‘Top Gun marcou minha infância’, diz primeira mulher a pilotar caça da FAB

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Carla Borges, 28 anos, realizou o feito na semana passada no Rio. Paixão pela aviação militar começou quando era criança, em SP

Glauco Araújo – Do G1, em São Paulo

A tenente-aviadora Carla Alexandre Borges, 28 anos, se tornou, na semana passada, a primeira mulher a comandar um caça da Força Aérea Brasileira (FAB). Solteira e vaidosa, ela disse ao G1 que não tem dificuldades em conviver em ambiente tipicamente masculino e revelou que o desejo de ser piloto sempre fez parte de sua vida. Em 1986, quando assistiu ao filme “Top Gun”, a produção cinematográfica despertou a inspiração que precisava para pilotar um caça.

“O filme ‘Top Gun’ sem dúvida marcou muito a minha infância e influenciou a minha paixão pela aviação de caça. Minha inspiração no filme veio de diversos personagens, mas nenhuma do sexo feminino, já que nesse filme não havia pilotos mulheres. Desde pequena sempre me interessei muito por aviação, principalmente a aviação de caça. Lia livros, revistas e frequentava feiras. Tudo para poder sempre estar perto de aviões”, disse Carla.

O primeiro voo de Carla partiu da Base Área de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, após dois meses de treinamento específico para pilotar o jato AMX, da FAB. “Sinto-me muito orgulhosa e realizada. Pilotar um caça sempre foi meu sonho e hoje o tenho plenamente realizado. O voo solo que realizei foi uma das maiores realizações na minha vida profissional. Foi uma etapa muito importante que completei na minha vida.”

Sobre a possibilidade de ter uma responsabilidade pelo fato de ser mulher em uma corporação tipicamente masculina, ela disse que isso não será empecilho em sua carreira. “Sei que é uma responsabilidade ser a primeira mulher a atingir uma posição como essa. Mas quero ser um exemplo para quem tem um sonho. Por mais difícil que ele possa parecer, sempre é possível realizá-lo com muita dedicação.”

Acostumada com a disciplina militar, Carla afirmou que nunca sentiu distinção no tratamento pelo fato de ser mulher. “O convívio com os demais militares do esquadrão é muito profissional. Sou tratada sem nenhum tipo de distinção por todos, fazendo com que me sinta realmente parte do grupo. Sempre há brincadeiras, mas nenhuma que cause qualquer tipo de constrangimento”, disse a piloto.

Do alto de seus modestos 1,62 metro de altura, a paulista Carla disse que o preparo físico para quem optar pela carreira de piloto não é fácil. “Por ser uma atividade que exige muito, é necessário um bom preparo físico. Por isso, temos realizar atividades físicas regulares. O treinamento para se tornar piloto de caça é extremamente rigoroso. Exige do futuro piloto uma dedicação exclusiva, um preparo intenso para que todas as metas sejam atingidas nos prazos determinados.”

Vaidade

A farda e a rotina intensa de exercícios não fez Carla deixar em segundo plano os cuidados com a estética. “Trabalhar em um ambiente tipicamente masculino não significa deixar de lado minha feminilidade. Continuo me cuidando como qualquer outra mulher. Cabeleireiros, manicures e cremes continuam a fazer parte do meu cotidiano.”

Sobre a reação das pessoas quando se identifica como piloto de caça, ela disse que nunca percebeu qualquer tratamento diferenciado na sociedade. “Nunca deixei a família de lado. Afastei me por alguns momentos, morei em lugares distantes, mas nunca deixei a família de lado. Também nunca sofri preconceito, sempre fui tratada com muito respeito, tanto fora como dentro da corporação.”

Mais mulheres na aviação

Carla espera ver mais mulheres seguindo a carreira militar após o feito de ser a primeira mulher a pilotar um caça. “Acredito que não temos tantas mulheres na carreira militar por falta de conhecimento do que realmente significa essa profissão. Mesmo assim, a quantidade de mulheres nas Forças Armadas está aumentando bastante ano após ano.”

FONTE: G1

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