MMRCA: ‘Veja’ publica reportagem sobre questionamentos

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Tal como no Brasil, a licitação para aquisição de caças é assunto polêmico na Índia. O contrato de 12 bilhões de dólares fechado pelo país para adquirir 126 aeronaves Rafale, da francesa Dassault, tem suscitado questionamentos.

O último episódio foi uma carta enviada pelo deputado M. V. Mysoora Reddy, da oposição ao governo do premiê Manmohan Singh, ao Ministério da Defesa, em que afirma que as autoridades violaram o processo de avaliação. O documento foi publicado na edição desta terça-feira do jornal indiano Asian Age. A Justiça indiana e o próprio Ministério da Defesa, porém, já questionavam o resultado – definido após o parecer de uma comissão formada para avaliar a compra.

A concorrência, que durou mais de dez anos, foi vencida pelo consórcio Rafale em fevereiro. Na última etapa da decisão, o modelo concorria com o consórcio Typhoon, liderado pelo Reino Unido. Os acontecimentos na Índia podem influenciar o processo ora em curso no Brasil. Em 28 e 29 de março, na reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Nova Délhi, autoridades brasileiras e indianas debaterão o assunto.

Antes de a carta do parlamentar ser enviada ao governo, um inquérito judicial havia sido instaurado para apurar possíveis irregularidades na escolha dos caças franceses. Por trás da investigação, segundo o jornal britânico Daily Mail, está o fato de os próprios oficiais da Defesa indiana terem inquirido a comissão que escolheu os caças sobre o custo da licitação.

O ponto questionado é que, incorporadas as despesas de manutenção, o valor da compra pode subir 50%, para 18 bilhões de dólares, apontam fontes que falaram ao jornal. “Como poderia ficar quieto se chegou a meu conhecimento que pode ter havido manipulação no processo de avaliação das ofertas para um contrato estimado em 12 bilhões de dólares, e que é capaz de chegar a 18 bilhões de dólares?”, disse o ministro da Defesa da Índia, A.K. Antony, ao Asian Age*. O inquérito deve ser concluído nos próximos 30 dias, de acordo com a publicação.

Escolha incômoda

O deputado Reddy também questiona por que a Índia terá de ser a primeira a comprar uma aeronave que nenhum outro país, exceto a própria França, adquiriu. “Na Líbia, o Rafale falhou em precisão. E os Emirados Árabes também rejeitaram os caças”, escreveu o deputado em carta.

Enquanto o imbróglio se desenrola em Nova Délhi, o consórcio Typhoon movimenta-se para tentar uma última cartada. De acordo com a consultoria de defesa IHS Jane`s, o grupo que representa o Typhoon, o Eurofighter, já apresentou nova proposta à Índia. O relatório afirma que o novo plano prevê um pacote de compensações que o torna mais atrativo do que o proposto pelos franceses. Até o final da licitação, em janeiro, o Eurofighter apresentava um valor de contrato entre 15% e 17% maior que o da Dassault.

O contrato da Dassault na Índia foi o primeiro a ser conseguido fora de seu país de origem. Poucos dias após o fechamento do acordo, o governo indiano recebeu a visita do ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, o que levantou a suspeita de que a negociação na Ásia poderia fazer com que o Rafale se tornasse mais competitivo – e mais barato – na licitação brasileira de caças.

FONTE: Veja.com, via Notimp

NOTA DO EDITOR 1: o conteúdo citado na reportagem acima não é novidade para os leitores do Poder Aéreo. O texto faz referências às mesmas fontes que mostramos nas matérias do dia 13 de março”‘Dogfights’ políticos: caças do governo e caças da oposição” e do dia 18 de fevereiro “MMRCA: processo de escolha é questionado” (para a qual disponibilizamos link na matéria de 13 de março). Sobre as questões trazidas por esta última, também houve desdobramentos trazidos em notícias do Deccan Herald e da Flight Global, que trouxemos aos leitores na matéria “Rafale: membros do MD Indiano levantam objeções sobre custos do ciclo de vida”.

*NOTA DO EDITOR 2: na fonte original (Asian Age – clique aqui para ver a matéria em inglês), quem diz a frase destacada pela reportagem da Veja não é o ministro da Defesa, e sim o parlamentar: “Reacting to the defence minister’s decision, the TD MP said, “How could I have kept quiet as a responsible Opposition MP when it came to my notice that there was a manipulation in the process of evaluation of the bids for a defence contract worth about $12 billion that is likely to go up to $18 billion?”. A sigla MP refere-se à pessoa ser um parlamentar (MP, Member of Parliament), e a sigla TD refere-se ao seu partido, o Telugu Desam. De qualquer forma, bastaria ler com atenção o original em inglês para achar no mínimo estranho um ministro da Defesa dizer que é um “parlamentar da oposição”.

NOTA DO EDITOR 3: na matéria do Poder Aéreo “‘Dogfights’ políticos: caças do governo e caças da oposição”que usa como uma das fontes a reportagem do Asian Age, a tradução foi feita de forma mais condizente com o original, atribuindo a frase ao parlamentar: “Reagindo à decisão do ministro da Defesa, o parlamentar respondeu: ‘Como poderia eu ficar quieto, como um parlamentar de oposição cumpridor de meus deveres, quando chegou ao meu conhecimento que houve uma manipulação no processo de avaliação das ofertas para um contrato de defesa estimado em 12 bilhões de dólares, e que é capaz de chegar a 18 bilhões?'”. A matéria da Veja talvez tivesse saído melhor se checasse antes a tradução do Poder Aéreo.

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