Investigação sobre concorrência do Super Tucano nos EUA será estendida

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Autoridades esperavam que a investigação a respeito de erro ‘embaraçoso’ na aquisição do LAS fosse resolvida rapidamente – não foram feitos comentários sobre a razão da extensão, mas uma decisão agora é esperada para as próximas semanas

Segundo notícia veiculada pela Reuters, a Força Aérea dos EUA (USAF) divulgou na última sexta-feira que estava estendendo a investigação sobre um erro embaraçoso que a levou a cancelar um contrato, estimado em 1 bilhão de dólares, para a venda de aviões Super Tucano de ataque leve para o Governo Afegão.

O General Donald Hoffman, comandante do Comando de Material da Força Aérea, deu aos investigadores mais tempo para pesquisar a questão, segundo a porta-voz da USAF, Jennifer Cassidy. Ela disse que uma decisão agora é esperada para as próximas semanas. A USAF não tinha comentários, no momento, sobre o porquê da decisão de estender a investigação, que vem sendo conduzida por autoridades legais da Força Aérea em conjunto com representantes do chefe de compras de armamentos do Pentágono, Frank Kendall.

O problema começou em janeiro, quando a empresa privada norte-americana Sierra Nevada, da área de defesa, e a fabricante brasileira de aeronaves Embraer SA, venceram a Hawker Beechcraft num contrato para 20 aviões de ataque leve. A USAF estava contratando as aeronaves  no interesse do Governo do Afeganistão. O contrato foi rapidamente desafiado pela Hawker.

Enquanto se preparava para a defesa em relação a uma ação jurídica da Hawker, a USAF descobriu que sua decisão tinha sido documentada de maneira inadequada, levando o secretário da Força Aérea, Michael Donley, a cancelar o contrato, cujo valor inicial era de 355 milhões de dólares. As autoridades da USAF descreveram o incidente como embaraçoso e desapontador, ainda mais no contexto de uma série de problemas de aquisição da última década. Esperavam investigar o problema de forma rápida e avançar para uma nova competição, de forma a assegurar que o Governo Afegão recebesse rapidamente a encomenda inicial de 20 aviões. David Van Buren, secretário em exercício para aquisições, e que deverá se aposentar neste mês, disse à Reuters no começo de março que não acreditava que o caso revelasse problemas sistemáticos com o processo de aquisição da USAF.

O incidente gerou chamadas de primeira página no Brasil, onde autoridades do Governo foram pegas de surpresa pelo cancelamento da USAF, dizendo que isso não ajudaria nas relações bilaterais de defesa. A questão poderá ser discutida na visita da presidente Dilma Rousseff, do Brasil, que deverá visitar  Washington na próxima semana.

A Sierra Nevada está insistindo para que a USAF reinicie a disputa rapidamente, sem baixar os requerimentos da competição original pela qual o AT-6 da Hawker foi desqualificado. A empresa diz que o Super Tucano da Embraer está em operação em seis forças aéreas ao redor do mundo.

Já a Hawker insiste que seu AT-6 é o mais capaz, acessível e sustentável avião de ataque leve no mercado, instigando a USAF para rever seus requerimentos a respeito dos aviões de ataque leve, sob o argumento de que nem jatos de primeira linha dos Estados Unidos poderiam cumprir os requerimentos da forma que foram escritos.

Na sexta-feira, a Hawker disse que estava satisfeita que a USAF estendeu o prazo de investigação. Segundo a porta-voz da empresa, Nicole Alexander, “esse contrato crítico merece ser examinado de maneira completa, justa e transparente antes de ser concedido.” Ainda neste mês, o secretário Van Buren disse desconhecer qualquer plano para revisão dos requerimentos da aeronave, que o Afeganistão necessita para prover apoio aéreo próximo para seu exército, assim como um treinador turboélice.

O cancelamento do contrato do Super Tucano é uma de diversas encomendas que a Embraer perdeu nos últimos 20 anos. Na década de 1990, a parceria da Embraer com a norte-americana Northrop Grumman perdeu, com o Super Tucano, a competição para o “joint fighter training aircraft” da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte”, após forte “lobby” de competidores dos Estados Unidos. Em meados da última década, também foi cancelado um contrato com a empresa e a  Lockheed Martin para um avião de reconhecimento aéreo, baseado no jato regional ERJ-145, da Embraer.

FONTE: Reuters (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: site de divulgação do Super Tucano nos EUA (builtforthemission) e Hawker Beechcraft

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