Segundo matéria do jornal The Economist, a maior empresa de defesa de Israel está se preparando para ser privatizada

 

Na última quinta-feira, 3 de março, o jornal The Economist publicou matéria sobre a Israel Aerospace Industries (IAI), focando o trabalho do “chairman” da companhia, Yair Shamir, ex-oficial da Força Aérea de Israel e filho de Yitzhak Shamir, primeiro ministro de Israel nos anos 1980 e início dos anos 1990. Segundo a matéria, quando Shamir assumiu a IAI, em 2005, a empresa estatal estava em más condições.

A IAI não havia se recuperado totalmente do golpe recebido em sua autoconfiança em 1987, quando o avião de combate Lavi foi cancelado pelo governo de Shamir “pai”. O custo do projeto, somado à preocupação dos EUA de que estava ajudando a financiar um concorrente ao F-16 e F-18, mataram o Lavi. Isso, para a IAI, significava que nunca mais iria tentar desenvolver um avião de combate próprio. 

Além disso, mesmo recuperando boa parte de seu orgulho tecnológico, a organização da IAI e suas condições financeiras eram ruins. O novo “chaiman” havia ajudado, recentemente, a companhia aérea israelense El Al a ser privatizada, e pretendia ter a mesma liberdade que recebeu, quando na El Al, para que a IAI seguisse o mesmo caminho. A base do negócio era boa, mas muito deveria ser feito para mudar a cultura da empresa. Parte do objetivo da IAI era fornecer às Forças de Defesa de Israel os meios para se contrapor a seus inimigos, porém o orçamento de defesa do país era relativamente modesto para garantir uma maior escala, o que era fundamental para que a IAI competisse com rivais muito maiores. A empresa se voltou aos negócios internacionais e, hoje, perto de 80% de seus negócios são com o exterior, sendo a Ásia o maior mercado (e o que cresce mais rapidamente).

Mesmo assim, o selo “usado pela IDF” ajuda bastante nas vendas, segundo Shamir, e a IDF tinha uma demanda por sistemas inteligência no campo de batalha após os sustos da guerra de 1973. De fato, depois que o Lavi foi cancelado, a IAI concentrou-se no desenvolvimento de UAVs (unmanned aerial vehicles –  veículos aéreos não tripulados VANTs) e satélites para prover a IDF, e depois os clientes internacionais, com capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento no estado-da-arte.

Entre os produtos atuais de maior destaque, está o grande UAV Eitan, com envergadura próxima à de um Boeing 737 e capaz de manter-se no ar por 35 horas, o UAV Heron, operado por nove forças aéreas e empregado extensivamente no Afeganistão e o CAEW, que é um avião tripulado para alerta aéreo antecipado, baseado na plataforma do jato executivo Gulfstream G550.

Além desses sistemas, também se destacam o míssil Arrow 2, desenvolvido em conjunto com a norte-americana Boeing, para interceptação de mísseis balísticos. Ele será seguido em breve pelo Arrow 3. 

A empresa também fabrica um jato executivo de médio porte para a Gulfstream e realiza conversões de aviões comerciais para cargueiros, um negócio que está novamente se aquecendo. As vendas do grupo em 2010 deverão exceder 3 bilhões de dólares, e Shamir espera que, em dois anos, cheguem a 4 bilhões.

Ainda é incerta a data em que a empresa será privatizada. Segundo o jornal The Economist, ainda há alguma resistência por parte do Ministério da Defesa, mas Shamir pretende colocar 30% da empresa numa oferta pública inicial e 10% de opções de ações para seus funcionários. Em cinco anos, ele espera que a parte do governo diminua para 40%. A privatização permitiria à IAI obter mais capital e flexibilidade para aquisições, além de tornar mais discretos os seus gastos com Pesquisa e Desenvolvimento. Os planos são colocar a IAI na NASDAQ, além da TASE, local.

FONTE: The Economist (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: IAI

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