Concorrência suíça: EADS só apresentará nova proposta se for solicitada

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O jornal suíço 24 heures trouxe nesta quarta-feira uma entrevista exclusiva com Claas Belling, porta-voz da campanha suíça do grupo EADS, que concorreu com o Eurofighter Typhoon. Como desde novembro praticamente nada saiu na mídia a respeito da repercussão, para o consórcio Eurofighter, da Suíça ter preferido o Gripen da sueca Saab (ao contrário de notícias relacionadas a outro caça não escolhido, o francês Dassault Rafale), o Poder Aéreo traz para seus leitores tradução da entrevista.

A EADS chegou a informar a Armasuisse que se considerava ainda na competição, até que o parlamento aprove a compra de 22 caças Gripen da Saab?

Claas Belling – Depois da decisão da Suíça de adquirir o Gripen,  no final de novembro de 2011, não apresentamos nenhuma uma nova oferta para a Armasuisse.

Nós consideramos que nossa mais recente oferta até à data, de outubro de 2011, era bastante atrativa. Como todas as que apresentamos ao longo do processo de avaliação, que durou de 2008 a 2009. Mas se a Suíça decidir reconsiderar a sua decisão de compra, estaremos evidentemente abertos para tudo.

Por que a EADS não fez uma nova oferta? Como a Dassault…

Claas Belling – Nós não somos autorizados a fazer isso, porque ela deve atender a um pedido oficial de nossos clientes.

O Conselheiro Thomas Hurter, presidente da Subcomissão de Segurança, propôs a idéia de solicitar uma nova oferta aos três fabricantes da competição?

Claas Belling – Eu li a proposição do sr. Hurter, presidente da Subcomissão, que deve lançar luz sobre o procedimento de avaliação das aeronaves. O sr. Hurter é um parlamentar eleito, é um especialista na indústria aeroespacial e de defesa, mas ele não vai decidir sozinho.

Se ele for seguido por outros parlamentares e  esta hipótese for validada, a EADS apresentará uma nova oferta para o seu Eurofighter.

Além disso, a avaliação suíça foi concluída em 2009. Depois daquela data, nós entregamos mais de 170 Eurofighter para diferentes clientes em todo o mundo. A nossa frota mais do que dobrou as horas de operação / voo, chegando a mais de 130 000 horas de voo! Nosso avião tem se desenvolvido desde então, tanto em termos de desempenho quanto de preço.

Sua última oferta para a Armasuisse é de outubro de 2011. Quantos aviões e qual o montante foi proposto?

Claas Belling – Isso é confidencial. E você compreende que eu não quero comentar sobre o que se escreve aqui e ali na imprensa suíça. Já lemos que tínhamos oferecido 17 Eurofighters por 2,2 bilhões. Isso é mais barato do que a oferta de desconto da Dassault para o Rafale tornada pública no final de janeiro (nota do jornal: 18 Rafale por 2,7 bilhões).

Se o preço é essencial a esse ponto, temos versões de baixo do Eurofighter. Mas eu repito, vamos esperar que a Armasuisse nos solicite. Nós dizemos simplesmente que continuamos abertos à discussão.

O contexto político atual que envolve a compra das aeronaves é caótico. EADS tem críticas a formular quanto ao processo de avaliação?

Claas Belling – Não, não podemos deixar de respeitar a decisão da Suíça. Mesmo que não estejamos satisfeitos com a escolha. Nós continuamos à disposição da Armasuisse e do mundo político.

Se formos convidados pela Subcomissão, responderemos a todas as questões.

Jornal também trouxe matéria sobre reunião do chefe do Departamento de Defesa com o Conselho Federal, que após as explicações dadas à imprensa, mantém a decisão tomada

O Conselho Federal não vê razão para reverter a sua decisão tomada sobre a escolha do Gripen. Segundo o porta-voz do Governo Suíço, André Simonazzi, o chefe do Departamento de Defesa,  Ueli Maurer, informou na quarta-feira ao Conselho as explicações dadas à imprensa ontem. Os relatórios de avaliação do novo avião de combate publicadas na imprensa no domingo dizem respeito a um modelo anterior do Gripen sueco. Eram documentos parciais, e não um relatório final. Assim, segundo o vice-chanceler, o Conselho Federal pode decidir com base nos últimos dados disponíveis.

Para o Governo, o Gripen é a aeronave com o melhor custo-benefício, por preencher todos os requisitos militares a um custo inferior que seus concorrentes (Rafale e Eurofighter). Segundo o jornal, Maurer tem esperanças de conseguir um preço melhor que os 3,1 bilhões por 22 aeronaves.

FONTE: 24 heures (notícias compiladas, traduzidas, adaptadas e editadas pelo Poder Aéreo)

FOTOS: Força Aérea SuíçaArmasuisse (imagens da época da avaliação do Eurofighter Typhoon para a concorrência)

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