Com pé no chão, Saab quer até treinar soldados no Brasil

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Fabricante sueca de caças planeja também atuar no monitoramento de portos e aeroportos

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No Brasil há dois anos, a sueca Saab estabeleceu várias frentes de batalha. A companhia, que está concorrendo para o fornecimento de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), está de olho também no monitoramento marítimo, aéreo e no treina-mento de tropas do exército.

Em sua primeira entrevista a um jornal brasileiro, Ake Albertsson, executivo que veio ao país comandar o escritório da empresa e angariar novos negócios, explica, ao BRASIL ECONÔMICO, que a Saab pode reforçar sua presença no território brasileiro inclusive com a compra de empresas nacionais. “Está na essência de nossa companhia essa postura de transferência de tecnologia. Hoje, temos condições e equipa-mentos para atuar tanto no ar, mar e terra”, disse o executivo.

Na “frente de batalha” marítima a Saab está em um processo de prospecção de clientes para fornecer sistemas de controle de tráfego de navios em porto brasileiros. Hoje, segundo Albertsson, a companhia já monitora terminais da China, como Hong Kong e Xangai, e na Romênia. Além de monitorar toda a costa da Índia.

“Com esse sistema o porto poderá otimizar o tráfego de navios em seu acesso. Em caso de mau tempo, aliás, se consegue orientar as embarcações e assim evitar incidentes. O dispositivo de controle é instalado em boias e as informações são re-passadas para um centro de controle”, explicou o executivo. Segundo ele, a Saab já contactou os principais players em administração portuária do país.

“Hoje no Brasil, não há controle de tráfego de navios desse porte e aguardamos a nova Lei dos Portos para iniciarmos a comercialização dessa tecnologia”, afirmou Albertsson ressaltando que a Saab está à “caça” também de empresas parceiras para dar suporte necessário para a instalação do sistema em águas brasileiras. “Já identificamos as companhias que podem nos ajudar nessa empreitada.”

Assim que a regulamentação sair temos condições de fornecer o serviço, afirmou o executivo. Essa parceria poderia ser estruturada em forma de transferência de tecnologia ou a compra de participação acionária. “O monitoramento marítimo é o mesmo princípio do controle de tráfego aéreo. E o Brasil tem grande potencial para receber essa tecnologia em função da ampliação dos aeroportos e da privatização dos terminais.”

No caso de treinamento de soldados, a Saab é fornecedora de um software para simulação de situações de batalhas, com forte atuação no Reino Unido e nos Estados Unidos. No entanto, a grande frente da Saab no Brasil e o que motivou a vinda de um escritório para o país é a licitação dos caças brasileiros. A sueca concorre com a americana Boeing e a francesa Dassault.

Nessa briga, a Saab tem a seu favor a garantia de que o Brasil estará no desenvolvimento do novo avião Gripen. Isso porque em maio deste ano adquiriu 15% da Akaer, que vai fornecer a 80% da fuselagem do avião. “É o nosso maior negócio e se sairmos vencedores conseguiremos aumentar a escala de produção do caça. Isso porque, o avião que será fornecido para a FAB é o mesmo que será entregue aos governos sueco e suíço.”

Juntando as encomendas da Suécia, Suíça e o programa brasileiro, a Saab terá que produzir 118 aeronaves, sendo 36 para o Brasil, 60 para a Suécia e 22 para a Suíça. “Caso sejamos escolhidos para o fornecimento dos caças, no Brasil se concentrará todos os negócios da Saab na América Latina. Será o hub na região.”

Boeing e Dassault também disputam contrato no país

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Força Aérea Brasileira pretende comprar 36 aviões militares, com gastos de US$ 3 bilhões

Arrasta-se por quase dez anos a novela da modernização da Força Aérea Brasileira, o famigerado Projeto FX. Além da sueca Saab, que oferece o avião de combate Gripen, estão na briga pelo fornecimento ao Brasil a americana Boeing, com o F18 Super Hornet, e a francesa Dassault, como Rafale. O Brasil pretende comprar 36 unidades, fazendo com que o projeto FX chegasse a um orçamento de quase US$ 3 bilhões.

A decisão sobre a compra era esperada para o primeiro semestre, pode não sair até o fim deste ano. A escolha da aeronave que reforçará a defesa brasileira envolve, além de preços, o pacote de transferência tecnológica oferecido pelos fabricantes. E há um pesado lobby para atrair a simpatia local.

O mais recente passo foi dado pela Boeing, que anunciou meses atrás uma parceria com a brasileira Embraer para dar suporte comercial e técnico ao cargueiro brasileiro KC-390. A empresa também foi convidada de honra do aniversário de 60 anos da Esquadrilha da Fumaça. Dois exemplares do famoso F-18 da Boeing fizeram demonstrações sobre seu poder de ataque.

O F-18 divide a preferência dos militares brasileiros com o caça Rafale, da Dassault. Para conquistar o contrato, prometeu a produção de parte do conteúdo do caça aqui no Brasil. Enquanto o F-18, modelo mais avançado de caça da Boeing, é adotado às centenas pelas Forças militares de oito países*, o francês Rafale faz pouco sucesso fora de seu quintal.

FONTE: Brasil Econômico (reportagem de Ana Paula Machado), via Notimp

*NOTA DO EDITOR: parece haver uma confusão entre Hornet e Super Hornet, pois só este último pode ser considerado, como diz a reportagem, ” modelo mais avançado de caça da Boeing”. Na conta que fala de “adotado às centenas”, a reportagem só pode estar somando as versões anteriores do F-18 (A/B e C/D), os chamados “legacy Hornets”, que alcançaram considerável sucesso de exportação. Porém deve-se ressaltar que o Super Hornet (versões E/F) tem grandes diferenças em relação ao Hornet original, sendo considerado, por muitos, um avião completamente novo. E, até o momento, foi exportado somente para a Austrália (24 aeronaves), embora só as encomendas dos EUA somem tantos Super Hornets quanto a produção total, até o momento, das várias versões de Gripen e Rafale. Para mais detalhes, vale a pena consultar as matérias do alto da lista a seguir.

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