Fabricante do AT-6 diz que escolha do Super Tucano contradiz Obama

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Parece que a Hawker Beechcraft está com uma nova estratégia para ressucitar o AT-6 na concorrência da aeronave de apoio aéreo leve – LAS – da USAF (Força Aérea dos EUA), onde venceu o Super Tucano da Embraer:  jogar o presidente Barack Obama contra a USAF. Ou simplesmente criticar a administração Obama e jogar a pressão dessa decisão do LAS sobre ele, nesse ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos. O Poder Aéreo traz os detalhes para que você tire suas próprias conclusões.

Em nota divulgada em seu site (clique aqui para acessar original em inglês) no último dia 25, a Hawker Beechcraft traz uma resposta ao recente discurso de Obama no Congresso, o tradicional “State of the Union Address”, realizado anualmente. Segundo a empresa, “as ações da atual administração não se alinham aos comentários feitos pelo presidente Obama no seu discurso ao Congresso. Ele fez declarações bastante convincentes de que quer proteger os empregos da indústria americana, e pediu por mais empregos de alta qualificação nos Estados Unidos, além de mais produtos feitos na América.”

A nota continua dizendo que, “se isso é verdade, então as ações da Força Aérea dos EUA estão em conflito direto com esses objetivos. A Força Aérea recentemente excluiu o AT-6 da Hawker Beechcraft AT-6 de uma contetição para uma aeronave de apoio aéreo leve (Light Air Support – LAS) Essa decisão vai contra o que o presidente disse em vários pontos.”

Seguem-se então, na nota da empresa, os diversos pontos que estariam em contradição com o discurso de Obama. Segundo a Hawker Beechcraft, o AT-6 “é o melhor avião para a missão LAS e é feito na América.” Entregar o contrato para uma empresa estrangeira significaria cortar 800 empregos em Kansas e Arkansas e outros 600 espalhados por 38 outros estados. A nota ainda diz que o “avião dos Estados Unidos tem custo estimado 25% menor para adquirir e é dramaticamente mais custo-efetivo para manter.” Seguem-se solicitações para que a decisão da USAF seja revista de forma imparcial, dizendo também que seu concorrente é inferior, manda recursos do contribuinte e empregos para fora do país e “coloca a segurança nacional nas mãos de um país estrangeiro”.

A não escolha do AT-6 também iria contra o que Obama teria dito sobre incentivar a inovação, o trabalho duro, e a manutenção de uma base industrial e de infraestrutura militar. Enquanto a USAF argumenta que não vai comprar uma aeronave ainda em desenvolvimento, a empresa diz que a superioridade dos EUA no ar e no solo foi construída com investimento em tecnologias em desenvolvimento. Por fim, apela que a escolha do concorrente vai enfraquecer a segurança nacional a longo prazo, pois poderia afetar “as últimas instalações industriais capazes de construir aeronaves militares a hélice dos Estados Unidos.

Coincidência ou não, dois dias depois (e aproximadamente um mês após o Super Tucano ter sido declarado vencedor do LAS), a empresa anunciou que o presidente da Hawker Beechcraft Defense Company (HBDC), Jim Maslolwski, será aposentado  de seu cargo no último dia de janeiro. Na nota a respeito, a empresa afirmou que Maslowski foi  fundamental para estabelecer o T-6 no mercado internacional, no lançamento do T-6B e para tornar realidade o conceito do AT-6. Desejou-se a ele uma “bem merecida aposentadoria”, sendo informado também que ele deverá continuar como consultor da HBDC, com o título de “Vice Chairman”.

Ainda segundo a empresa, Jim Maslowski chegou ao almirantado na Marinha dos EUA, recebendo altas condecorações em missões de paz e em quatro participações em conflitos. Ele também trabalhou em funções presidenciais na Raytheon e L-3, sendo considerado como “um verdadeiro patriota” pelo seu sucessor provisório na presidência da HBDC, o próprio “chairman” da Hawker Beechcraft, Bill Boisture (até que seja anunciado o novo ocupante do cargo).

Mas deixemos essas questões de patriotismo por um momento e pensemos na boa (ou ruim) e velha política, no contexto atual da concorrência LAS no cenário norte-americano. O que você acha dessa estratégia da empresa? Ela está tentando jogar USAF e Obama um contra o outro, na opinião pública? Ou está fazendo críticas à administração Obama nesse momento em que prévias do Partido Republicano vão definir seu adversário nas próximas eleições dos EUA? A pressão (e o eventual desgaste político) dessa decisão está com a USAF ou com Obama? O que mais poderemos esperar dessa disputa? Vale lembrar que, recentemente, a própria USAF divulgou informe defendendo a aeronave escolhida, o Super Tucano, dizendo que ela ampliará a capacidade da Força Aérea do Afeganistão. Clique aqui para ler matéria a respeito.

FOTOS: missionreadyat6.com (site de divulgação do AT-6 para a competição LAS)

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