Cadência de produção do Rafale na Índia será maior que na França

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Guilherme Poggio

Com a vitória do caça francês Rafale no programa MMRCA da Força Aérea Indiana (IAF) e a exigência desta de que a maioria dos caças seja fabricada pela localmente pela HAL (Hindustan Aeronautics Limited), a produção do caça na Índia pode superar a produção do mesmo avião na Europa, mantida as condições atuais.

Pelo programa MMRCA, o consórcio vencedor terá que viabilizar uma linha de montagem na Índia que contemple a fabricação de 108 aeronaves. A montagem final das aeronaves será feita nas instalações da HAL, mas diversas outras empresas locais deverão participar do programa de compensação industrial (‘offset’), cujo valor pode superar os US$ 6 bilhões (mínimo de 50% do valor do contrato).

Conforme levantado pelo Poder Aéreo, espera-se que a produção de Rafales na Índia comece quatro anos após a assinatura do contrato, o que deve ocorrer ainda este ano. Após nove anos contados a partir da assinatura do contrato, a produção deverá atingir pelo menos 20 aviões por ano e quatro anos mais tarde todos os 108 aviões deverão ter sido entregues.

Considerando-se a formalização do contrato ao final do ano de 2012, a produção local deveria iniciar em 2016 e em 2021 a cadência atingiria 20 Rafales por ano, concluindo-se o programa (caso não houvesse novas encomendas indianas) em 2024.

Na França, a linha de produção atual é mantida com a fabricação de 11 a 12 Rafales por ano. Tanto a Força Aérea Francesa como a Aviação Naval Francesa possuem encomendas firmadas para 180 aeronaves. Destas, aproximadamente 110 já foram entregues. Considerando as outras 70 aeronaves encomendadas e mantida a atual escala de produção anual, a produção francesa do Rafale deve ser encerrada em mais seis anos (por volta de 2017).

No entanto, além dos 70 Rafales já encomendados pela França, a Dassault produzirá localmente os primeiros 18 caças indianos. É possível que a taxa de produção local seja elevada para atender tanto a Índia como a França em um primeiro momento.

Mesmo considerando estes 18 caças indianos, a produção na França dificilmente ultrapassaria 20 aeronaves/ano e linha de montagem européia não iria além de 2020, embora a Dassault afirme que a linha de produção continuará por mais duas décadas e até 300 caças poderão ser encomendados pela França.

Esta não é uma posição ruim, uma vez que as linhas de produção de caças concorrentes como o F-15 e o F-16 não possuem um horizonte tão distante. Além disso, a produção pode ser elevada ou mesmo entendida por um tempo maior com a encomenda de novos caças pela própria França e possíveis exportações como para países como os Emirados Árabes Unidos e o Brasil.

De qualquer forma, a Índia possui todas as ferramentas necessárias para conseguir o melhor contrato possível, pois diante dos números atuais, é ela quem sustentará a produção do Rafale a partir da metade desta década.

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