RSAF: capacidade ar-superfície do Typhoon é o que mais interessa

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Muitos analistas acreditam que o ritmo de desenvolvimento da fase avançada 1 (P1E) do programa dos Eurofigher Typhoon da Arábia Saudita tem avançado mais rápido do que se poderia esperar à luz das pressões orçamentais que ocorrem sobre as quatro nações parceiras.

Uma possível explicação poderia ser o financiamento saudita. Mas, mesmo que a Arábia Saudita não estivesse financiando, não há dúvida de que o reino vem acompanhado de perto, e talvez com grande entusiasmo, os mais recentes desenvolvimentos.

No relatório anual da BAE do ano passado foi revelado que a Arábia Saudita pretende que os seus últimos 24 Eurofighter Typhoon, de uma encomenda de 72, sejam entregues no padrão Tranche 3.

A versão Tranche 3 do Typhoon terá capacidade ar-superfície completa, incluindo a integração de armas como o míssil de cruzeiro MBDA Storm Shadow e o com o Brimstone PGM, bem como um radar AESA avançado, proporcionando capacidades expandidas de ataque eletrônico.

O reino parece estar dando maior ênfase nas capacidades ar-superfície, tanto para o longo prazo como no futuro mais imediato.

Escrevendo ao jornal Washington Post, o comentarista de defesa David Ignatius, sugeriu que, como parte de uma política mais ampla, a Arábia Saudita planeja dobrar suas forças armadas ao longo dos próximos 10 anos, ao mesmo tempo modernizar muitas das suas capacidades. Ignatius disse que a Real Força Aérea da Arábia (RSAF) introduziria entre 450 e 500 novas aeronaves como parte deste processo, incluindo 84 F-15SA Silent Eagle e mais 72 Typhoon. Isso provavelmente significa que qualquer segundo lote de Typhoon seria entregue no padrão Tranche 3.

Anteriormente pensava-se que os sauditas iria comprar um ou outro tipo, e não os dois, mas agora parece que o Tranche 3 formará a espinha dorsal da força ofensiva, aumentada por novos e recondicionados F-15 e, de fato, pelos Tornados sobreviventes, atualizados no âmbito do programa TSP.

A vantagem do Typhoon para a Arábia Saudita é que possivelmente armas específicas e capacidades defensivas seriam plenamente integradas, já que a pressão israelense sobre os EUA tem historicamente limitado a integração de armas nas plataformas produzidas nos EUA para as forças aéreas árabes.

A intenção declarada do príncipe sultão de que a Arábia Saudita pretende ter perto de 200 Typhoon em serviço na RSAF em 2015 já não parece mais fantasiosa.

Mas o Tranche 3 está ainda um pouco distante e os 24 Typhoons entregues agora à Arábia Saudita são do Tranche 2. Para atender aos prazos, essas primeiras 24 aeronaves da RSAF (18 monoposto e seis bipostos) eram aeronaves que seriam entregues para a Real Força Aérea Britânica (RAF), e que foram desviadas para atender aos requisitos da Arábia Saudita.

A produção já deveria ter sido transferida para as instalações da BAE construídas na base aérea de King Abdulaziz em Dhahran. Os trabalhos nesta instalação (que deveria incorporar uma instalação para a produção local) começou com o cerimonial do lançamento de pedra fundamental pelo ministro da aviação e da defesa, príncipe Sultan, em março 2008. A instalação deveria ter sido concluída em agosto de 2009, com início dos trabalhos no segundo trimestre de 2010, sendo que os primeiro Typhoon localmente montado deixaria as instalações em 2011. Mas o programa industrial (IKIP) não se materializou.

Agora parece mais provável que as 48 aeronaves restantes, encomendadas pela Arábia Saudita, serão construídas na Grã-Bretanha, mas contando com uma instalação no reino que possa realizar manutenção e atualização. A produção dessas aeronaves parece ter estagnado, enquanto os detalhes do contrato são renegociados. A produção local era para ter sido uma característica fundamental do programa ‘Project Salam’ que buscava o nascimento de uma indústria aeroespacial local na Arábia, com milhares de empregos de alto nível técnico. Perder este elemento do programa é um golpe amargo para o reino e acredita-se que a Arábia Saudita esteja trabalhando duro para extrair concessões do Reino Unido em função da perda.

Historicamente, a RSAF sempre procurou estar na cola da RAF e da USAF, procurando trazer novos tipos de aeronaves e novas capacidades em serviço. Com as aeronaves fornecidas pelo Reino Unido, qualquer nova funcionalidade tinha que ser garantida pelo Ministério da Defesa do Reino Unido antes de serem liberados para o RSAF. Mas a Arábia Saudita está se tornando mais confiante e pró-ativa e tem aspirações para ter sua própria engenharia.

Nem os sauditas seguiram  a escolha da RAF nas armas de combate ar-ar. Embora os Typhoons da RSAF usem o AMRAAM AIM-120C5 para combates ar-ar BVR, na arena de curto alcance eles preferem usar o IRIS-T, ao invés do ASRAAM.

Mas os sauditas estão dispostos a seguir as nações parceiras do programa Eurofighter  para expansão do modo ar-superfície na fase 1, parte A (P1EA). Foi relatado que quando a RSAF foi informada sobre o P1EA, seus representantes simplesmente disseram: “Isso é ótimo! Quando é que podemos tê-lo? ”

A ‘Arabian Aerospace’ compreende que a RSAF tornou-se a primeira operadora do Typhoon primeiro ao iniciar as operações ar-superfície usando aeronaves Tranche 2 – e que não vai ter esta capacidade completa até o lançamento da P1EA em meados de 2012.

O esquadrão No.3 da RSAF começou as operações ar-superfície em dezembro de 2011 como parte de um trabalho em etapas, que irá culminar com o aproveitamento pleno quando a P1EA estiver disponível.

Pelo fato do Tranche 2 ter introduzido um novo hardware, a decisão foi tomada em adotar um novo software mais simples (conhecido como SRP 5.0/5.1) baseado no software 4.0 do Tranche 1. Mas desde então o software do Tranche 1 evoluiu e tornou-se o SRP 4.2, fornecendo a capacidade ar-superfície, sendo que a versão SRP 4.3 e uma série de modificações executadas posteriormente forneceu novos aperfeiçoamentos e melhorias ao software.

Isso significa dizer que as aeronaves Tranche 1 têm características, funcionalidades e capacidades que o Tranche 2 não tem. Os tranche 2 não tem a capacidade ar-superfíciefornecidas pelo CP 193 (proposta de mudança 193), recentemente, provada em combate na Líbia.

O Tranche 2 pode, naturalmente, transportar e lançar uma série de armas ar-superfície, incluindo as GBU-16 e as Paveway II guiadas a laser mas elas não foram liberadas para ataques, nem possuem um pod designador a laser.

No entanto, com o apoio de designadores baseados em terra ou em outra aeronaves, os Tranche 2 já podem empregar bombas guiadas a laser e o Esquadrão No.3 deverá trabalhar com Tornados que empregam os pods franceses Damocles  de designação laser. Assim, o Tranche 2 já tem uma capacidade ar-superfície que é melhor do que meramente “rudimentar”.

Com o lançamento antecipado de P1EA no próximo verão do hemisfério Norte, há pouca necessidade de uma capacidade ar-superfície provisória para as aeronaves Tranche 2 e, de fato, qualquer programa destes só poderia atrasar o P1EA e outros programas em curso, incluindo P1EB, a integração do míssil Meteor e o SRP 14.

O P1EA está muito próximo da operacionalidade. Os Typhoon já realizaram um número significativo de lançamentos funcionais de Paveway IV, usando o Litening 3 para guiá-las. O teste de capacidade de designação autônoma final serão realizados durante o primeiro trimestre de 2012.

Os tripulantes do Esquadrão No.17 da RAF estiveram envolvidos nesses estudos, e voaram com o novo software extensivamente, e em aviões instrumentados de produção em série.

FONTE:
Arabian Aerospace

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