enstrom Helicopter Corporation. O objetivo da CQHIC é expandir a venda de produtos na China e no resto do mundo.

Os produtos mais conhecidos da Enstrom são os helicópteros a pistão para três ocupantes F28F e 280FX. Alguns deles inclusive voam atualmente no Brasil. Mas a empresa possui modelos maiores que atendem tanto ao mercado civil como militar, como o monoturbina 480B (foto acima). É exatamente este modelo que seria produzido em Campo Grande.

De acordo com o anunciado, a empresa já contaria com a encomenda de dez unidades para o ano de 2013, mas seria capaz de produzir 50 helicópteros por ano. Inicialmente 70% dos componentes seriam importados, mas com a intneção de elevar o conteúdo de fornecedores locais com o tempo.

No Sul, seria instalada uma fábrica de helicópteros de pequeno porte também, mas de origem européia. As aeronaves são projetadas pela empresa suíça Avio, cuja produção das aeronaves ocorre em Milão, na Itália. O principal produto da Avio é o Twinpower SK-1, um helicóptero bimotor (dois motores a pistão) com peso máximo de decolagem de 600 kg (ver foto abaixo). Este seria a aeronave a ser produzida no Brasl. Mas a empresa ainda conta com outros dois modelos: o DF A-344 e o A-333 Dragonfly. Todas estas aeronaves são para dois ocupantes.

Mas esta não é a primeira vez que a Avio tenta se estabelecer no Brasil. Em 2003 estava quase tudo certo para o início das obras da fábrica da Avio no complexo portuário de Pecém (Ceará), distante poucos quilômetros de Fortaleza. A fábrica também produziria o SK-1 e geraria 710 empregos diretos. No entanto a iniciativa não deu certo.

Deve-se ainda destacar que a empresa estatal russa Rostekhnologii (Tecnologias da Rússia) e a empresa brasileira Odebrecht Defesa e Tecnologia assinaram um memorando de cooperação em dezembro passado. O documento prevê a criação de uma joint venture que, em particular, montará helicópteros multiuso Mi-171 (versão de exportação do Mi-8AMT) no Brasil.

Tanto a iniciativa da Enstrom como da Avio são para helicópteros de pequeno porte. Os produtos da Avio são menores ainda do que aqueles que a Enstrom pretende produzir no Brasil e eventualmente não disputariam o mesmo mercado.

Estes produtos também não concorrem com aqueles oferecidos pela Helibras, mas a proposta da Embraer/ AgustaWestland, juntamente com a da Rostekhnologii/Odebrecht formariam rivais à altura da empresa instalada em Itajubá. Basta saber se haverá mercado para elas. Independentemente disso, a disputa pelo mercado nacional será mais acirrada.

FOTOS: Enstrom e Avio

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