Gripen utiliza parte de sua capacidade ‘swing-role’ na Líbia
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Caças estão usando cada vez mais a capacidade de mudar de missão de reconhecimento para caça numa mesma surtida
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Nas últimas semanas, segundo informe das Forças Armadas da Suédia divulgado no último dia 5 de junho, a capacidade ‘swing-role’ do Gripen tem sido utilizada com mais frequência sobre a Líbia, alternando-se em voo as missões de reconhecimento e de caça.
Vale a pena, primeiramente, explicar o sentido do termo. O JAS39 Gripen foi projetado para ser um caça ‘multi-role’ e ‘swing-role’. O primeiro termo significa que um avião pode ser usado em diversos tipos de missões, como caça, ataque e reconhecimento, enquanto o sentido do segundo é que a aeronave pode mudar de tipo de missão no ar (sem estar limitado a uma única programação feita no solo) desde que já tenha decolado com as cargas (armas e equipamentos) necessários aos tipos de missão. A mudança é realizada em voo bastando um ou mais “cliques” na interface piloto-máquina.
Após completar uma missão de reconhecimento e realizar o reabastecimento em voo, os pilotos têm sido liberados para a função de caça, ao invés de simplesmente voltar para a base na Sicília. Todos os dias, tem havido violações à zona de exclusão aérea, com helicópteros e pequenas aeronaves a hélice empregadas em missões de transporte, minagem e controle de fogo para artilharia.
Com os pods de aquisição de alvos e o radar, os Gripens suecos podem acompanhar e identificar alvos aéreos voando a velocidades e altitudes baixas. Com a combinação dos radares dos caças e das câmeras de vídeo dos pods, a identificação desses alvos é feita a longa distância, cobrindo lacunas na vigilância da coalizão.
O comandante do destacamento sueco, Stephen Wilson, afirmou: “com nossos sensores e devido ao fato que estamos sempre voando com armamento ar-ar, durante uma missão nós podemos ajudar de várias formas a manter a zona de exclusão aérea”.
Um exemplo de configuração dos caças pode ser visto na foto do alto da matéria, adequada às missões de caça e de reconhecimento (sendo que os pods de reconhecimento também auxiliam na tarefa de identificar os alvos aéreos). Nas asas, o caça está transportando dois tanques externos e dois mísseis ar-ar de médio alcance (BVR – beyond visual range – além do alcance visual) Rb 99 AMRAAM em pilones, além de dois mísseis ar-ar de curto alcance e guiagem infravermelho Rb 98 IRIS-T nos trilhos das pontas das asas.
No pilone central sob a fuselagem, vê-se um pod de reconhecimento SPK 39 V da Saab, que tem 4,6 m de comprimento, peso de 730 kg e é equipado com uma câmera Goodrich CA-270 e uma memória de 80 GB. A câmera pode se mover, de modo que o piloto fotografe um alvo lateral sem ter que voar sobre o mesmo. No pilone da fuselagem anterior, sob a cabine, é instalado um pod Litening III, fabricado pela Rafale / Zeiss, com sensores ópticos, infravermelho e iluminador laser. Na foto logo abaixo, um engenheiro de voo trabalha na unidade de memória de um pod SPK 39 V.
A importância do reconhecimento realizado por jatos, segundo o destacamento na Líbia
A principal tarefa dos caças Gripen na Líbia tem sido as operações de reconhecimento, que já somaram mais de 82.500 fotos e 300 relatórios de inteligência, o que corresponde a uma grande parte da capacidade de reconhecimento tático da coalizão.
Segundo Wilson, “apesar de podermos saber, num determinado dia, que as defesas aéreas mais avançadas da Líbia não estejam funcionando por seus radares estarem fora de ação, isso não significa que essa será a realidade do dia seguinte. A Líbia é um país altamente militarizado, com inacreditáveis quantidades de equipamento militar estocado. Em alguns dias, pode-se ver novas unidades sendo retiradas de estoques para a reconstrução da capacidade, por isso é tão importante monitorar continuamente a situação lá embaixo.”
Segundo um dos responsáveis pela interpretação das fotos, há também um entendimento errado, do público em geral, de que as missões de reconhecimento aéreo tático, realizados na operação pelo Gripen e outras aeronaves, poderiam ser feitas por satélites.
Na verdade, satélites, UAVs (Veículos Aéreos Não Tripulados – VANTs) e aviões de reconhecimento se completam, e não se deve empregar apenas um desses sistemas. Satélites têm a vantagem de orbitar o globo, mas frequentemente passam por uma área específica apenas uma vez por dia. Se há muitos alvos na área, um deve ser priorizado. Os UAVs são ideais para cobrir uma área menor e específica por mais tempo, mas sua baixa velocidade requer muito tempo para cobrir outras áreas. Já o reconhecimento tático feito por jatos é a maneira mais rápida de cobrir alvos múltiplos em uma área maior.
Ainda segundo um dos responsáveis pela interpretação, “com o pod de reconhecimento, nós podemos captar imagens de alta resolução sobre grandes áreas e, por meio de imagens tiradas com intervalos, podemos também utilizá-las em 3D em nossos computadores”, o que é facilitado pela tecnologia digital dos pods de reconhecimento, permitindo também uma alta qualidade de imagens e rapidez na entrega aos centros de comando.
Nas imagens abaixo, da região de Trípoli, vê-se uma grande quantidade de materiais para os sistemas de defesa aérea SA-2, SA-3, SA-6, SA-8 SA-9 e ZSU-23 / 4.
FONTE / IMAGENS: Forças Armadas da Suécia
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