MMRCA: eliminados podem contestar decisão da IAF

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Ajai Shukla

A eliminação de quatro dos seis concorrentes à venda bilionária de 126 caças para a Força Aérea da Índia (IAF) não ocorreu de forma silenciosa.

Segundo o ‘Business Standard’, o Ministério da Defesa da Índia (MoD) já recebeu cartas dos quatro consórcios eliminados solicitando informações sobre o motivo da desclassificação dos seus caças.

A primeira delas veio da Rússia , perguntando sobre os motivos do MiG-35 não atender aos requisitos da IAF.

Depois veio a embaixada dos EUA em Nova Deli, perguntando especificamente o motivo que levou à eliminação dos dois caças norte-americanos, o Boeing F/A-18 Super Hornet e o Lockheed Martin F-16IN Super Viper.

Fontes do MoD também confirmaram que a Gripen International encaminhou formalmente uma carta solicitando detalhes da desclassificação do Gripen NG.

No dia 27 de abril passado o MoD escreveu aos quatro consórcios informando sobre a eliminação deles, de forma sucinta, mas sem detalhar os motivos. Aos outros dois concorrentes – Eurofighter GmbH e a francesa Dassault – foi solicitado que estendessem a validade das respectivas propostas comerciais.

Manifestações de vendedores após a eliminação são comumente desconsideradas.Mas neste caso, um erro do  MoD pode trazer de volta os eliminados.

O Comitê de Supervisão Técnica (Technical Oversight Committee  – TOC) do MoD, que tem a obrigação de rever a avaliação técnica da IAF e verificar se procedimentos de contratação foram seguidos na íntegra, não tinha terminado seu relatório antes de o Ministério da Defesa enviar as cartas aos desclassificados.

Ainda permanece incerto o motivo pelo qual o MoD enviou as cartas antes do parecer do TOC.

Agora, o TOC  – composto pelo conselheiro de ciência do ministro da Defesa, VK Saraswat, pelo coordenador do Bharat Electronics Limited, Ashwini Datt e pelo brigadeiro da IAF, Anil Chopra – estão lutando para concluir esta revisão obrigatória.

Especialistas em aviação acreditam que esta lacuna processual possa ser explorada politicamente por grupos eliminados (entenda-se Boeing e Lockheed Martin) para serem readmitidos na licitação indiana.

Oficiais superiores da IAF, no entanto, descartam totalmente a reintegração dos dois concorrentes norte-americanos.

Um dos oficiais da IAF envolvido no processo afirmou que “as companhias norte-americanas, que se vangloriam da sua liderança tecnológica, estão sentidas porque seus caças foram declarados tecnologicamente inadequados. Mas elas erraram ao oferecer caças para a IAF, como o F-16 e F-18 que já existem há décadas. É arrogante afirmar que estes caças foram modernizados e são bons o suficiente para um país como a Índia. Mas se eles queriam discutir tecnologia, eles deveriam ter escalado o F-35. “

A russa RAC MiG também está desapontada com a eliminação, mas por um outro motivo.

“O MiG-35 foi desenvolvido na Rússia como um substituto natural para o MiG-21 que está próximo do final da sua vida operacional e dezenas de forças aéreas pelo mundo. Com a rejeição da IAF – que possui centenas de caças MiG – o construtor russo está preocupado com a mensagem negativa que foi dada ao restante dos países” disse Pushpindar Singh, especialista em aviação e editor-chefe da revista Vayu.

Neste meio tempo, a Gripen International está definindo sua estratégia para contrapor a rejeição da IAF.

Segundo a correspondência do MoD enviada à companhia sueca, o Gripen NG apresentou 51 não conformidades em relação aos requisitos da IAF, sendo que 43 delas estão relacionadas ao radar AESA.

A Gripen International argumenta que não é justo afirmar que a IAF não tenha recebido “prova de tecnologia”, ou prova de que o radar AESA da Selex (que ainda está em desenvolvimento) tenha superado os principais obstáculos tecnológicos necessários para a operacionalização no tempo de entrega para a Índia.

Isto se deve ao fato de que a Selex (em parceria com a Euroradar) está desenvolvendo o radar AESA do Eurofighter, que foi considerado tecnologicamente viável e aparentemente será fornecido em tempo para a IAF.

A Gripen destaca que se a Selex convenceu a IAF sobre a viabilidade tecnológica do radar AESA do Eurofighter, a mesma tecnologia será aplicada ao radar do Gripen NG.

Mas fontes da IAF revelaram que a Gripen falhou em provar que o desenvolvimento do seu radar AESA estaria dentro do cronograma para ser integrado no caça.

Em contraste, a Dassault integrou dois protótipos do radar AESA nos seus Rafafle, provando que eles estão em fase de conclusão.

O Eurofighter também realizou testes em voo com o protótipo do seu radar AESA para a avaliação da IAF, convencendo-os de que o equipamento estaria pronto para 2014-15.

Até o momento todos os seis concorrentes iniciais elogiaram os procedimentos técnicos e as avaliações em voo do MMRCA, dizendo que esta era a concorrência mais profissional que eles já haviam participado.

FONTE: Rediffnews

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo

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