População bovina da Suíça aprova Gripen

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Já a maior parte da população humana do país está se mostrando contrária à aquisição de qualquer caça, após meses de polêmica na imprensa local

Enquanto a população humana da Suíça discute acirradamente se é contra ou a favor da compra dos caças  Gripen (segundo pesquisa recente, a maioria respondeu ser contra a aquisição de qualquer caça), a população bovina parece não desaprovar a presença da aeronave de testes da nova geração do caça sueco, não se incomodando com as operações de acionamento de motor, táxi e voos. Aparentemente, está bem tranquila ao lado das instalações da Base Aérea de Emmen. Pelo menos é o que aparece nessas fotos da primeira surtida realizada pelo jato sueco na sexta-feira, 5 de outubro.

Sobre a pesquisa citada no parágrafo acima, ela foi divulgada no início do mês passado. Boa parte dos jornais do país destacou em suas manchetes que a maioria dos entrevistados (64%) era contra a compra do Gripen. Alguns, porém, também ressaltaram que nada menos do que 57% era contra a aquisição de qualquer avião de caça, o que acendeu a luz amarela para diversos líderes políticos (clique nos links acima para acessar algumas dessas reportagens originais, em francês e alemão).

Para parte desses líderes, toda a polêmica que se fomentou imediatamente antes e principalmente após o anúncio da seleção do caça sueco, no final do ano passado, causou um cansaço na opinião pública. Por isso, a maioria não quer mais saber de caça algum, o que é prejudicial para a defesa do país e até mesmo para os que têm interesses em concorrentes que foram derrotados.

Enquanto isso, grupos contrários à existência de forças armadas na Suíça comemoram. Definitivamente, caças não são “conversa pra boi dormir”, na Suíça.

Vale destacar que a rejeição ao Gripen em si está poucos pontos percentuais acima da rejeição a novos caças em geral, mostrando que as duas coisas passaram a se confundir, pelo que se percebe da opinião dos parlamentares ligados à Defesa. Com o perdão do abuso das frases feitas, pode-se dizer que nesse assunto o Gripen virou um “boi de piranha”. Só que não há garantias de que algum outro representante da boiada seja beneficiado com um eventual sacrifício do caça sueco. As mordidas provavelmente não pouparão ninguém.

Mas há o outro lado da moeda: a aquisição do caça sueco tem, entre todos os entrevistados, uma aprovação de aproximadamente 25%. E novos caças (quaisquer que sejam) são apontados como necessários por 42%.

Assim, conforme se veja “o copo meio vazio ou meio cheio”, pode-se também concluir que, entre os que aprovam a compra de um novo caça, mais da metade aprova também o Gripen, o que seria positivo para os suecos. Mas, se a maior parte da opinião pública continuar contrária a qualquer compra de caça, aí a vaca pode ir para o brejo (peço perdão mais uma vez…) para qualquer interessado em vender novos aviões de combate na Suíça, por vários anos.

E, mesmo nessa situação difícil para futuros caças suíços junto à opinião pública, ainda há parlamentar querendo complicar ainda mais as coisas. Um deles defende começar uma nova concorrência que inclua o ainda mais polêmico F-35, pensando também na substituição futura dos F-18 Hornet do país, e não só dos F-5. Mas o que fazer com a frota deste último, que não passou por modernizações significativas, opera há mais de três décadas e aguarda substituição?

É provável que mais um ciclo de reportagens contra ou a favor do caça sueco surja na mídia suíça ao longo da semana, com a exposição maior gerada pela presença da aeronave Gripen F de testes no país – o jato vai participar das apresentações aéreas de Axalp e de demonstrações a líderes parlamentares ligados à Defesa. É capaz que os ânimos voltem a se exaltar na população humana.

Porém, entre os bovinos vizinhos a Emmen, o vai e vem do Gripen não parece incomodar uma população mais acostumada, diariamente, a conviver com aeronaves.

Será que o segredo para aprovar novos caças é conviver mais de perto com eles?

FOTOS: Gripen Blog

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