‘Feito para a missão’: o contra-ataque do Super Tucano na web

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Sierra Nevada e Embraer lançam o site ‘BuiltForTheMission.com’ para promover o Super Tucano na concorrência do LAS da USAF

Na quinta-feira, 19 de maio, a empresa norte-americana Sierra Nevada Corporation (SNC) informou o lançamento do site www.BuiltForTheMission.com em conjunto com a brasileira Embraer, como parte de sua oferta para o fornecimento do A-29 Super Tucano (aeronave, treinamento e suporte) para a missão LAS da USAF (Light Air Support – apoio aéreo leve – da Força Aérea dos EUA).

O programa LAS visa fornecer aproximadamente 20 aeronaves para o Corpo Aéreo Do Exército Nacional do Afeganistão e 15 para a USAF, e espera-se o anúncio de uma decisão no mês de junho.

O objetivo é destacar as capacidades do Super Tucano e como sua seleção beneficiaria tanto as Forças Armadas quanto a economia dos EUA. Entre os destaques, estão a construção da aeronave em  Jacksonville, na Flórida, por trabalhadores norte-americanos, com peças fornecidas por mais de 60 fornecedores dos EUA, em 19 estados, garantindo pelo menos 1.200 empregos locais. Segundo Taco Gilbert, Vice Presidente para desenvolvimento de negócios ISR da Sierra Nevada, “selecionar o A-29 Super Tucano representa uma vitória para a missão, para o combatente e para as empresas e trabalhadores dos EUA que contribuirão para o processo A SNC se juntou à Embraer para oferecer o ‘Super T’ porque ele é a única e melhor plataforma provada em combate para a missão LAS.”

Ainda segundo o informe da SNC, a missão LAS pede por uma solução que não precise ser desenvolvida, e que possa prover a versatilidade, o engajamento e a persistência que os combatentes precisam em ambientes contrainsurgência, por um preço significativamente menor. A aeronave deve oferecer apoio de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), empregar uma grande variedade de armamento (incluindo armas guiadas de precisão) e operar em terrenos extremamente rústicos e condições austeras.

A SNC também destaca que o AT-29 Super Tucano, um avião de ataque leve feito especialmente para missões contrainsurgência, foi desenvolvido para operações de defesa e segurança nas florestas da Amazônia, onde pistas de pouso são sempre improvisadas e o ambiente é extremamente austero. Também lembra que se trata de uma aeronave comprovada em combate, com mais de 150 unidades em operação ao redor do mundo em 5 Forças Aéreas (e com encomendas de outras forças) e que já acumulou mais de 100.000 horas de voo. Destas, 16.000 horas foram em combate, situação em que não teve nenhuma perda.

Segundo Gary Spulak, o Presidente da Embraer Aircraft Holdings North America, “o Super Tucano é um projeto desenvolvido a partir de uma folha em branco (clean sheet design), feito para o combate, para COIN e otimizado para a USAF. Ele não traz soluções de compromisso em relação à sobrevivência da tripulação, controle da aeronave ou eficácia da missão.”

Entre as diversas seções do site, chamou a atenção do Poder Aéreo a que faz a comparação direta com o concorrente AT-6, com um diagrama (clique na imagem acima para ampliar) em que os perfis das duas aeronaves são sobrepostos, e onde se destacam diversos pontos fortes do Super Tucano.

Um desses pontos é a empenagem mais longa e o leme de maior profundidade, para compensar o torque e a potência do motor de 1.600 cavalos (mesmo motor que o protótipo do AT-6 recebeu – mas essa remotorização não teria sido acompanhada, no AT-6, de uma mudança nas superfícies de controle para compensar o aumento da potência). As maiores dimensões da empenagem e do leme do Super Tucano também aumentam a estabilidade, a precisão no lançamento de armas e o espaço para inevitáveis crescimentos das missões, segundo o site.

Outro é a maior distância entre o trem de pouso principal (tabém mais largo) e a bequilha, o que combinado à robustez do mesmo e de seus pneus proporciona um melhor desempenho em terrenos não preparados. O canopi maior visa proporcionar aos tripulantes uma visão externa superior, quando comparado ao menor canopi do AT-6. 

A instalação de metralhadoras nas asas diminui o arrasto em relação à instalação de armas de tubo em pilones, liberando os pontos duros sob as asas e fuselagem para outros armamentos. Além disso, o diagrama destaca a diferença de posições em que é instalado o sistema imageador eletroótico / infravermelho nas duas aeronaves. No Super Tucano, este é posicionado sob o nariz, de modo a proporcionar um campo de visão maior. Já no AT-6, o equipamento teve que ser posicionado sob o cockpit (segundo a Sierra Nevada, devido a restrições de equilíbrio e de espaço no AT-6). Essa posição sob o cockpit do AT-6 prejudicaria a visão do solo em caso de curvas, quando uma das asas, ao ser baixada, geraria pontos cegos.

Por fim, a nota da SNC destaca a certificação do Super Tucano para mais de 130 configurações de carga externa,o fato de ter a mesma configuração do painel e  filosofia HOTAS (mãos na manete e no manche) de caças modernos de quarta geração, assim como a facilidade de voar e a maior autonomia, o que aumenta a persistência em combate.

FONTE / IMAGENS: Sierra Nevada Corporation e site www.BuiltForTheMission.com 

NOTA DO EDITOR: os argumentos técnicos do site são bem trabalhados, passam a mensagem de forma bastante convincente e, na comparação do A-29 Super Tucano com o AT-6, fica patente o fato do primeiro ser um avião planejado em diversos detalhes para ter um bom desempenho em  missões contrainsurgência, ao contrário do que um projeto adaptado, como é o caso do segundo, parece ter condições de oferecer.

Mas será que esses argumentos bastarão? E uma segunda pergunta deste editor chato de plantão: se a decisão será em junho e a divulgação de um site como esse provavelmente visa informar a opinião pública (já que os tomadores de decisão já deven ter recebido todas as informações, explicações e os argumentos necessários), fazer o anúncio do lançamento desse site agora, no final de maio, não seria um pouco tarde?

Os que torcem pela continuidade do sucesso do Super Tucano e para que este receba o disputado carimbo “USAF usa” (com o perdão do trocadilho) certamente gostariam que a resposta à primeira pergunta fosse um sim. E, à segunda, um não.

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