A Europa precisa trabalhar de forma conjunta na próxima geração de UAVs ou repetirá os mesmos erros que levaram ao desenvolvimento e a produção de diferentes e custosos caças de combate que competem na mesma categoria, informou o grupo aeroespacial EADS neste domingo.

O aviso, feito na véspera do Paris Air Show, segue uma decisão da Grã-Bretanha e da França para pressionar outras empresas de defesa da Europa com o propósito de trabalhar em um único UAV armado com o envolvimento da EADS.

“Não estamos satisfeitos com o desenvolvimento de dois projetos potencialmente concorrentes na Europa, onde, obviamente, a Europa não está em posição de gastar 300 milhões de euros (US $ 425 milhões) nos próximos anos para desenvolver um projeto”, disse Stefan Zoller, executivo da EADS.

A EADS passou anos desenvolvendo o veículo aéreo não tripulado Talarion por conta própria na esperança de receber encomendas da França, Alemanha e Espanha.

No entanto, a Dassault Aviation da França e a BAE Systems da Grã-Bretanha intensificaram seus planos para construir seu próprio UAV segundo um acordo de defesa franco-britânico assinado no ano passado, provocando a ira e a frustração da EADS.

“Por que abandonar um projeto como esse … para refazer tudo de novo? Da minha perspectiva, isso é ridículo”, disse Zoller a jornalistas.

“Estamos prontos”, disse ele. “É uma pena ver que do lado europeu, novamente, a concorrência potencial irá atrasar a execução de tais programas.”

A França retirou-se do programa europeu Eurofighter em 1985 para trabalhar em seu próprio projeto – o Rafale, construído pela Dassault. Os dois aviões de combate estão competindo cabeça a cabeça no contrato indiano MMRCA, estimado em US $ 11 bilhões.

Embora a EADS detenha quase 50 por cento da Dassault, herdada do governo francês, ela não tem nenhuma influência sobre a empresa e os jatos são ferozes rivais no mercado.

O Rafale foi concebido como um projeto puramente francês como um gesto de soberania nacional, mas a França, desde então, voltou ao comando da Otan e analistas dizem que as condições econômicas sinalizam que nenhuma nação poderá agora ter recursos para construir um caça só.

O desenvolvimento de UAV em conjunto poderá pavimentar o caminho para uma futura geração de aviões de combate, que poderia ser não-tripulados.

Zoller apelou à França, Alemanha, Espanha e Turquia para reunir a quantia de 300 milhões de euros que permitirá a construção de um protótipo do Talarion até 2014.

A EADS já havia ameaçado de parar de trabalhar na Talarion se possíveis compradores não compartilharem parte dos custos de pesquisa.

A Dassault disse no início deste mês que o seu UAV Telemos poderia estar pronto e entrar em serviço em 2016, desde que os ministros francês e britânico autorizem o início do programa.

No entanto, o Talarion tem sido criticado por militares europeus pela sua falta de armamentos quando comparado com os projetos norte-americanos.

Zoller disse que o Talarion poderia ser usado em inúmeras missões.

FONTE: Reuters

TRADUÇAÕ E ADAPTAÇÃO:
Poder Aéreo

wpDiscuz