Índia compra caça rejeitado pelos outros
A escolha da Índia após um processo que começou em 2007, chamou a atenção porque o fabricante do Rafale, a Dassault Aviation, até agora não havia vendido sequer um único avião no exterior em 12 anos.
Coreia do Sul, Singapura, Brasil, Marrocos, Suíça e Emirados Árabes Unidos todos decidiram ir para outro lugar depois de considerar o Rafale, cujo desenvolvimento consumiu 53 biliões de dólares de dinheiro do governo francês em subsídios.
Desde 1950, a França mantém e desenvolve uma indústria de armamentos independente, exportando seus produtos de forma agressiva e com êxito, às vezes com a ajuda de suborno e outros incentivos.
No ano passado, a França era o quarto maior exportador de armas do mundo, depois dos Estados Unidos, Rússia e Alemanha.
Mas o bimotor supersônico Rafale, que pode atuar tanto como um caça como um bombardeiro, além de poder transportar armas nucleares, não conseguiu encontrar mercados além da França, que usou o avião no Afeganistão e, mais recentemente, na Líbia.
Alguns compradores potenciais têm rejeitado o Rafale, alegando que ele requer mais manutenção e, portanto, tornando-se mais caro que seus rivais. Em 2008, as negociações sobre um acordo com os Emirados Árabes Unidos chegaram a um fim desastroso quando o príncipe herdeiro xeque Mohamed bin Zayed de Abu Dhabi disse que os termos da Dassault ” não eram competitivos e impraticáveis.”
A escolha da Índia pelo Rafale já inverteu as perspectivas sombrias para o mercado internacional do caça, uma vez que o governo do presidente Nicolas Sarkozy apresentava sinais de desgaste no apoio a um produto aparentemente invendável.
As autoridades indianas insistem que a escolha do Rafale foi feita inteiramente com base em custos após uma comparação direta com o Eurofighter Typhoon. Os meios de comunicação indianos citaram fontes que afirmaram que o Rafale é 5 milhões dólares mais barato por avião que o Typhoon.
No início do ano passado, as propostas das americanas Boeing e Lockheed, do fabricante russo RAK MiG e da sueca Saab foram excluídas da competição por não cumprirem os requisitos operacionais da Força Aérea Indiana.
Grosso modo o contrato será pelo fornecimento direto de 18 jatos Rafale para a Índia a partir de meados de 2015 os 108 aviões restantes serão fabricados na Índia ao longo de seis anos pela Hindustan Aeronautics, que receberá uma substancial transferência de tecnologia da empresa francesa.
Há também a perspectiva de que a Índia possa construir pelo menos mais 60 Rafales, sendo que o custo total do projeto subiria para cerca de US $ 20 bilhões.
Nas empresas que compõem o consórcio Eurofighter havia muita confiança na capacidade da sua oferta em ganhar atrações.
Além do benefício global para a Índia de forjar laços industriais e diplomáticos com quatro grandes países europeus (Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido), o pacote previa a criação de 20.000 postos de trabalho na Índia. Estava previsto também a integração total da Índia no consórcio Eurofighter, incluindo o desenvolvimento de futuros modelos do avião e participação em receitas de exportação.
Existe uma suspeita nos meios de comunicação europeus não-franceses de que Sarkozy, que enfrentará uma provável derrota na próxima eleição presidencial, receberia um impulso significativo com o fechamento de um contrato industrial como este negócio para a Dassault.
O apoio de Sarkozy ao desejo do governo indiano de obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas tem sido destacado também, bem como o seu apoio para a Índia ter acesso irrestrito à tecnologia nuclear.
O ministro da Defesa indiano, Arackaparambil Kurian Antony, tem insistido repetidamente de que “não houve considerações políticas” na escolha do Rafale.
“Os contratos da Defesa são estritamente profissionais e com base no preço”, disse ele no final do ano passado.
O que influencia, sem dúvida, no mais recente acordo franco-indiano, porém, é a longa história do governo de Nova Deli na compra de armas francesas.
Isso remonta à década de 1950, quando a Força Aérea da Índia comprou caças Dassault Ouragan e Mystère.
Caças Dassault Mirage estiveram em serviço com a Força Aérea da Índia desde os anos de 1980 e no ano passado o governo de Nova Delhi aprovou um projeto de US $ 3 bilhões para modernizar sua frota Mirage 2000.
Oficiais da Força Aérea Indiana dizem que a familiaridade dos pilotos com o Mirage 2000 é uma boa preparação para o voo no Rafale.
No entanto, a seleção de Nova Déli da semana passada é apenas o começo de cerca de cinco meses de negociações até a formalização de um contrato final.
O negócio ainda pode desabar sobre os detalhes, assim como todos os outros esforços no passado para vender o Rafale fora da França.
FONTE: canada.com
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo