O novo caça é bom, mas preço é preocupante
Reportagem do site da revista semanal India Today discute escolha do Rafale pela IAF
Uma vez que a IAF decidiu que queria o melhor caça, não necessariamente os mais econômico, ficou claro que a escolha seria entre Eurofighter Typhoon e o Rafale.
De acordo com analistas, o Rafale é um caça multitarefa melhor que o seu concorrente mais próximo, o Eurofighter, e ligeiramente mais barato. Então, seguindo o critério que o governo segue geralmente, de aceitar a proposta de menor preço, o Rafale foi escolhido.
Atendendo aos rigorosos critérios técnicos da IAF, não deve haver nenhuma dúvida de que o Rafale será um caça de primeira classe e que é tão bom quanto o Eurofighter na função ar-ar, e um pouco superior a ele na função ar-solo. A questão, ao contrário, vai se relacionar com os custos.
O montante a ser gasto no MMRCA original, que era inicialmente avaliado em US $ 10,4 bilhões para a compra de 126 caças, inchou para US $ 20 bilhões. O projeto final só será conhecido após o processo de negociação de preços a ser feito na etapa seguinte.
A competição MMRCA foi um tanto peculiar. Como é possível conciliar aviões pequenos e monomotores como o JAS 39 Gripen e o F-16 contra o pesado bimotor Eurofighter e o Rafale? Inicialmente, a exigência parecia ser para satisfazer as necessidades dos aviões de combate leve, que tinha sido adiada.
Mas, claramente, incluindo caças multitarefa pesados, a competição mudou de rumo. Desde o início, a força aérea tinha falado sobre a necessidade de se preocupar com “os custos do ciclo de vida” (LCC) do caça que iria comprar.
Mas como poderiam comparar o LCC dos caças leves com o de caças pesados? Somente no final é que a IAF decidiu que precisava de um caça pesado e bimotor, selecionando os dois finalistas no ano passado. E decidiram pelo Rafale.
A questão dos custos do ciclo de vida não desaparecerá. Quando o Rafale chegar, ele integrará a frota juntamente com os Su-30MKI, MiG-29, Mirage 2000, Jaguars e outras aeronaves. Ao longo dos anos, a IAF se deu conta do alto preço que tiveram de pagar por esta multiplicidade de tipos.
Esta é uma época em que as forças aéreas estão reduzindo drasticamente seus tipos de aeronaves para manter os custos baixos.
Não é segredo que a Índia será o primeiro país, depois da França, a ter optado pelo caça. Isto significa que uma parte substancial dos custos de desenvolvimento da aeronave será suportados pelos indianos. O Rafale ainda está no estágio inicial do seu ciclo de desenvolvimento.
Três países ainda consideram a possibilidade de adquirir o Rafale, e chegaram perto dela, mas depois desistiram: Brasil, Emirados Árabes Unidos e Suíça. A Suíça decidiu que o Rafale era muito caro e procurou uma alternativa mais barata.
Nos Emirados Árabes Unidos (EAU), em novembro passado, o Sheikh Mohammed, responsável pelas forças armadas dos Emirados, disse que a oferta da Dassault era “não competitiva e impraticável em termos comerciais”. Os EAU ficaram irritados com as exigências francesas de US$ dois bilhões para desenvolver o caça.
Agora, os franceses têm os ricos indianos para fazer o que os pobres árabes e os pobres suíços não puderam.
O que a Índia precisa se preocupar é com o custo para colocar a sua força aérea em funcionamento. Ela já tem um grande número de caças bimotores e vai incorporar, no futuro, mais caças de quinta geração (FGFA) da Rússia.
De fato, com a entrada em serviço do Rafale, a força aérea terá apenas caças pesados praticamente, porque não haverá caças leves em número suficiente para a realização de patrulhas de combate aéreo a baixo custo.
A Força Aérea está fazendo sua cama, mas é o contribuinte do país que tem que dormir nela.
FONTE: India Today
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo
COLABOROU: DrCockroach