Na Aeronáutica, costuma-se dizer que o piloto brasileiro é o melhor do mundo no transporte de autoridades. Há um esquadrão, o Grupo de Transporte Especial (GTE), especializado no leva e traz constante de ministros e integrantes do primeiro escalão. Mas, fora daí, está cada vez mais difícil alçar voo. O corte feito no orçamento da Força obrigou o comandante Juniti Saito a determinar a redução de 25 mil horas de voo dos pilotos este ano.

Os pilotos da FAB, este ano, voarão no máximo 170 mil horas, 15% menos do que costumavam fazer durante os anos de 2010, 2009 e 2008, quando o volume foi entre 190 mil e 200 mil horas de voo por ano.

De acordo com informações obtidas pelo Estado, o corte destas 25 mil horas de voo irá reduzir a capacidade operacional dos pilotos. Os mais preservados são os militares que operam as aeronaves que atendem a Presidência da República e os aviões do GTE. Mas, mesmo neste caso, houve uma redução de número de horas de voo executadas já que a própria presidente Dilma Rousseff diminuiu a quantidade de viagens, comparada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Evasão. Este tipo de corte desestimula os militares que, além de se queixarem dos baixos salários, são tentados pelas companhias aéreas. Segundo a Agência Nacional de Aviação, o transporte de passageiro vem crescendo, em média, 20% ao ano.

Mas o problema de evasão não é só na FAB. Em recente entrevista, o ministro Celso Amorim informou que o problema salarial está levando à evasão de militares no Exército, na Marinha e na Aeronáutica.

Levantamento feito pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) aponta que, de 2009 para 2010, só no caso de oficiais da Força Aérea, a evasão mais que dobrou, passando de 27 para 54 oficiais que deixaram a FAB. Este ano, 26 oficiais partiram para a vida civil somente no primeiro semestre.

FONTE: Estadão

NOTA DO PODER AÉREO: reportagens de hoje do mesmo jornal tratam tanto do problema do contingenciamento / sucateamento das Forças Armadas quanto do desbloqueio das verbas, de forma a “reduzir tensão” e garantir recursos para programas-chave (veja os dois links a seguir, do site das Forças Terrestres). Mas não se pode esquecer um detalhe: estamos em novembro. Os estragos causados pelo contingenciamento , apesar de amenizados em parte pela liberação de recursos agora, já duraram os onze primeiros meses do ano, levando à redução de horas de voo, de operações, de treinamentos, de manutenção de meios, o que também motivou evasões etc.

Geralmente, quando se compara os orçamentos ao longo dos anos, pode-se mesmo perceber um aumento nos orçamentos de defesa, como mostra uma das matérias do jornal. Mas, indo para o detalhe dos contingenciamentos durante a maior parte de cada ano, “compensados” pela liberação ao final (recurso mais do que corriqueiro na administração pública), percebe-se que, na prática, isso gera grandes problemas como os relatados no texto da matéria acima.

No fim das contas, parte das verbas descontingenciadas ao final de um ano acaba servindo para reparar os estragos feitos pelo próprio contingenciamento: afinal, a perda de pessoal treinado em que se investiu muito,o vencimento de suas qualificações, o acúmulo de equipamentos sem reparo, a canibalização de aeronaves, navios e viaturas, tudo isso cobra um custo para reparar. E que não é desprezível.

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