David Cameron, vendedor de Typhoon
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Primeiro-Ministro britânico David Cameron promove o caça a jato Typhoon em visita a países do Oriente Médio
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Ainda que não se consiga tantas vendas, qualquer novo contrato seria uma ajuda significativa para a BAE Systems, principal grupo de defesa britânico, que no mês passado viu naufragar sua tentativa de fusão com a EADS europeia, após o Governo Alemão bloquear a iniciativa.
Emirados Árabes Unidos
Segundo o jornal, é pouco usual que um Primeiro Ministro mostre de forma tão clara a necessidade de se ganhar contratos de defesa. Sua intervenção sugere que a BAE e o Governo acreditam ter boas chances de persuadir os Emirados Árabes Unidos a comprar 60 caças Typhoon, ainda que estejam engajados em intermináveis negociações para comprar os caças Rafale da francesa Dassault.
Após perderem para a Dassault o acordo de venda de 126 caças à Índia, no início do ano, esta seria uma grande jogada para a BAE e seus parceiros no consórcio Eurofighter, como a EADS e a Finmeccanica. A incapacidade de conquistar o contrato indiano foi uma das principais motivações por trás da tentativa de fusão da BAE com a EADS. Cameron deverá usar todas as suas habilicades de persuasão para convencer os Emirados a trocar sua atual frota de caças Mirage por Typhoons.
Os britânicos também querem apertar mais seus laços com países do Golfo, em meio a preocupações sobre as supostas tentativas do Irã em desenvolver armas nucleares. Fontes disseram esperar que a venda do Typhoon seja parte de um “esforço articulado para estabelecer uma parceria estratégica de defesa de longo prazo com os Emirados”. Cameron deverá conversar com o Príncipe da Coroa de Abu Dhabi e com o Primeiro-Ministro dos Emirados sobre as melhores maneiras de aprofundar as relações militares dos dois países.
Omã e Arábia Saudita
Espera-se que um contrato com Omã, que atualmente está em conversações com a BAE para 12 caças Typhoon, seja assinado perto do final do ano. Os sauditas também estariam planejando uma encomenda “substancial” de mais jatos, além dos 72 que já adquiriram.
Se a promoção dessas vendas vingar, estima-se que os acordos rendam mais de 6 bilhões de libras para empresas britânicas, com mais benefícios para companhias que formam a cadeia de fornecedores. Vale lembrar que parte significativa da produção dos caças é realizada na Grã-Bretanha.
O desafio de mostrar capacidade fora do eixo da OTAN
O Reino Unido pretende demostrar sua habilidade em desenvolver ligações fora dos tradicionais parceiros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Já os países do Golfo deverão cobrar o compromisso britânico com a região, levando em conta a retirada de tropas britânicas do Afeganistão.
Na semana passada, também foram veiculadas notícias sobre a base próxima a Dubai poder ser utilizada como uma estação permanente para caças Typhoon.
FONTE / FOTO (de Cameron): The Telegraph (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês – a tradução do título original foi aproveitada para o subtítulo)
DEMAIS FOTOS: Eurofighter
NOTA DO EDITOR: num momento em que o discurso por parte de representantes do Governo Francês é de não promover diretamente a venda de caças (como foi o caso no Governo Sarkozy nos Emirados, sem sucesso), aparentemente a postura britânica é exatamente oposta. Qual das duas atitudes vai vencer, no final?
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