‘Foxes on the run’: como andam os F-5F comprados da Jordânia
O que faltava era mostrar as fotos mais detalhadas dos “novos” F-5F da FAB que, pelo andamento dos trabalhos, em breve deverão ser mandados à Embraer para receberem as modificações e os novos sistemas que os transformarão em “Mikes” (código para “M”, de modernizado, no plural).
Clicando nas fotos para ampliar, pode-se perceber o estado atual dessas células, após as diversas substituições de chapas e componentes, de tratamentos anticorrosivos e outras intervenções que são feitas antes de se aplicar a tinta esverdeada (pré-pintura, ou “primer”) que serve de base para a futura aplicação da pintura final, a camuflagem verde e cinza que caracteriza hoje a maior parte das aeronaves de combate (e de transporte tático) da FAB. Áreas como as baias para os trens de pouso e os freios aerodinâmicos, encaixe das asas (que formam uma peça inteiriça) e outras já receberam a pintura definitiva em alumínio.
Passando o cursor sobre as imagens antes de clicar para ampliá-las, você pode conferir as legendas que as identificam como um dos três futuros F-5F que vão operar na FAB: 4810, 4811 ou 4812.
Obviamente, isso é apenas uma parcela visível do trabalho realizado. As partes estruturais mais internas não aparecem nas imagens, mas é certo que também foram objeto de atenção. Componentes diversos como trens de pouso, sistema hidráulico, pneumático e outros seguiram para diversas instalações dentro do PAMA-SP, para avaliação, reparo e recuperação. Outros itens, como os motores, foram testados em bancos de ensaios e, conforme os resultados e o tempo decorrido desde a última revisão, foram mandados para a empresa que realiza seu “overhaul”, a Focal.
Outras oficinas do PAMA-SP e os bancos de ensaios de motores serão mostrados em outras matérias desta série.
Na última das quatro imagens logo abaixo, podem ser vistos dois conjuntos de asas (que formam uma peça integral) de F-5F. Como adiantamos na matéria anterior, elas são facilmente reconhecíveis pelas “fences” instaladas na parte superior das asas. Trata-se de aletas que evitam que o fluxo de ar se desvie para as pontas, de forma a gerar mais sustentação e controle e compensar o maior peso e o desequilíbrio gerado pelo “bico” maior do modelo biposto (comparado ao F-5E monoposto que não tem essas aletas nas asas). Bem ao fundo, vê-se uma seção posterior da fuselagem, que é destacável para facilitar a retirada dos motores, e que tem parte da sua construção em titânio (conforme informações de publicações sobre o F-5).
Pode-se entender um pouco mais sobre a dimensão deste trabalho olhando as fotos realizadas pelo Poder Aéreo há dois anos, e que mostram dois desses F-5F comprados da Jordânia. Clique nas imagens para ampliar. Um desses “Foxes”, em 2009, havia passado apenas pela retirada de alguns componentes para avaliação inicial, pois ainda ostentava a pintura original jordaniana. Já outra aeronave mostrava ter passado pela fase de retirada da pintura e de todos os componentes, além da marcação dos locais onde era necessário fazer intervenções, como substituição ou recuperação de peças. Numa das fotos, um “close” no estabilizador vertical permite ver claramente essas marcações de trabalhos a serem feitos.
Finalizando, um pouco de música para justificar o título da matéria e combinar com o trabalho realizado até o momento nesses “Foxes”. Assim como o F-5F, a banda inglesa “Sweet”, do clipe abaixo, é um genuíno produto dos anos 1970, embora com raízes nas décadas anteriores. A música “Fox on the run” marca claramente uma transição do Sweet, saindo um pouco da fase “bubblegum pop”, ou rock comercial adolescente de músicas compostas pelos “hitmakers” Chinn e Chapman (que também compuseram para Suzy Quatro), para um hard rock mais original, com músicas compostas pelos próprios integrantes da banda. Fox on the run também é uma resposta aos críticos que malhavam o grupo.
Você pode até reclamar que a música é velha e datada, mas os nossos “Foxes” também são! E, como o Sweet de meados dos anos 1970, esses F-5F estão passando por uma transição para um novo estilo, original e bem mais poderoso, dando uma boa sobrevida antes da merecida aposentadoria. Afinal, tanto na música quanto na tecnologia aeronáutica, a fila anda.
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