Futuro do Gripen: versão remotamente pilotada também está entre as opções

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Seis alternativas para o futuro caça sueco já haviam sido divulgadas meses atrás – a versão sem piloto do Gripen faria parte de uma sétima, revelada só agora por jornal sueco de tecnologia

Segundo reportagem publicada em 15 de agosto pelo jornal sueco Ny Teknik, especializado em tecnologia, o Gripen do futuro poderá ser uma aeronave remotamente pilotada. Em conjunto com planos para modernizar os caças do sistema de defesa sueco, há um estudo sobre a possibilidade de desenvolver uma versão não pilotada do “Super Jas”, como vem sendo chamado o Gripen de nova geração (NG, ou E/F).

O comandante supremo das Forças Armadas da Suécia, Sverker Göranson, vem avaliando várias opções para o futuro da Força Aérea da Suécia, e uma recomendação foi submetida ao Governo Sueco em 29 de fevereiro. Logo depois, em 1º de março, uma coletiva de imprensa dos comandantes militares falou de seis futuras opções para os novos caças suecos, envolvendo desde diversos tipos de modernização até a compra de um avião estrangeiro.

Mas, além das seis reveladas na ocasião, haveria uma sétima: um grupo de trabalho das Forças Armadas Suecas também estudou uma opção chamada “C3” (terceira alternativa do grupo de opções “C” – veja relação abaixo). O jornal Ny Teknik revelou que a C3 consiste no JAS 39 Gripen “Super Jas” em versões tripuladas ou não tripuladas (remotamente pilotadas). Essa opção C3 foi descrita nos documentos classificados do comandante supremo, relativos ao orçamento de defesa do “Super Jas”. Foi revelada agora pelo Ny Teknik após o Governo Sueco relaxar a confidencialidade de certas partes.

Conforme os documentos, o objetivo era descrever brevemente o desenvolvimento de sistemas aéreos não tripulados, pensando no cenário pós-2030, e a capacidade de combiná-los com plataformas pilotadas. Os aviões remotamente pilotados, assim como os atuais JAS 39 Gripen, seriam capazes de mudar de missões de caça para ataque e reconhecimento. Essa opção C3 envolvia avaliação completa e análises econômicas.

Dennis Gyllensporre, da organização de desenvolvimento das Forças Armadas, não quis comentar sobre a opção C3, mas disse que está havendo uma grande análise sobre o futuro do JAS 39 Gripen. A Administração para Material de Defesa (FMV), o Instituto para Pesquisa em Defesa e o fabricante do Gripen, a Saab, também participaram do estudo, segundo o jornal sueco. Mas a Saab também não quis comentar no momento sobre esse assunto. Meses atrás, a empresa revelou para o Ny Teknik que trabalha em projetos de grandes aviões remotamente pilotados. Mas, de acordo com a assessora de imprensa Karin Walka, trata-se de uma aeronave diferente do Gripen.

Segundo o Ny Teknik, são estas as sete opções estudadas para o futuro dos caças da Força Aérea Sueca:

  • 1 – Essa é a alternativa A: manter a atual frota de Gripen C/D em condições de voo, mas sem nenhum novo desenvolvimento de tecnologia. Essa opção é a mais barata e serve como base para se avaliar o quanto custa ter um caça sueco.
  • 2 – Essa é a opção B, a segunda mais barata: manter a célula e o motor (Volvo RM12) da versão atual , mas com desenvolvimento de novas tecnologias para serem instaladas no caça. Primeiras entregas seriam iniciadas em 2027 e as últimas entre 2029 e 2031.
  • 3 – A opção 3 é a chamada C1, baseada no demonstrador do Gripen NG, com novo motor e radar, que a Saab revelou há alguns anos e que vem sendo mostrada para o mercado de exportação. Essa opção tem custo similar à anterior (B) e inclui uma fuselagem maior, motor mais potente e uso de tecnologia existente. A primeira entrega seria em 2023 e a última em 2027.
  • 4 – Essa é a opção C2, similar à C1 porém com incorporação de novas tecnologias. Essa opção atrasaria as entregas para 2027 (ou seja, para o mesmo prazo de incorporação de novas tecnologias à opção A, que manteria a célula e motor atuais). Essa opção seria mais cara do que as anteriores, segundo os militares.
  • 5 – Importar um caça. Isso significaria uma mudança no sistema de aeronaves (manutenção, logística, treinamento etc), o que significaria menos aeronaves ao mesmo custo que as opções suecas. A primeira entrega seria em 2025 e a última em 2030.
  • 6 – Trata-se da opção “CX”, apresentada pela Saab por último, e que as Forças Armadas e a FMV não tiveram tempo para avaliar completamente. É similar às opções C1 e C2, mas com prazos mais rápidos para a intrudução gradual de novas tecnologias.
  • 7 – Essa é a opção C3, que consiste numa combinação de aeronaves modernizadas tripuladas e não tripuladas.

O que as Forças Armadas Suecas acabaram defendendo, meses atrás, foi uma combinação das opções C1 e CX, com motor mais potente do que hoje, maiores tanques de combustível e maior capacidade de carregar armas. A opção escolhida pelo comandante supremo, segundo Dennis Gyllensporre, é uma “síntese” de várias opções.

A reportagem repercutiu num dos mais vendidos jornais suecos, o Dagens Nyheter, que além de trazer um resumo da reportagem do Ny Teknik, acrescentou a opinião do analista de política de segurança, Fredrik Lindvall, publicada no site da Rádio Sueca, que também repercutiu a notícia do jornal de tecnologia.

Lindvall acha difícil integrar as missões de caça, ataque e reconhecimento (em sueco, combinadas na sigla JAS) numa só plataforma remotamente tripulada, o que traria incertezas sobre essa possibilidade ser desenvolvida com sucesso. Esse foco numa plataforma de armas que ninguém possui poderia ser algo muito caro para um pequeno país levar a cabo, segundo o analista.

FONTES: Ny Teknik,  Dagens Nyheter  e Rádio Sueca (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

IMAGENS: Saab

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