Decisão sobre compra de caças no Brasil deve sair em 2 meses, dizem EUA
Maria Carolina Abe
Fontes do governo brasileiro também afirmaram anteriormente esperar por uma decisão ainda no primeiro semestre de 2012.
A americana Boeing é uma das empresas que participam da licitação para compra de 36 caças para substituir a atual frota da Força Aérea Brasileira a partir de 2016, em um contrato estimado em R$ 10 bilhões. Na disputa, concorrem o F/A-18 Super Hornet, da Boeing, o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG, da sueca Saab.
Os aviões serão usados para ajudar a vigiar a costa brasileira, proteger os recém-descobertos campos de petróleo no pré-sal e projetar um poder maior em meio à crescente influência do país no cenário mundial.
Após mais de uma década de imbróglio na licitação, os EUA esperam por uma decisão do governo brasileiro até o fim de junho, segundo Kelly e executivos da Boeing. Fontes do governo brasileiro também afirmaram anteriormente esperar por uma decisão ainda no primeiro semestre de 2012.
Lobby norte-americano
Essa é uma das maiores negociações internacionais da Boeing no momento, segundo o vice-presidente de desenvolvimento de negócios internacionais na área de defesa e segurança, Mark Kronenberg.
O mercado internacional, que representava 7% dos lucros na área de defesa da companhia há seis anos, subiu para 24% em 2011. O peso do mercado externo deve aumentar ainda mais num momento em que o governo americano prevê cortar gastos na área de defesa. “Uma meta seria entre 25% e 30% até 2016”, diz Kronenberg.
Não por acaso, a gigante norte-americana tem investido fortemente na campanha para ganhar a licitação dos caças para o Brasil.
“Estamos oferecendo a melhor aeronave com o menor preço”, diz o primeiro sub-secretário-assistente do Departamento de Estado norte-americano, esforçando-se em português, durante uma entrevista coletiva só para jornalistas brasileiros organizada pela própria Boeing.
Na semana passada, a empresa enviou um simulador do caça F -18 Super Hornet para o campus da USP (Universidade de São Paulo), para que alunos experimentassem a sensação de voar e conhecessem o equipamento.
Somam-se a isso acordos de cooperação com a brasileira Embraer, o anúncio de um centro de pesquisas e desenvolvimento em São Paulo ainda em 2012, a recente visita de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, além da ida ao Brasil da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e do secretário de Defesa americano, Leon Panetta.
Franceses x americanos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quase declarou vitória da francesa Dassault na licitação dos caças no fim de seu mandato, mas deixou o cargo sem finalizar o acordo.
Por outro lado, Dilma Rousseff pareceu favorecer a Boeing em declarações feitas após assumir a Presidência, em janeiro de 2011.
Dilma deverá liderar pessoalmente o processo de decisão do contrato, disse o ministro de Defesa, Celso Amorim, em janeiro.
O Brasil exige dos fabricantes a transferência de tecnologia e a possibilidade de produzir os aviões no país. O Brasil espera que o conhecimento ajude o país a construir uma indústria nacional de defesa, liderada pela Embraer.
Nesse aspecto, analistas e o próprio governo brasileiro sempre apontaram os franceses como favoritos na disputa, já que os brasileiros desconfiam das intenções americanas.
Questionado sobre que garantias o Brasil tem de que os EUA vão transferir a tecnologia caso a Boeing ganhe o contrato, haja visto casos anteriores de quebra de contrato, primeiro sub-secretário-assistente do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Kelly, disse: “No fim das contas, a coisa mais importante é a confiança, que se constrói com diálogos múltiplos”.
“Nos esforçamos muito para avançar nossa parceria com o Brasil.”
Escolha da Índia pela francesa Dassault pode influenciar
Pesa também na escolha o fato de o governo da Índia –outro mercado emergente— ter optado, no fim de janeiro, pela fabricante francesa para a compra de 126 caças, numa licitação de US$ 12 bilhões, que começou em 2007.
O contrato estipula que serão comprados diretamente 18 aviões, enquanto os outros 108 serão construídos no país asiático.
Uma linha já estabelecida de produção permitiria que à Dassault oferecer preços mais estáveis ao longo do tempo e reduzir o risco de disparada de custos.
FONTE: UOL
NOTA DO EDITOR: esta é o segundo clipping que publicamos sobre a provável decisão do F-X2 hoje. No primeiro caso a jornalista, aparentemente, ouviu fontes estabelecidas na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, onde há uma forte concentração de indústrias de defesa. A notícia acima aparentemente usou fontes nos Estados Unidos, além de apresentar um apanhado geral dos acontecimentos da semana passada e do início desta. No fundo, não há nada de novo pois, como anunciado pelo próprio Ministro da Defesa do Brasil, a decisão deve ocorrer neste primeiro semestre do ano e o semestre acaba em dois meses.