Salvação do programa Kaveri está nas mãos da Snecma
Contrato com empresa francesa, que deverá ser assinado em breve, trará a tecnologia que falta para o desenvolvimento do turbofan indiano
No quadro atual, o Kaveri completou cerca de 60 horas de ensaios em voo pelo Instituto Gromov, o destaque é o emprego de um FADEC totalmente desenvolvido na Índia. No entanto, a fase de ensaios em voo também tem acentuado alguns problemas fundamentais do motor que vem atrasando o programa de desenvolvimento. Deve-se adicionar à lista de problemas conhecidos, agravado por parâmetros de desempenho insuficientes, a existência de problemas na montagem da turbina e do fan, e possivelmente questões estruturais também. A IAF e a Marinha não querem voar com um motor que tenha menos do que 90kN de empuxo com pós-combustor ao nível do mar – o Kaveri fica muito aquém desse valor, e esta é a principal razão por que o IAF e a Marinha terem migrado para motores da GE tanto no Tejas Mk.1 como no Mk.2.
A IAF, previsivelmente, não está feliz com o progresso. Um alto oficial associado ao programa do Kaveri disse: “O problema não é mais sobre os atrasos e entrega, mas sobre o desempenho. O motor Kaveri na sua forma atual não pode equipar jatos de combate com os modernos requisitos de desempenho. Pode ser, talvez, modificado para outros usos, mas para caças o Kaveri do jeito que está não serve para os caças. ”
Também houve atrasos imprevistos no esforço conjunto da DRDO e da Snecma para o desenvolvimento de um motor turbofan robusto na faixa de 90kN de empuxo, baseado no núcleo do motor francês M88 versão ECO que cumpra os requisitos mínimos de desempenho da IAF e da Marinha. Embora as negociações sobre a transferência de tecnologia e propriedade intelectual tenham tomado a melhor parte dos dois últimos anos, um alto funcionário confirmou que um contrato entre DRDO e Snecma deve ser assinado dentro de um ano. O esforço conjunto decretaria o fim do programa K9 Kaveri como está. O que se propõe agora é a construção rápida uma turbofan de 90kN de empuxo e oferecê-lo para a IAF e a Marinha para seus Tejas Mk.1. O motor Kaveri-Snecma, na configuração dupla, também poderia ser empregado na futura aeronave de combate avançada (AMCA), apesar de que esta ainda está bem no futuro.
Fontes da DRDO confirmam que a Snecma vai transferir várias tecnologias-chaves, dentre elas algumas críticas que levaram o Kaveri não atingir a performance esperada. Gestores do programa acreditam que a tecnologia de lâmina de cristal único será uma solução importante para um dos maiores problemas do Kaveri – deformação das lâminas durante o teste, como resultado das altas temperaturas ambientes. Este provou ser um fator limitante grave, considerando-se que as lâminas estruturalmente solidificadas tem integridade estrutural que não chega nem perto de estruturas de cristal único. De acordo com algumas fontes, é exatamente as negociações sobre as modalidades de tecnologia de lâmina de cristal único que tem atrasado tanto as negociações, ainda que o fim está finalmente à vista. Vários laboratórios da DRDO e da MDNL tentaram por anos criar uma solução local, mas até agora sem sucesso.
A Snecma deverá colocar as instalações da Gás Turbine Research Establishment (GTRE) em outro nível muito mais elevado, que contará com modernas técnicas de soldagem e fundição pela primeira vez. Ao contrário do programa K9 Kaveri, o programa K10 (a designação oficial para o esforço conjunto proposto com a Snecma) será muito mais profissional e será monitorado desde o início, com prazos rígidos e investimentos. O modelo de divisão do trabalho já foi montado e os cientistas indianos estão confiantes de que extraíram um contrato competitivo. Reservas iniciais sobre o compartilhamento de certas tecnologias foram resolvidas após a enorme quantidade de contratos militares formalizados com a França, que incluem o programa de atualização dos Mirage 2000H/TH.
Quase toda a mão-de-obra empregada no desenvolvimento do Kaveri será desviada para o esforço do desenvolvimento do K10 com a Snecma. Os cientistas prevêem desafios para absorver a tecnologia, mas estão confiantes de que irão atingir as metas uma vez que o contrato for assinado. Um cientista sênior do GTRE disse: “Nós temos a vontade e as tecnologias de base. Entendemos muito bem o quais são os nossos defeitos, e estamos ansiosos para entregar um motor com desempenho completo para o cliente. Foi-se o tempo em que podíamos ficar indefinidamente no laboratório dizendo que um dia a tecnologia viria pelas nossas mãos. Os franceses vão nos ajudar a reduzir o tempo de desenvolvimento. E ambos entregarão um motor que vai mover as aeronaves indianas. Todo mundo ganha.”
FONTE:SPS Aviation
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo
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