Sierra Nevada submete resposta ao RFP da USAF para o programa LAS

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Anúncio foi feito na terça-feira, 19 de junho, e refere-se à oferta do Super Tucano, em parceria com a Embraer, na retomada do programa ‘Light Air Support’ da Força Aérea dos EUA – dias antes, a empresa entrou com ação contra o cancelamento do contrato do final do ano passado

Na última terça-feira, 19 de junho, a Sierra Nevada Corporation anunciou que submeteu os componentes finais de sua resposta ao pedido de proposta (RFP) da Força Aérea dos EUA (USAF) para o programa “apoio aéreo leve” (Light Air Support – LAS). A empresa é parceira da brasileira Embraer no oferecimento da aeronave contrainsurgência A-29 Super Tucano para atender aos requerimentos de missão do programa LAS.

Vale lembrar que ambas as empresas formaram a parceria que, anteriormente, venceu a competição apenas para ver o contrato ser posto de lado após uma ação judicial impetrada pelo competidor que foi desqualificado, a Hawker Beechcraft, que oferece o AT-6B. Segundo a empresa, o A-29 Super Tucano é o único avião na disputa que já está em uso em forças militares ao redor do mundo, realizando operações de contrainsurgência e inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR). Desse modo, a empresa participa do novo processo de seleção do LAS ao mesmo tempo em que leva em frente uma ação judicial para restabelecer o contrato que venceu em dezembro do ano passado.

Taco Gilbert, vice-presidente da área de desenvolvimento de negócios ISR da Sierra Nevada, afirmou: “De qualquer forma, nossa meta é colocar as capacidades LAS nas mãos dos que precisam delas, da maneira mais rápida, justa e transparente. Nós temos o avião LAS mais capaz e nossa solução global atende às necessidades de nossos combatentes e aliados em ação no Afeganistão hoje, além de prover valor significativo para o contribuinte norte-americano. A necessidade de ter as capacidades LAS no Afeganistão não mudou, está apenas se tornando mais urgente. Enquanto aproximadamente um ano e meio se passou desde que o RFP original foi emitido, o A-29 se manteve como o único avião na disputa que é comprovado em combate e capaz de atender, hoje, às necessidades dos comandantes no teatro de operações.”

Ainda segundo a empresa, o A-29 Super Tucano, que foi criado especificamente para as missões de contrainsurgência e apoio aéreo leve, já está em uso em seis forças armadas de três continentes (e encomendado por mais três), sendo uma plataforma robusta, com um trem de pouso de maior largura e altura que permite maior estabilidade em pistas não preparadas. A Sierra Nevada argumenta que, com mais de oito anos em serviço e mais de 160 aeronaves entregues, muito já se sabe do desempenho, da eficiência operacional e dos custos para operar e manter o A-29 Super Tucano, cuja frota já atingiu, em média, 84% de disponibilidade e 99% de efetividade de missões. Assim, o desempenho comprovado do Super Tucano ganha ainda mais valor na nova disputa, na medida em que a versão emendada do RFP não contém um requerimento de voos de demonstração, como o RFP original tinha.

Outras vantagens que a empresa destaca, em relação ao Super Tucano, é o fato de já ter acumulado mais de 147.000 horas de voo, incluindo 23.000 em combate (com nenhuma perda em combate). O avião também está certificado para mais de 130 configurações de munição, oferece aviônicos de arquitetura aberta e também um significativo espaço para crescimento.

Além de ressaltar a presença da Embraer nos Estados Unidos desde 1979, e investimentos já realizados em infraestrutura em Ft. Lauderdale, enquanto outras empresas saem dos Estados Unidos, o que a Sierra Nevada vem tentando destacar sobre o desempenho e custos operacionais comprovados da aeronave, é que o Super Tucano é uma solução de baixo risco para a USAF.

A ação judicial para recuperar o contrato cancelado e a preocupação com a emenda que dispensa os testes de voo

Dias antes, em 12 de junho, a Sierra Nevada entrou com acão na Corte Federal de Apelações dos EUA (United States Court of Federal Claims), buscando a reintegração do contrato da USAF para o LAS concedido à empresa em dezembro do ano passado. De acordo com a empresa, o cancelamento do contrato em março deste ano, após uma ação impetrada pelo competidor desqualificado, foi uma resposta extrema ao que parece ser apenas erros burocráticos (paperwork errors) por parte da USAF. Além disso, o novo RFP está inclinando a favor do competidor vencido anteriormente.

Sobre esse assunto, Taco Gilbert afirmou: “A Sierra Nevada não tem um histórico de litígios. Estamos dando esse passo apenas depois de muitas deliberações sérias e por terem sido exauridos outros caminhos disponíveis para endereçarmos nossas preocupações. Apesar de repetidas tentativas escritas e verbais, não recebemos ainda uma explicação adequada – e muito menos justificativas – para o cancelamento de nosso contrato, para a reabertura da competição LAS e a readmissão de nosso competidor, cuja proposta foi, anteriormente, avaliada como tecnicamente deficiente e com riscos inaceitávies em capacidade de missão. O que buscamos é uma competição justa e aberta, uma em que haja um campo nivelado de disputa, que traga transparência no processo de tomada de decisão, que selecione o melhor valor, como requerido no pedido de proposta. Infelizmente, baseados nas informações que temos, estamos preocupados que essa competição não se conforma a essas metas.”

A ação levanta preocupações a respeito do processo de seleção, especificamente com a emenda 8 que foi feita ao RFP. Com essa emenda, foi eliminada do processo de seleção qualquer demonstração e avaliação em voo, e a finalização teste do primeiro artigo (First Article Test – FAT) de aeronave de produção foi adiado para julho de 2014. Um FAT mais cedo não seria preocupação para o A-29, mas é algo impossível para o AT-6B da Hawker Beechcraft, que não está em produção. Assim, pelos planos atuais, a primeira oportunidade que a USAF terá de testar a aeronave LAS não será antes dela ser comprada e produzida. Vale lembrar que o RFP original incluía demonstrações de voos de treinamento e de combate, assim como uma aeronave que não estivesse ainda em desenvolvimento. Para a Sierra Nevada, a situação agora se aproxima do que o subsecretário de defesa Pentágono para aquisições, Frank Kendall já descreveu: que colocar um avião em produção antes do primeiro teste de voo é uma “má prática de aquisição.”

Taco Gilbert, da Sierra Nevada, ressalta pronunciamento do GAO (Government Accountability Office)  a esse respeito, afirmando que a USAF concluiu que o AT-6 tinha “múltiplas deficiências e fraquezas significativas” que o faziam “tecnicamente inaceitável”, resultando em “inaceitáveis riscos em capacidade de missão.” Como não houve mudanças nos requerimentos técnicos no novo RFP e a própria Hawker Beechcraft admitiu que não pode atender aos requerimentos do LAS, uma avaliação em voo é a única forma de verificar completamente e acuradamente as capacidades técnicas e o risco, e para eliminar as preocupações iniciais com o competidor da Sierra Nevada.

Enquanto isso, concorrente está sendo aprimorado com verbas financiadas pelo Governo, segundo a nota da Sierra Nevada

A nota a respeito da ação judicial também destaca que, de acordo com a emenda 8, é permitido que melhoramentos que sejam feitos na aeronave, desde a seleção inicial, possam ser levados em consideração. Isso cria, segundo a Sierra Nevada, um campo de competição desnivelado e que pende em favor da Hawker Beechcraft. Segundo a nota, a Hawker Beechcraft realizou operações de desenvolvimento e de testes em seu AT-6 utilizando milhões de dólares do “Air Force Title 10 funding”, ao longo do processo de avaliação em curso, e continua a fazê-lo. Essa atividade financiada pelo governo, que também envolve pilotos da Guarda Aérea Nacional e uso de campos de prova da Força Aérea dos EUA, é agora elegível para ser admitido, de forma injusta, em consideração.

FONTE / IMAGENS: Sierra Nevada / builtforthemission

Tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo

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