Amorim reforça decepção com interrupção na compra de aviões pelos EUA
“Por seguro eram os melhores, a própria força aérea considerou que eram os melhores. Ele (o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta) me garantiu que o processo será retomado de maneira isenta e sendo assim, e lavando em consideração a qualidade, temos muita certeza da nossa capacidade de competição”, disse.
Panetta esteve reunido com o ministro brasileiro durante quarenta minutos na tarde desta terça-feira (24) para tratar sobre a cooperação dos dois países na área de segurança. “Não posso dizer que toda nossa relação vai depender disso (da venda dos aviões da Embraer], mas é um exemplo de coisas que podem ocorrer [durante aproximação dos dois países)”, completou o ministro. O secretário de Defesa americano se limitou a concordar com Amorim e evitou entrar em detalhes sobre o processo de compra do governo americano.
Aquisição brasileira
Segundo Amorim, três helicópteros americanos, que foram encomendados pelo Brasil, chegaram hoje ao país, mas um indício de que o governo está disposto a aprofundar negociações neste campo com os americanos. No entanto, o ministro destacou a importância dos Estados Unidos deixarem de ser parceiros para compra e venda de produtos e passar a cooperar na transferência de tecnologia.
“O Brasil importa muito dos Estados Unidos e vai continuar importando, mas precisa também de componentes, partes e sistemas para projeto mais amplos brasileiros“, disse.
De acordo com Amorim, os projetos brasileiros tem natureza pacífica e por isso, há uma expectativa de que o clima de tranquilidade que está se criando entre os dois países “possa se refletir na facilitação da aquisição desses bens”.
Caças
D
O secretário não esclareceu, no entanto, se os termos para essa transferência de tecnologia será dada de acordo com as exigências e necessidades brasileiras, mas garantiu que o diálogo permanecerá aberto. Por este motivo, ele fez, inclusive, um convite para o ministro brasileiro, para um novo encontro, desta vez em Washington. Amorim adiantou que aceitou prontamente, mas que a data para a viagem ainda não foi fechada.
Amorim destacou que a escolha entre os caças americanos, franceses e suecos ainda não foi definida e que é preciso tempo para fazer a escolha. “Compreendemos que quem apresentou a oferta fique ansioso, mas a decisão será feita de maneira segura e coerente com nossas necessidades. Se já houvesse uma conclusão, não teria cometido a indelicadeza de permitir que ele (Leon Panetta) falasse sobre o assunto. É uma decisão a ser tomada”, destacou Amorim.
FONTE: Folha de São Paulo
FOTOS: Ministério da Defesa
NOTA DO EDITOR: nesta terça-feira, 24 de abril, o Ministério da Defesa divulgou nota (clique aqui para acessar o informe original) a respeito do encontro:
O ministro da Defesa, Celso Amorim, e o secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, conduziram o primeiro Diálogo de Cooperação em Defesa (DCD) Estados Unidos-Brasil hoje em Brasília. O DCD foi criado sob a orientação da presidenta Dilma Rousseff e do presidente Barack Obama durante o encontro deles em Washington D.C., em 9 de abril de 2012.
Ao criarem o DCD, os presidentes notaram a importância de um diálogo reforçado para possibilitar uma maior cooperação bilateral, baseado em respeito mútuo e confiança, entre os Estados Unidos e o Brasil. Os presidentes também observaram que o DCD ofereceria um fórum para trocar pontos de vista e identificar oportunidades para colaboração em questões de defesa ao redor do globo.
O secretário Panetta e o ministro Amorim observaram o fortalecimento da cooperação em defesa entre Brasil e Estados Unidos nos últimos anos, conforme previsto no Acordo de Cooperação em Defesa Estados Unidos-Brasil, assinado em abril de 2010.
Conforme o Acordo de Cooperação em Defesa, o secretário Panetta e o ministro Amorim declararam durante o DCD que pretendem focar nas seguintes categorias prioritárias de atividade em 2012 para a cooperação em defesa entre Estados Unidos e Brasil:
- Ciência, Inovação e Transferência de Tecnologia;
- Logística;
- Comunicação;
- Assistência Humanitária e resposta a desastres;
- Cooperação em apoio a nações africanas;
- Segurança cibernética;
- Apoio da Defesa às autoridades civis para para grandes eventos internacionais.