Gripen na Suíça: Conselho pode propor aquisição sem aperto de cinto

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Medidas de economia de 750 milhões de francos poderiam ser substituídas por novo fundo, de modo a garantir politicamente a compra dos caças – outras discussões entre os parlamentares incluem a intenção sueca sobre modernização de caças Gripen e até o programa F-X2 do Brasil

Pelas últimas notícias da TV suíça Schweizer Fernsehen (SF) e do jornal Le Matin, o debate político sobre a compra de novos caças está quente. A notícia recente mais importante parece ser uma iniciativa do Governo Suíço (Conselho Federal) para que os caças Gripen possam ser adquiridos sem a necessidade de cortes de 750 milhões de francos suíços em áreas como educação, transporte e agricultura – embora esses cortes não estejam relacionadas apenas à aquisição de caças, mas a um orçamento maior para o conjunto das necessidades militares, decidido no ano passado (que subiria de 4,5 bilhões para 5 bilhões de francos anuais).

Mas a discussão sobre a compra de caças é a que mais se destaca nos debates políticos, por isso o Conselho Federal pode propor, como alternativa, que os caças sejam pagos por meio de um fundo separado, especial. Porém, isso poderia adiar a aquisição por vários anos.

Ainda assim, a nova proposta tem receptividade entre os que apoiam a compra, pois mostra que, para o Conselho Federal, a renovação da Força Aérea é ainda considerada como algo necessário. É a opinião de Thomas Hurter, parlamentar que acompanhou a concorrência suíça em um subcomitê, que vê como um ponto importante o fato de que possibilidades como essa estão sendo examinadas. Para outros, o novo fundo torna a aquisição mais realista, pois as medidas de austeridade em educação e agricultura não foram bem vistas.

O que ainda não está claro é se poderia haver um referendo a respeito desse fundo especial para comprar jatos. Para o parlamentar Evi Alleman, isso forçaria a uma discussão em que só entraria em pauta os caças, o que traria dificuldades para seus apoiadores. Isso porque no atual ambiente de segurança, argumenta-se que a Suíça não precisa de novos caças. Mas a nova proposta de fundo pode ser um caminho para sair da situação atual da discussão política.

O jornal Le Matin destaca outro assunto que tem encontrado repercussão no parlamento suíço: o pronunciamento de autoridades suecas sobre as necessidades de renovar a Força Aérea Sueca com caças Gripen modernizados – justamente os modelos E/F, que foram os escolhidos pela Suíça ao invés de competidores Rafale (francês) e Typhoon (do consórcio europeu Eurofighter), escolha que desde novembro vem gerando controvérsias relacionadas a informações de desempenho insuficiente que aparecem em relatórios vazados.

O jornal também ouviu o parlamentar Thomas Hurter a respeito, e em sua opinião ao menos nesse estágio o anúncio sueco não traz mudanças na questão suíça. Para Hurter, “a questão tem sido sempre sobre a Suíça comprar a aeronave se um outro governo a comprar. Eu acho que é o mesmo caso da Suécia. Eu não sei como estão as negociações entre o Conselho Federal e a Suécia.”

Para o parlamentar socialista Eric Voruz, que se opõe a qualquer compra de caças, a notícia não é motivo de alarme: “Esse anúncio é um argumento para encorajar a Suíça a comprar o Gripen. De acordo com informações que recebi, a Suécia não precisa realmente deles.”

O jornal ressalta que, até o momento, o Governo Suíço foi o único país a expressar interesse no Gripen de nova geração, e cita o programa F-X2 do Brasil. Sobre a competição brasileira, que envolve o Gripen, o francês Rafale e o Super Hornet dos Estado Unidos, o Le Matin destaca que ainda não foi decidida, mas que o ex-presidente Lula da Silva assinou com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, um acordo preliminar para comprar 34 caças Rafale – mas, num relatório datado de 2010, a Força Aérea Brasileira considerou o Gripen como “a melhor escolha”.

FONTES: SFTV e Le Matin (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: Força Aérea Suíça

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