Governo dos EUA reabrirá disputa por avião militar
–
Regras para licitação nos EUA saem em abril – Temor de empresa brasilera é que as novas exigências tornem o contrato sob medida para a Hawker Beechcraft – Investigação sobre motivos que levaram ao cancelamento do contrato com Embraer ainda não foi concluída
–
Só as americanas Sierra Nevada, parceira da fabricante brasileira no projeto do Super Tucano, e a concorrente Hawker Beechcraft poderão disputar a compra. “Depois de estudar as circunstâncias do cancelamento, a força aérea decidiu fazer uma emenda ao contrato”, disse o órgão à Folha.
Segundo porta-voz da força americana, as novas exigências deverão ser anunciadas em abril. As duas companhias terão então de refazer suas propostas. A Embraer informou que aguarda a divulgação dos requisitos para se posicionar sobre a sua participação.
O contrato original foi vencido em dezembro pela Embraer e cancelado em fevereiro em resposta à ação impetrada pela Hawker Beechcraft na corte federal dos EUA. Desclassificada da disputa em novembro, a Hawker argumenta, na ação, que a força aérea não apresentou os motivos de sua eliminação.
Além da ação judicial, a Hawker apelou para o nacionalismo e para a necessidade de preservação de empregos em um momento de crise para pressionar por uma nova concorrência.
Recuperação judicial
A decisão ocorre em um momento delicado para a fabricante americana, que tenta renegociar suas dívidas, que passam de US$ 2 bilhões. A empresa estaria se preparando para entrar com pedido de recuperação judicial, segundo reportagem da agência Reuters publicada na quarta-feira e que cita fontes não identificadas.
Mesmo que consiga garantir esse fornecimento para a força aérea dos EUA, por seu porte, ele dificilmente resolveria o problema de endividamento da companhia, que ainda enfrenta as consequências da queda da demanda por jatos executivos desde o início da crise de 2008.
Na quinta-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor”s rebaixou a nota da empresa, de CCC para CC. Na eventualidade de um novo rebaixamento, a empresa entra no grau de risco de “calote seletivo”.
Em São José dos Campos, sede da Embraer, o temor é que os novos requisitos tornem a disputa favorável ao fabricante americano. Não será a primeira vez que a força aérea americana terá cancelada uma disputa vencida por um estrangeiro, entregando o contrato a um fabricante americano. No começo do ano passado, a europeia Airbus venceu a disputa para fornecer aviões-tanque para a força aérea, mas quem levou foi a Boeing.
Investigação
O porta-voz da força aérea disse que a investigação interna sobre os problemas que levaram ao cancelamento do contrato com a Embraer ainda está em curso. “Vamos fornecer mais informação assim que ela estiver disponível.”
FONTE: Folha de São Paulo (reportagem de V. Fornetti), via Notimp