Forças Brasileiras na Líbia
Nossas Forças Armadas não enviaram nenhuma unidade para operar durante os combates recentes na Líbia assim como não participaram de outras operações de coalizão como a Operação Tempestade no Deserto, Operação Allied Force (Kosovo) e Iraq Freedom. Em uma situação hipotética, caso sejamos chamados, o que seria feito? As possibilidades discutidas a seguir consideram capacidades atuais, futuras e o que deve ser adicionado as nossas forças armadas.
Possibilidades da FAB
As operações recentes na Líbia foram na maior parte aéreas e por isso a FAB seria o principal candidato a participar. O meio mais provável que poderia ser enviado seriam os KC-137. É uma aeronave de apoio que não traria muitos problemas políticos. Muitas aeronaves participando do conflito usavam reabastecimento por sonda e as patrulhas aéreas duravam muito tempo, com vários reabastecimentos durante a missão.
A Grécia enviou um dos seus E-99 para realizar missões de Controle e Alerta em Voo (CAV). Então os E-99 da FAB seria outro candidato. As limitações começam a aparecer na forma de compatibilidade com outras aeronaves. O padrão usado era o da OTAN e seria necessário ter meios de comunicação padronizado como rádios com salto de frequência e datalinks compativeis. A padronização dos procedimentos também seria necessário e a FAB está resolvendo esta questão com treinamentos conjuntos com outros países. Para segurança também seria necessário um identificador amigo-inimigo (IFF) padronizado da OTAN. Sem padronização os E-99 teriam que atuar mais a retaguarda apoiando outras missões como as órbitas de reabastecimento em voo e fazendo controle de trafego aéreo.
A maioria dos países que atuou na zona de exclusão aérea enviou destacamentos de 4 a 6 aeronaves de caça. A quantidade está bem dentro da capacidade da FAB. A questão passa a ser a capacidade das aeronaves. Os países da OTAN logo conquistaram a Superioridade Aérea. Os pilotos líbios não estavam interessado em lutar pelo seu ditador ou sabiam o que esperavam depois da experiência iraquiana no Golfo. Sua força aérea já estava bem debilitada pelo embargo de armas.
Os F-5EM são os primeiros candidatos da lista. A capacidade não impressiona muito comparado com outras aeronaves da OTAN como o Rafale, Eurofighter e F-16E. Porém, outros caças de segunda geração modernizados também participaram da operação como os Mirage F1 e Super Etandard franceses. Os F-5EM poderiam realizar missões de defesa aérea, realizando Patrulhas de Combate Aéreo mais a retaguarda, cobrindo aeronaves de apoio. Foi a missão que realizaram recentemente durante na Red Flag. Os mísseis Python 5 e Derby são uma ameaça real contra os atuais caças disponíveis na Líbia.
Para participar de operações ofensivas seria necessário que os F-5EM estivessem equipados com armas guiadas. A FAB já comprou os casulos Litening e bombas guiadas a laser Lizard, mas não se sabe se os F-5EM estão qualificados para usar estes sistemas de armas.
Os AMX italianos participaram das operações aéreas sobre a líbia realizando missões de ataque com armas guiadas e reconhecimento tático com os casulos Reccelite. Os AMX da FAB estão equipados com o casulo Reccelite e poderiam realizar pelo menos as missões de reconhecimento. Também foram equipados com o casulo Litening e bombas guiadas a laser Lizard, mas os AMX da FAB não foram modernizados ao contrário dos AMX italianos, tendo limitações em relação aos sensores de alerta radar e guerra eletrônica. As bombas Lizard apoiadas pelos Litening permitiriam que os AMX ataquem os alvos a média altitude e longe da maioria das defesas aéreas em terra, ao mesmo tempo garantindo que aos lvos sejam destruídos com grande precisão. As defesas aéreas líbias foram desabilitadas em poucos dias pelas aeronaves da OTAN. Os futuros A-1M estarão plenamente capacitados para operar em futuras guerras de coalizão, a não ser em relação as questões de padronização já citadas.
Os AMX italianos voaram equipados com os mísseis AIM-9L/M Sidewinder para auto-defesa. Os AMX da FAB já devem ter recebido os MAA-1 Piranha com capacidade semelhante. Futuramente irão receber mísseis ar-ar mais capazes como o MAA-1B e A-Darter.
As imagens abaixo mostram o casulo Reccelite instalado em um AMX da FAB e fotos dos testes da bomba Lizard nos AMX.
Os novos P-3AM da FAB também seriam candidatos a participar das operações. Não estão equipados com armas anti-navio, mas poderiam chamar apoio se se detectassem alvos.
Seria uma ótima propaganda para a EMBRAER se os A-29 Super Tucano participassem das operações. A maior limitação seria a capacidade de sobrevivência da aeronave visto que os A-29 da FAB não estão equipados com sistemas defensivos modernos como alerta radar e alerta de aproximação de mísseis. Até mesmo sensores FLIR mais capazes, como o casulo Litening, seria necessário. A imagem abaixo é do casulo MCF-8F que equipam os Tornados IDS da RAF.
Os MCF-8F são empregados para levar chaff e flare em grande quantidade, mas também podem ser equipados com sensores passivos para alerta de aproximação de mísseis como mostra a imagem inferior da foto. Os A-29 da FAB poderiam ser equipados com casulos semelhantes, recebendo também um sistema de alerta radar. Como seriam necessários apenas em cenários mais perigosos, como missões de busca e salvamente de combate, poderiam ser comprados em pequena quantidade.
Possibilidades da MB
A MB poderia facilmente enviar uma fragata para reforçar o embargo ao redor da Líbia. Os helicópteros Lynx armados com mísseis Sea Skua seriam os meios principais. Ao receberem os novos FLIR estariam mais bem preparados para a missão.
Os AF-1M modernizados teriam a mesma capacidade do AMX. Seriam bem vindos pelos países da coalizão em um cenário onde o acesso a bases aéreas for limitado. O porta-aviões A-12 São Paulo poderia até apoiar aeronaves de outros países, principalmente helicópteros.
Navios de escolta capazes de levar pelo menos um dos novos helicóptero MH-16 equipado com mísseis leves capazes de atacar alvos em terra seriam bem vindos. Os franceses usaram os helicópteros de ataque Tiger e os britânicos os Apache para atacar alvos na costa. Os SH-60 da US Navy já são capazes de disparar os mísseis Hellfire guiados a laser, mas outras opções no mercado podem ser o Lahat e a Spike-ER israelense. Assim o MH-16 poderia atacar alvos próximo a costa, onde realmente aconteceram a maioria dos combates. O FLIR e um telêmetro já estão disponíveis na torreta no queixo do MH-16 como mostra a imagem abaixo.
Uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) tático embarcado capaz de ser levada na Fragata seria útil. Um modelo simples e barato, já em uso em escoltas, é o ScanEagle da Boeing.
A MB está adquirindo os S-2 Tracker para atuar como aeronave de Controle e Alerta em Voo (CAV), mas um helicóptero equipado para a missão poderia operar de uma fragata para adquirir alvos em terra com o radar, realizando a mesma função dos R-99. Seria a mesma missão que os Sea King AEW da Royal Navy estão fazendo no Afeganistão. Os alvos encontrados no radar seriam passados para os ARP e SH-60 e poderiam ser depois atacados.
Os navios da MB também poderiam participar diretamente dos ataques contra alvos em terra. Os ARP e helicópteros poderiam atuar como aeronaves de vigilância e designação de alvos e os alvos seriam atacados pelos canhões das fragatas. Claro que a capacidade atual dos canhões Mk8 seria insuficiente. Uma nova capacidade, e bem desejável, seria o uso de projéteis guiados. Uma arma que poderia armar as novas fragatas da MB seria o canhão Compact 127/64LW da Oto Melara equipados com os projéteis Vulcano. O alcance máximo gira em torno de 100 km podendo ter guiamento terminal a laser. A potência dos projéteis seria suficiente para atacar tropas e blindados em terra. A imagem abaixo é do canhão Compact de 127 e dos testes do projétil Vulcano.
Os navios da MB também poderiam atacar alvos em terra com mísseis. Poderia ser uma arma dedicada como os mísseis cruise, sendo o Scalp naval francês o modelo mais provável, ou com um míssil anti-navio com capacidade de atacar alvos em terra. Poderia se até uma versão do MAN-1 com guiamento por GPS.