Subcomitê suíço considerou correto o processo que selecionou o Gripen
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Votos dos integrantes do subcomitê foram favoráveis à continuidade do processo, apesar do relatório fazer críticas a riscos – críticas do relatório não trazem novidades, segundo ministro da Defesa da Suíça
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Segundo notícias veiculadas no jornal suíço 24 heures (em francês) e na TV Suíça (SFTV, em alemão), o Subcomitê de Política de Segurança do Conselho Nacional Suíço considerou que o processo de avaliação do Gripen foi correto. Porém, relatório ressaltou riscos da escolha e requer melhoramentos “no nível político”.
A escolha do sueco Saab Gripen por parte do Conselho Federal foi considerada como a de mais alto risco, porém ressaltou-se que o preço foi o critério básico. O relatório trouxe críticas à compra de novos caças, mas sem colocar em questão essa aquisição. O Subcomitê também decidiu que o processo não deve ser interrompido, como queria a esquerda. Por 16 votos a 9, foi decidido pelos seus integrantes que não seria solicitada a suspensão do processo, pelo Conselho Federal, para esclarecer questões em aberto.
Conforme informações da SFTV, o parlamentar e piloto Thomas Hurter, líder do Subcomitê, afirmou para a imprensa em Berna que há questões a resolver, mas que para a maioria dos integrantes essas críticas não são suficientemente importantes para que se suspenda o processo.
Em entrevista ao jornal suíço Basler Zeitung, Hurter afirmou que os principais riscos levantados pelo relatório podem ser resumidos numa só questão: “Estaremos realmente recebendo pelo preço acordado, o número de caças combinado com o equipamento certo, e no prazo correto?” Outros riscos, segundo o parlamentar, seriam se mais tarde os suíços fossem chamados para ajudar, financeiramente, em certos desenvolvimentos técnicos.
Questionado se seria interessante que, dados os riscos, a Suíça fizesse “hedge” do contrato (tipo de seguro contra riscos embutido no preço), Hurter disse ao Basler Zeitung que, no atual estágio, ele não poderia comentar se isso seria possível. Riscos residuais sempre persistiriam, pois certos riscos não podem ser estimados antecipadamente. Assim, uma proteção total não seria possível.
Porém, o parlamentar afirmou que há uma garantia de preço por parte da empresa fabricante do caça, a Saab, mas que seria melhor que a própria Suécia participasse dessa garantia. Mas isso poderia ser difícil. Como o preço foi o critério-chave, então ele precisa ser garantido para o Gripen, que foi a oferta mais barata de todas, e a Suíça precisa sinalizar claramente que não vai aceitar qualquer aumento no preço.
Porém, o relatório traz críticas: “A escolha feita pelo Conselho Federal é a de mais altos riscos – técnicos, comerciais, políticos, financeiros ou em relação ao cumprimento do cronograma”, conforme destacou o jornal 24 heures. E, na entrevista para o Basler Zeitung, Hurter deixou claro que, embora o processo de avaliação tenha sido considerado correto, a principal crítica que ele levanta em relação à seleção feita é que, ao mesmo tempo, é a mais barata mas a de maior risco.
Já o chefe do Departamento de Defesa, Proteção da População e Esportes (equivalente a ministro da Defesa) Ueli Maurer, afirmou não haver risco financeiro na compra dos caças. O subcomitê mostrou preocupação sobre os novos caças poderem ser mais caros que o esperado, porém Maurer disse que esse receio não tem justificativa, e que os 22 jatos Gripen custarão exatamente 3,126 milhões de francos suíços. “Nós temos as garantias definitivas”, disse Maurer, rejeitando as críticas.
Falando em preço, a SFTV destacou que esse foi o fator decisivo, segundo o relatório: “Devido à disponibilidade orçamentária e a quantidade mínima de aeronaves selecionadas, apenas a aeronave mais barata poderia ser levada em consideração.” A aquisição de menos do que 22 caças não poderia ser considerada para a discussão.
Maurer afirmou que as respostas às questões levantadas serão dadas no pronunciamento sobre o Programa de Armamento de 2012, esperado para meados de outubro.
Segundo a SFTV, as críticas levantadas pelo subcomitê já eram conhecidas anteriormente e estão sendo resolvidas: “Estamos em negociação”, afirmou Maurer. Foi reiterado também que o Gripen é “a única solução possível”. Segundo o 24 heures, quando perguntado se o Gripen ainda tem apoiadores no Parlamento, Maurer disse não ter dúvidas: “Todos os que sabem fazer contas.”
Sobre o apoio ou não à compra de caças, lembrando que a esquerda da Suíça vinha levantando objeções a qualquer compra (assim como o grupo para uma Suíça sem Forças Armadas), Hurter foi perguntado pelo Basler Zeitung se o debate no subcomitê foi uma briga clássica de “direita contra a esquerda”, já que o subcomitê rejeitou uma moção para que o negócio fosse suspenso até que os riscos fossem totalmente esclarecidos. Ele respondeu que não foi uma briga “direita – esquerda”, e sim uma discussão bastante aberta, em que todos tiveram suas opiniões expressas de forma explícita. Apesar das críticas levantadas no relatório, foi decidido prosseguir na renovação da aviação de caça.
FONTES: 24 heures , Basler Zeitung e SFTV (compilação, tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)
IMAGENS: Saab
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