‘Mesmo que tivesse mais dinheiro, eu ainda compraria o Gripen’

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Afirmação é do chefe do Departamento de Defesa da Suíça, Ueli Maurer, em coletiva de imprensa na qual a escolha do Gripen sueco foi um dos principais assuntos

Nos últimos dias, a mídia suíça deu destaque a declarações do chefe do Departamento de Defesa, Proteção Civil e Esportes do país, Ueli Maurer. Uma das afirmações virou manchete do jornal “Tribune de Genève” (e outros), e usamos para o título no alto desta matéria. A coletiva de imprensa foi dada no Centro Logístico do Exército em  Grolley e tratou, entre outros assuntos, dos próximos passos relacionados à pretendida aquisição do caça Gripen, da sueca Saab.

Segundo Maurer, “o Gripen é uma escolha pragmática. É um avião moderado, com bom preço e necessário para as Forças Armadas da Suíça. Nós não temos dinheiro para adquirir um avião mais caro. E isso também não é necessário, pois o Gripen cumpre os critérios. Mesmo que eu tivesse mais dinheiro, eu ainda compraria o Gripen, e utilizaria as verbas adicionais em outros projetos de modernização das Forças Armadas.”

Programa de armamentos, que inclui o Gripen, será discutido no Governo em 14 de novembro – no mês seguinte, Maurer vai responder a questionamentos de parlamentares sobre o caça

Tanto os jornais 24 heures e Tages Anzeiger quanto a TV Suíça (SFTV) deram destaque também para questionamentos de grupos parlamentares sobre a escolha do Gripen. Maurer pretende responder a essas questões, levantadas no final de setembro, em reunião a ser realizada em 10 de dezembro. A carta contém uma lista detalhada de questões sobre riscos técnicos e financiros, custos de operação, procedimento de aquisição e aspectos estratégicos.

Estão convidados para a reunião os líderes dos partidos FDP, CVP, BDP e GLP (siglas em alemão). São tidos como partidos de centro.

Antes disso, em 14 de novembro, o Conselho Federal vai tratar da lei sobre a aquisição do Gripen, dentro do Programa de Armamento. Simultaneamente, o Conselho vai discutir os fundos para a aquisição para que a questão siga para o Senado, que deverá tratar do assunto em sua seção de primavera (segundo trimestre) de 2013.

Oposicionistas da compra do Gripen e a mídia suíça vinham questionando, desde a semana anterior, a validade jurídica do ‘Acordo Quadro’ assinado com a Suécia – antes disso, até a língua do acordo era motivo de debate

Há pelo menos duas semanas, ganhou destaque na mídia do país os questionamentos de parlamentares sobre a língua em que estava escrito o “Acordo-Quadro” assinado com a Suécia. O acordo foi assinado em inglês, mas as línguas oficiais da Suíça são italiano, francês e alemão (ainda que seja óbvio, vale lembra que há ainda mais uma língua envolvida no processo, o sueco). A questão ganhou mais destaque em jornais de língua alemã, como o Basler Zeitung, mas também apareceu em outros meios.

A preocupação era sobre questionamentos jurídicos que poderiam ser feitos em relação a diversas palavras em inglês, conforme a tradução para cada língua local e para o sueco. Porém, após esse destaque inicial a questão praticamente desapareceu da mídia do país, dando lugar a outro questionamento: a própria validade jurídica internacional do acordo, devido aos responsáveis pela sua assinatura. Reportagens do Basler Zeitung e do Tages Anzeiger afirmaram que o acordo, que garante 22 caças Gripen a um preço fixo de 3,1 bilhões de francos suíços, não seria válido pois não foi assinado por pessoas com autorização para tanto.

O Departamento de Defesa deu respostas conflitantes ao longo da semana passada sobre a validade da assinatura do líder do programa na Armasuisse, Jürg Weber. Por fim, na recente coletiva de imprensa, Ueli Maurer afirmou que o “Acordo Quadro” com a Suíça é sim um acordo válido, pois se trata de um tipo de “pré-contrato”.

FONTES: Tribune de Genève, Tages Anzeiger, 24 heures, Basler Zeitung e SFTV (compilação, tradução e edição pelo Poder Aéreo a partir de originais em alemão e francês)

FOTOS: Departamento de Defesa da Suíça

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