‘Sim, nós podemos… vender o Super Hornet’
Além dos diversos acordos bilaterais, visita do presidente norte-americano reforçará lobby por caça da Boeing
Por tradição, os presidentes americanos raramente levam consigo os secretários em suas visitas ao exterior. Nos cinco eventos empresariais agendados em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, os focos serão as possibilidades de negócios nos setores de energia (petróleo e biocombustíveis), de infraestrutura (obras para a Copa do Mundo, Olimpíada de 2016) e de serviços financeiros, para financiar todos esses projetos.
O meio empresarial trabalha ainda com a perspectiva inusitada de início de negociação bilateral sobre o livre comércio nos próximos anos. “A ausência de acordos bilaterais significativos a serem assinados em Brasília não quer dizer que a visita será irrelevante”, afirmou Gabriel Rico, presidente da Câmara de Comércio Brasil-EUA, referindo-se à passagem de Obama ao Brasil nos dias próximos 19 e 20. “Os dois presidentes vão criar um novo ambiente para a relação bilateral e para os negócios. Será histórico.”
Caças
O principal lobby do presidente americano em Brasília será em favor da escolha dos caças F-18 Super Hornet, da Boeing, pela Força Aérea Brasileira (FAB) no processo de compra FX2. O presidente da companhia, Jim McNerney, deverá acompanhar a visita de Obama, que terá a oportunidade de tratar do tema em três encontros com Dilma Rousseff no sábado.
Tanto o governo quanto o setor empresarial americano entenderam a decisão de Dilma de suspender o FX2 neste ano, por razões orçamentárias, como um meio de desfazer o acordo de setembro de 2009 com a França.
Obama tem a seu favor a necessidade da indústria brasileira de absorver de novas tecnologias – algo a ser proporcionado em algum grau por uma possível joint venture entre Embraer e Boeing para a fabricação dos caças no Brasil. Na Câmara de Comércio, a expectativa é de a Casa Branca oferecer uma transferência mais ampla de tecnologia, de forma a contentar o Brasil, e negociar com o Senado americano um meio de restringir sua interferência no contrato. Uma alternativa seria o uso da mesma base legal para os acordos de venda de armas dos EUA para o Egito, a Arábia Saudita, Israel e Taiwan, renovados periodicamente pelo Senado.
FONTE: estadao.com FOTO: USN