Em editoral, Aviation Week defende a busca por uma alternativa ao F-35

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Em outubro de 2001, quando o Departamento de Defesa dos EUA concedeu à Lockheed Martin o contrato para desenvolver o Joint Strike Fighter, parecia que este era o negócio do século para a empresa e para seu cliente. Na maior aquisição de defesa da história, a Lockheed produziria três variantes de um projeto furtivo para substituir as envelhecidas frotas mistas de três forças dos EUA, economizando tempo e dinheiro.

Onze anos depois, o negócio ainda parece muito bom para a Lockheed, mas nem tanto para seus clientes, incluindo os oito parceiros internacionais. Lá em 2001 eles esperavam que até 2020 estariam operando uma grande frota de caças furtivos de “quinta geração”.

Em vez disso, o custo para desenvolver e produzir a aeronave cresceu para 330,5 bilhões dólares americanos, muito mais do que a estimativa original de 177,1 bilhões dólares (valores de 2012). Projeções de custos referentes à manutenção e apoio do F-35 têm aumentado muito além das estimativas de 2001, e sua entrada em serviço muito atrasada em relação ao cronograma original. Na verdade, 11 anos depois, o início da sua operacionalidade completa ainda é incerta.

Antes de seguir caminhando neste conturbado programa o Pentágono precisa olhar duramente para as conseqüências. Em termos de cronograma e acessibilidade, o programa JSF já é um fracasso. Em termos de capacidades e benefícios a longo prazo no sentido de se ter um caça comum, isso ainda está para ser provado. E mesmo que o F-35 cumpra tudo o que prometeu, o mundo mudou desde 2001.

Um dos problemas é a falta de concorrência. Contando também com o F-22, a Lockheed será a única fabricante de novos caças nos próximos 50 anos até que a “sexta geração” de aeronaves traga consequências significativas para a base industrial.

Frente a uma estimativa de custo mal definida, os inaceitáveis trilhões de dólares necessários para a manutenção da frota de F-35, o novo gerente do programa conjunto está considerando abandonar o sistema de apoio do contratante e abri-lo para a concorrência, incluindo os parques de manutenção mantidos pelo governo.

Isso pode funcionar no longo prazo, mas fará pouco para ajudar os combatentes a permanecer à frente de ameaças da década de 2020. Até 2021, as forças americanas estarão operando apenas uma fração dos mais de 2400 F-35 que pretende comprar. A maior parte das frotas dos EUA incluirá os mesmos F-15, F-16 e F/A-18 de 2001.

Uma parte dos atuais caças será atualizada com as últimas versões de radares, aviônicos e armas a um custo que não estava previsto quando o contrato F-35 foi firmado. Mas para a maior parte, cujas estruturas e motores datam dos anos 1980 e 1990, os custos de modernização seriam elevados em função da idade.

Um plano ousado para o próximo residente dos EUA (Barack Obama ou rival republicano Mitt Romney) seria a realização de uma concorrência para a aquisição de 300 novos caças. Isto agitaria as coisas, embora seja questionável a comparação dos custos estimados e das habilidades prometidas para o F-35 em comparação com os F-15, F-16 e F/A-18 com custos conhecidos e capacidades disponíveis. O impacto de uma eventual nova encomenda de caças também deveria ser considerada na redução de encomendas de F-35 e suas implicações na redução da escala e aumento do custo.

Mas a complexidade não é desculpa para a inação. O Pentágono já começou a agir e reconheceu que há um problema e há pressão pública crescente para resolvê-lo. O segundo passo, também em andamento, é a avaliação da gravidade do problema e a definição de projeções de custos operacionais realistas para que tanto os EUA como os seus parceiros decidam o que eles podem pagar.

Deve haver algum tipo de proteção (‘hedge’) contra problemas futuros. Os EUA deveriam continuar produzindo caças F/A-18 para a Marinha, atualizando caças F-16 para a Força Aérea e promovendo o F-15 e F-16 internacionalmente, tendo assim uma opção em aberto. Em seguida, o Departamento de Defesa deve avaliar como aviação tática pode evoluir ao longo da década de 2020 e manter a base industrial viva, permitindo uma melhor concorrência.

Os problemas do F-35 podem constituir uma oportunidade para ajustar os planos militares para as novas capacidades e realidades que surgiram desde 2001. Em vez de uma transição suave para uma força de caças de quinta geração que se imaginou, possuir turbulenta e mista frota ao longo da década de 2020 deveria ser um motivo para repensar. Alguns líderes militares já dizem que os EUA confiam muito na tecnologia furtiva, uma área que a China está avançando rapidamente. Não há nada que diga que os EUA devem esperar para além de 2030 para ter o próximo caça ou de introduzir concorrência para o F-35.

FONTE: Aviation Week

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo

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