4 milhões para manter os F-2000 por mais alguns anos. É vantajoso?
Uma fonte informou ao Poder Aéreo que, para prolongar por mais alguns anos a vida útil dos F-2000 (designação do Mirage 2000 na FAB) que operam no 1º GDA, em Anápolis, é necessário comprar um pacote de peças estimado em 4 milhões. A informação não é precisa em relação à moeda (euro, dólar ou real). Assim, o montante pode variar entre 4 e 10 milhões de reais, aproximadamente, conforme o câmbio.
Caso essas peças não sejam adquiridas, a previsão é que os caças F-2000 deixem de voar no final de 2012 ou, no máximo, no primeiro semestre de 2013 – prazo este que combina com o de outras fontes. Por outro lado, no caso desse pacote de sobressalentes ser recebido, a saída de operação dos F-2000 poderia ser postergada e até coincidir com a chegada de novas aeronaves do programa F-X2, hoje estimada para 2016.
Isso se o F-X2 for decidido em 2012, é claro, e que não encontre grandes percalços após a eventual decisão.
Ainda que o valor possa variar entre 4 e 10 milhões de reais, e que a quantidade e tipo de sobressalentes envolvidos não tenha sido informado, de forma que se possa dizer se valem esse dispêndio, pode-se refletir sobre essa compra de peças ser vantajosa ou não, dadas as consequências de se gastar ou não esse valor.
Para responder se vale a pena, deve-se pensar nas alternativas caso a frota de caças F-2000 da FAB, composta por 10 modelos monopostos (Mirage 2000-C) e dois bipostos (Mirage 2000-B) deixe de voar entre o final de 2012 e o início de 2013.
Se levarmos em conta uma possível lacuna de três anos entre a desativação desses caças (em 2013) e a entrada em operação de um possível vencedor do programa F-X2 (repetimos: se realmente esse programa chegar a uma decisão em 2012 para início de entregas em 2016), esta lacuna deverá ser preenchida de algum modo. Caças F-5EM com pilotos de outros esquadrões podem até assumir, desdobrados, o alerta em Anápolis – não seria a primeira vez. Mas não há mais jatos AT-26 Xavante disponíveis em quantidade para manter a proficiência dos pilotos do “Esquadrão Jaguar” em jatos até o recebimento de um substituto, como foi feito no período entre a desativação dos F-103 (Mirage III) e a entrada em operação dos F-2000.
Uma das formas de preencher a lacuna é reequipar o 1º GDA com caças F-5EM, à custa da dotação de outros esquadrões, de forma que sejam voados pelos próprios jaguares. Pode ser que, até o início de 2013, as primeiras unidades adquiridas usadas da Jordânia já estejam revisadas e modernizadas, notadamente os modelos F, bipostos, cuja revisão e modernização foi considerada prioritária.
Outro modo é adquirir um novo modelo de “caça-tampão” usado. Porém, caso um novo “tampão” não seja da família Mirage 2000, isso implicaria em novos gastos com treinamento, infraestrutura, logística, armamento etc. Gastos discutíveis no caso de uma nova aquisição que seja somente para “tapar buraco” por uns três anos ou um pouco mais. A não ser que haja ao menos alguma comunalidade desse “tampão” com um eventual vencedor do já bastante adiado programa F-X2.
Mas…
Pode ser que nenhuma decisão seja tomada em relação ao F-X2. E então, qual seria a solução? Manter os F-2000 com tecnologia e armamentos da década de 1980 voando por mais alguns anos, ao custo citado de 4 a 10 milhões de reais em sobressalentes, fora outros custos operacionais que o equiparam aos gastos com caças mais modernos? E isso sem a perspectiva de seu substituto ser um caça adquirido novo? Ou trocá-los já em 2013 por um “tampão do tampão”, algum caça usado mas com tecnologias mais próximas do século XXI? Ou mesmo pela solução “caseira” do F-5EM?
É sempre bom ressaltar que mesmo o reequipamento com caças F-5EM traz consequências em custos de treinamento, adaptação de pilotos e pessoal de terra, deslocamento de pessoal etc. Além do peso adicional sobre uma frota limitada de caças que, apesar de extensivamente modernizados, não deixam de ser aeronaves com quase 40 anos de uso. E, mais pra frente, essa e outras opções sem conexão com o F-X2 apenas adiariam o problema, e novamente o 1º GDA teria que se readaptar a um novo vetor, seguindo o seu caminho “de tampão em tampão”.
E você, o que acha? Vale a pena ou não o 1ºGDA voar seus F-2000 por mais alguns anos?
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