Só Rafale poderia melhorar exportações de armamentos franceses em 2012

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Contratos de exportação de armas francesas em 2012 serão menores do que em 2011, a não ser no caso de uma surpresa como a assinatura, ainda neste ano, do contrato de venda do Rafale à Índia

Na última sexta-feira, 19 de outubro, o jornal francês La Tribune publicou artigo assinado por Michel Cabirol sobre a queda das vendas da indústria bélica francesa para o exterior, neste ano de 2012, quando comparada a 2011. Entre as razões, está o fato de que o contrato do Rafale para a Índia ainda não foi assinado, segundo Cabirol, além de razões políticas e de competitividade. O autor deixa claro que, se o contrato ainda for assinado neste ano, os números melhorarão bastante. Mas essa assinatura ainda em 2012 seria uma grande surpresa. Pelas perspectivas e a lógica, o caça francês “alcançará o Graal” em 2013.

O ano de 2012 deverá ser rapidamente esquecido no que se refere à venda de armamentos. Laurent Collet-Billon, da Direção Geral de Armamentos (DGA), confirma em parte: “Não atingiremos os números do ano passado”, disse ele à Comissão de Defesa da Assembleia Nacional.  Como as encomendas de 2011 somaram 6.5 bilhões de euros, os fabricantes estavam na virada para 2012 confiantes em fazer um bom ano de vendas. Só que poucos contratos superaram o valor de 200 milhões de euros em 2012, conforme afirmou um observador do mercado ao jornal. Mas houve pelo menos uma exceção.

Um contrato de mais de 950 milhões de euros no início do ano, e talvez outro de 1 bilhão no final

No início de 2012, a França assinou um contrato de 949 milhões de euros, referente à venda de 493 mísseis ar-ar de médio alcance MICA (nas duas versões,  infravermelho e radar ativo) da MBDA. Também houve a venda de 73 veículos blindados Aravis (1,2 milhões de euros por unidade) à Arábia Saudita, como um dos poucos contratos ao redor de 100 milhões de euros.

Destacaram-se também os diversos contratos assinados com a Renault Trucks Défense e que somam mais de 400 milhões de euros. Há uma boa possibilidade de que um contrato de 1 bilhão de euros seja assinado ainda neste ano com a Arábia Saudita. Trata-se do programa de modernização das fragatas Sawari I, dentro do programa LEX. Isso está aguardando a visita do presidente francês François Hollande a Ryad, e uma fonte do jornal disse que o rei Abdallah já deu sua aprovação ao negócio.

Cinco razões para o fracasso

A primeira razão para a França não conquistar seus objetivos de vendas de armas em 2012 é o Rafale, segundo Cabirol. O caça, cujo contrato a um cliente externo poderia mudar completamente os valores exportados em 2012, ainda não teve sua venda concretizada neste ano, contrariando esperanças dos industriais e do Governo. Vale lembrar, mais uma vez, que segundo o autor ainda pode haver uma surpresa em 2012, mas a assinatura que vai concretizar o sucesso de exportação do caça é esperada para 2013.

A segunda razão foi dita por Laurent Collet-Billon: “O mercado está encolhendo”. Collet-Billon completou com a terceira razão: “Os americanos, que estão se preparando com muito ativismo em resposta aos seus próprios cortes de defesa, estão presentes em todos os mercados, especialmente na Ásia.”

A quarta razão foi a eleição para a Presidência da República, que congelou negociações em andamento por quatro meses, já que os clientes esperaram pelo veredito das urnas francesas. Por fim, a quinta razão: foi sinalizado erradamente que o novo poder político não ia fazer o papel de agentes de vendas de armas (nota do editor: provável tradução adaptada ao português da frase “les mauvais signaux du nouveau pouvoir politique assurant ne pas vouloir jouer les VRP des ventes d’armes”, onde VRP provavelmente significa “Voyageur, Représentant, Placier”, ou  representante comercial).

Esses sinais, que talvez foram um mal-entendido, atrapalharam a compreenção de como seria a ação francesa nesse assunto.  Michel Cabirol finaliza afirmando que isso não ajudou a indústria, que luta para conseguir contratos de exportação necessários para manter seus modelos de negócio e preservar empregos na França.

FONTE: La Tribune (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)

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