PAMA-SP 2011: ‘Mikes’ e ‘Foxes’ nas linhas de revisão
Algumas das aeronaves, que normalmente são organizadas no espaço em linhas de desmontagem e remontagem dos compontentes, foram deslocadas para a lateral do hangar, abrindo mais espaço para circulação e exposição de viaturas da Polícia Militar de São Paulo, do Exército Brasileiro, palanque para palestras etc. A abertura de espaço foi providencial, pois com a chuva incessante que caía do lado de fora, o hangar esteve continuamente mais cheio de gente do que em eventos anteriores.
E lá dentro estavam sete dos oito caças F-5 que atualmente estão recebendo maior atenção do PAMA-SP: quatro F-5EM (versão monoposta modernizada) e três F-5 F (versão biposta adquirida usada junto à Jordânia). Outro F-5EM estava do lado de fora.
Expostos em vários graus de desmontagem / remontagem, estavam três dos “Mikes” (referência ao “M” de modernizado, que serve tanto para os modelos “F” bipostos quanto os “E” monopostos, dos quais somente os monopostos estavam no PAMA-SP). Eram os caças de matrícula 4836 e 4870, além de um cuja numeração não estava pintada.
Outros dois, de matrículas 4849 e 4862, chegaram recentemente à organização (pudemos vê-los quando estavam na Base Aérea de São Paulo – BASP, no recente evento de Portões Abertos comemorativos dos 70 anos da base – veja matérias nos links ao final). O F-5EM 4849 foi destacado para visitação / fotos pelo público, dentro do hangar, enquanto o 4862 ficou na parte externa, sobre uma carreta de transporte (devido às restrições da pista do Campo de Marte – PAMA-SP, os F-5 pousam na BASP e são transportados de carreta).
Nas fotos logo abaixo, pode-se ver que sob as asas do F-5EM 4849 foram instalados os pilones internos (mais próximos da fuselagem do que da ponta da asa), fazendo companhia aos externos, assim como um HUD (Head Up Display, visível na foto acima) na cabine, itens que não estavam presentes na aeronave quando a vimos na BASP. Pode-se perceber claramente o flap do bordo de ataque baixado, para o que existe uma reentrância no pilone externo. O interno não necessita dessa reentrância, pois é posicionado de forma mais recuada que o externo – este último fica mais avançado em relação ao bordo de ataque da asa para compensar o ligeiro enflexamento da parte anterior da asa. Assim, sua carga útil pode ser instalada na região do centro de equilíbrio da aeronave, como já mostramos em matéria anterior.
Quem visitou o hangar pôde ver em todos os detalhes os três “Foxes” (referência à versão “F”, biposta, do F-5) adquiridos usados da Jordânia, já em avançado estágio de revisão geral. Com boa parte do trabalho em suas estruturas e chapeamento concluído, as células já tinham aplicada a pintura “primer” externa, de cor esverdeada, assim como a pintura em alumínio de suas baias internas para os trens de pouso e outros itens. Clicando nas fotos, pode-se ver o resultado desse cuidadoso trabalho de revisão. Nas caudas, os números 10, 11 e 12 indicam as matrículas das células que, espera-se, em breve seguirão para a Embraer para receber os novos sistemas, para entrar em operação na FAB com as matrículas 4810, 4811 e 4812.
Vale a pena fazer aqui uma observação: os primeiros F-5 bipostos recebidos pela FAB eram do modelo “B”, versão biposta do F-5A (à época do contrato, em 1972, o “Fox”, que é a versão biposta do F-5E, ainda não estava disponível, faltando alguns anos para seu primeiro voo). Foram recebidos, novos, seis F-5B, que receberam as matrículas de 4800 a 4805. Um deles se acidentou, e os cinco restantes, desativados em meados dos anos 1990, hoje estão em exposição em museus ou entradas de bases – um deles em frente ao próprio PAMA-SP, como veremos numa próxima matéria. No último link da lista abaixo, você poderá saber um pouco mais da história desses F-5B.
Já no final dos anos 1980, a FAB recebeu um segundo lote de caças F-5, adquiridos usados da USAF, onde eram operados em esquadrões “aggressor”. Nesse lote, vieram quatro caças F-5F, que receberam matrículas na sequência dos F-5B: 4806 a 4809. Um deles se acidentou e os outros três, modernizados, seguem em operação na FAB. No final da década de 2000, a FAB recebeu um terceiro lote de caças F-5, adquiridos usados junto à Jordânia, no qual vieram três modelos bipostos. Como a prioridade da compra foi justamente essa versão biposta, as três células também foram priorizadas para a revisão, e por isso aparentam estar próximas do final do trabalho.
Na foto acima, pode-se ver asas de F-5F próximas às células do 4810 e 4812. É fácil identificá-las pela presença de “fences” (aletas) na parte superior, inexistentes na versão monoposta. Numa delas, podia-se verificar num formulário que a aeronave à qual pertence acumulou por volta de 3.000 horas de voo na Força Aérea Real da Jordânia.
Do lado de fora, o F-5EM 4862, com as marcações do esquadrão Pampa (1º/14º GAV, baseado em Canoas, Rio Grande do Sul) chamava a atenção do público nos momentos em que a chuva diminuía um pouco. Pode-se perceber o dispositivo de captação dos movimentos do HMD (mira / visor montado no capacete), preso do lado de dentro da parte transparente do canopi, e que já mostramos em matéria anterior (veja nos links abaixo).
Como os F-5EM já foram objeto de diversas matérias recheadas de fotos aqui no Poder Aéreo, tanto em operação quanto sofrendo revisão, vamos dedicar a próxima matéria a mais fotos dos “Foxes” em revisão no PAMA-SP. Aguarde!
NOTA DO PODER AÉREO: gostaríamos de dar os parabéns à organização do Domingo Aéreo 2011 do PAMA-SP por procurar fazer desta edição do evento a mais completa de todos os tempos, como iremos mostrar nas matérias desta série. Só não foi mais completa por causa das condições meteorológicas, que impediram uma bela agenda de exibições aéreas (que incluiriam passagens de caças F-2000, F-5EM e A-1, além de diversas outras aeronaves). Mas as exibições internas compensaram largamente, na nossa opinião, as ausências aéreas para o público que realmente se interessa pelo trabalho “invisível” dessa organização da FAB. Fica aqui também registrado o nosso reconhecimento a todo o pessoal do PAMA-SP que teve que trabalhar duro não só no domingo, mas nos dias anteriores e posteriores, para tornar possível o evento.
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