Compras de Defesa externas X internas: nem só de F-X2 vive a FAB
Enquanto isso, ontem, foi detalhado pelo Ministério da Defesa quais equipamentos serão adquiridos, no recém-anunciado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Equipamentos. R$ 1,527 bilhão será destinado a equipamentos militares desenvolvidos a partir de projetos nacionais fabricados no Brasil: 4.170 caminhões, 40 carros de combate Guarani e 30 veículos lançadores de mísseis Astros 2020 (clique aqui para acessar matéria no site das Forças Terrestres)
Matéria de hoje da Folha de São Paulo leva à conclusão de que a decisão do F-X2 foi novamente adiada, subentendida na decisão apurada pelo jornal de se solicitar às empresas concorrentes que renovem a validade de suas propostas para até o final deste ano. Nos comentários, diversos leitores demonstraram a opinião de que esse adiamento estaria incoerente com a decisão de se gastar mais de um bilhão e meio de reais em equipamentos militares, para aquecer a economia nacional. Mas há o detalhe ressaltado em negrito no parágrafo anterior: estão sendo privilegiados projetos nacionais fabricados no Brasil, categoria na qual os caças do F-X2 certamente não se aplicam, ao menos em suas primeiras entregas, que dependerão de fornecimento diretamente do fabricante (e todos os concorrentes são, logicamente, estrangeiros). Ainda que os equipamentos citados dessa encomenda de blindados, caminhões e lançadores de foguetes certamente tenham componentes importados, a questão política de se mostrar ao público encomendas que privilegiem projetos e fabricação nacional se impõe – de forma lógica e justificável, pode-se dizer, já que o objetivo louvável é aquecer a economia e a geração de empregos aqui.
Mas fica a pergunta: as encomendas vão ficar só nisso, caminhões, blindados e lançadores? Apenas equipamentos para o Exército Brasileiro? Sem prejuízo dessas encomendas bastante justificadas para o Exército, será que não há equipamentos que possam se enquadrar na categoria “projetos nacionais fabricados no Brasil” que sejam bastante necessários para a Força Aérea Brasileira ou para a Marinha do Brasil? Não seria coerente que as demais forças também tivessem encomendas de valor similar (1,5 bilhão de reais) em equipamentos nacionais, para também gerar empregos e aquecimento da economia? Lembrando que essas verbas não são novas: são descontingenciamentos. Não seria o caso de se descontingenciar verbas também para iniciativas de outras forças?
Repetindo parte de texto escrito no blog das Forças Terrestres: é certo que dessa iniciativa ficariam de fora gastos / investimentos em equipamentos fabricados no exterior, dos quais os de maior visibilidade são navios de escolta ou de apoio para a Marinha e caças para a Força Aérea, para os quais ainda se está em fase de disputa entre fornecedores internacionais, e não nacionais – e há notícias de que esses gastos de equipamentos de origem externa não seriam compatíveis com a crise internacional, como a recente reportagem da Folha de São Paulo dá a entender. Mas a corveta Barroso, por exemplo, não é um projeto nacional? Um novo navio da classe não movimentaria encomendas em fornecedores nacionais e o emprego de mão-de-obra nacional num Arsenal que está praticamente sem novas construções desde que a Barroso foi completada? Ou mais Lanchas de Ação Rápida para emprego na Amazônia ou no Pantanal, entre outras embarcações? Alguns modelos de bombas e mísseis para a FAB não são projetos nacionais? Suprimentos e peças de reposição nacionalizadas, que podem estar faltando nas prateleiras, não poderiam estar nesse “pacote”, sem prejuízo das encomendas para o Exército, como outros equipamentos desse PAC Equipamentos?
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