Novas perspectivas para longas relações com o Brasil: Thales e Arianespace
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Na segunda parte desta matéria exclusiva do Poder Aéreo, veja o que Thales e Arianespace apresentaram no painel ‘Novas Parcerias e Transferência de Tecnologia Aeronáutica e Espacial’, do III Fórum de Inovação e Tecnologia França-Brasil.
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“A Omnisys é um centro internacional de excelência da Thales para pesquisa e desenvolvimento e para exportações a partir do Brasil” – Lionel Collot, diretor de engenharia da Thales
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Lionel Collot procurou destacar a porcentagem de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento do grupo, que em 2009 foi de 20% da receita – o equivalente a 2,5 bilhões de euros. Falando em inovações, destacou também que os mais de 25 mil pesquisadores e engenheiros da Thales (dentro de um universo de 68 mil pessoas) têm sido responsáveis por mais de 300 novas invenções por ano, nas áreas de Defesa e Segurança, que correspondem a 60% do faturamento do grupo, e Aeroespacial e Transportes, com 40%.
O Brasil é um dos 50 países em que a Thales está presente, numa relação que remonta aos anos 1960 e 1970, com a implantação do sistema de controle do espaço aéreo brasileiro. Assim não surpreendeu que boa parte da apresentação foi dedicada ao trabalho da Omnisys, subsidiária brasileira do grupo e que se destaca justamente pela produção de radares para controle do tráfego aéreo.
Segundo Collot, a Omnisys é hoje um dos centros internacionais de excelência em Pesquisa e Desenvolvimento da Thales, destacando-se especialmente na tecnologia de radares, mas também em outras áreas. A relação com a Thales é de partilha de tecnologias e de competências, sendo a Omnisys a responsável pela absorção da tecnologia de sistemas avançados de radar ao longo dos próximos anos.
A estratégia no Brasil vem sendo a de inserir a subsidiária brasileira na cadeia de fornecedores globais da Thales, investindo localmente em Pesquisa e Desenvolvimento. Esse investimento tem revertido também em premiações, como o 4º Prêmio Top Engenharia 2011 da UFMG e o 2º lugar no Prêmio Inovação 2010 da FINEP sendo a segunda empresa em número de projetos financiados pela entidade no ano passado. As colaborações da empresa com universidades e instituições como USP, Unicamp, FEI, UFABC, INPE, IPqM e IPT também foram destacadas como iniciativas de inovação buscando o mercado mundial.
Ao final da apresentação, o moderador Bruno Gallard da EADS perguntou a Lionel Collot sobre as iniciativas para realmente compartilhar tecnologias, indo além dos acordos e conversas. Collot destacou a necessidade de se buscar os diferenciais locais e, no caso brasileiro, citou a competência em informática. A partir daí, como uma ação gerencial concreta ele citou a visão da Thales em exportar a partir do Brasil, com a Omnisys, como uma iniciativa para incentivar o compartilhamento de tecnologias.
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“Decisões políticas têm que ser fortes e buscar a longa duração” – Jackes Breton, vice-presidente da Arianespace
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Breton focou o início de sua apresentação na estratégia da Arianespace de oferecer ao mercado três opções de lançamento de satélites a partir da Guiana Francesa: o Ariane 5, o Soyuz e o Veja (este último um lançador leve, que estará disponível a partir de 2012). Deixou claro que boa parte do esforço de inovação está centrado, na empresa, no trabalho de suas equipes para implementação desses três tipos diferentes de lançadores (e especialmente na colaboração com a Rússia), grerenciando bases de lançamento dedicadas.
Já no que se refere ao Brasil, o destaque foi mais para o histórico da relação da Arianespace com o país: 8 satélites lançados desde 1985 sendo que o próximo, o Star One C3, está programado para o ano que vem. Entre os novos acordos, as oportunidades ligadas à tecnologia estão centradas no acordo de assistência técnica para o Satélite Governamental Brasileiro – SGB.
Outra oportunidade para o Brasil é a forte ligação da empresa com as agências espaciais europeias, estabelecendo ligações entre os diversos atores do setor. Segundo Breton, a utilização de um sistema de lançamento da Arianespace facilitaria a aprovação da transferência das tecnologias espaciais, devido à garantia de uma transferência controlada.
Perguntado pelo moderador Bruno Gallard da EADS sobre qual seria o rumo certo para o Brasil crescer como potência espacial, Jackes Breton respondeu que o que o país precisa é de uma decisão política forte, visando a longa duração. Isso permitiria crescer de maneira progressiva, permitindo ao mesmo tempo desenvolver a capacitação para cooperações como a de Alcântara.
Não perca, amanhã, a última parte desta matéria sobre o III Fórum de Inovação e Tecnologia França-Brasil.
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