A Paraíba voltou a ser manchete nacional depois que a prefeitura da capital resolveu destruir a pista do Aeroclube da Paraíba, após obter uma liminar de “imissão de posse”. Ontém, o Juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, João Batista Vasconcelos, responsável pela decisão afirmou ao Portal ClickPB que a imissão de posse dada à Prefeitura não autorizava destruição da pista.

“O ataque começou depois que a prefeitura de João Pessoa ganhou na Justiça a posse do terreno. Os advogados do aeroclube conseguiram a suspensão da liminar, mas o estrago já havia sido feito. Com a pista destruída, as aeronaves não podem decolar. ”

Em João Pessoa, o vandalismo aconteceu em um aeroclube. A instrutora de paraquedismo Andressa Amaral tentou impedir a passagem das máquinas. “Destruíram mais de 60 anos de história. Quanto custa uma pista dessa? Ninguém pensa nisso”, protestou a instrutora.

A destruição do Aeroclube da Paraíba começou logo depois que a prefeitura de João Pessoa ganhou na Justiça a posse do terreno, onde deverá ser construído um parque municipal. Na mesma noite, os advogados do aeroclube conseguiram a suspensão da liminar, mas o estrago já estava feito.

De manhã, foi possível avaliar o prejuízo. Com a pista destruída, as aeronaves não podem decolar.

“Meu sentimento é assim: de invadido, porque eu tenho a minha história de aviação totalmente ligada ao Aeroclube da Paraíba”, contou o dono de aeronave Zaueri Carvalho.

Quando o aeroclube foi fundado, em 1940, a região era quase desabitada. Nas décadas seguintes, João Pessoa viveu a explosão imobiliária, principalmente nos bairros da orla. Setenta anos após a fundação, o aeroclube está cercado de prédios em um dos pontos mais nobres da cidade.

Em dezembro, um monomotor sofreu uma pane durante a decolagem. O piloto precisou desviar de carros e pedestres. O terreno de 30 hectares estaria avaliado em R$ 200 milhões.

“Eu achei um ato de vandalismo agirem na calada da noite. Nós moramos aqui e esse aeroclube nunca prejudicou ninguém”, comentou a funcionária pública Lúcia Monteiro.

“É perigoso, uma vez um avião bateu em um muro. Se atravessa e bate no carro, mata alguém, como fica a situação? Vai esperar acontecer um desastre pra tirar o aeroclube dali?”, indaga o taxista Maurílio Martins.

A queda de braços deve ser decidida na Justiça Federal.

TJ cassa liminar que concedia posse provisória do Aeroclube à PMJP

O presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos cassou na noite desta terça-feira (22) liminar do Juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública da comarca da Capital, João Batista Vasconcelos que concedia a Prefeitura Municipal de João Pessoa a posse provisória do Aeroclube pela edilidade municipal.

O Agravo foi impetrado na noite desta terça-feira, (22), pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), depois de muita confusão durante ocupação por parte da Prefeitura, que logo após a decisão do Juiz, já havia destruído com caminhões e tratores parte do Aeroclube.

A ocupação por parte da Prefeitura Municipal de João Pessoa no Aeroclube causou tumulto entre o Executivo e alguns proprietários. O procurador do município, Geilson Salomão chegou ao local e a mando do prefeito Luciano Agra (PSB) teria determinado a destruição de parte da pista, causando desconforto com a ação precipitada, já que sequer a Justiça decidiu sobre o mérito da ação.

Caminhões e tratores da PMJP estavam prontos para demolir o Aeroclube

Depois da decisão judicial que partiu da 7ª Vara da Fazenda Pública, pelo juiz João Batista concedendo liminar autorizando a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) a tomar posse do Aeroclube da Paraíba, equipes da Guarda Municipal e da Secretaria de Infraestrutura da Capital ocuparam a área com tratores e caminhões para demolirem o espaço.

Segundo informações preliminares, a confusão em torno da demolição ou não do Aeroclube é grande nesse instante e a Prefeitura de João Pessoa pretende demolir a área para construir um parque ecológico. “A liminar garante posse imediata”, disse o procurador do Município Geilson Salomão.

DESAPROPRIAÇÃO: Justiça determina que PMJP tome posse do Aeroclube a partir desta 4ª

O Juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, João Batista concedeu liminar na tarde desta quarta-feira, (22), autorizando a Prefeitura Municipal de João Pessoa a tomar posse do Aeroclube da Paraíba, cuja área o prefeito Luciano Agra quer desapropriar para construção de um parque ecológico. Segundo a Prefeitura, o espaço impossibilita o crescimento do bairro do Bessa, atrapalha o trânsito no local e ainda compromete a seguraça dos moradores.

O procurador do Município, Geilson Salomão, disse que a Prefeitura tomará posse da área já nesta quarta-feira, (23) até o final da manhã.

“A liminar garante posse imediata”, acrescentou o procurador. Segundo ele, esta é a primeira etapa do processo de desapropriação.

Inconstitucional

O Aeroclube apresentou ontem parecer da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) contra a desapropriação da área. A Anac vê inconstitucionalidade na desativação do equipamento, que atende o trânsito de pequenas aeronovas. Confira a íntegra da nota:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O AEROCLUBE DA PARAÍBA, associação civil de utilidade pública federal, SEM FINS LUCRATIVOS, reconhecida pelo Decreto-Lei 205/67 e pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, com funcionamento de serviço público federal autorizado pela União e fiscalização permanente da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, cujos objetivos principais são o ensino e a prática da aviação civil, formador de pilotos para reserva da força aérea brasileira e para aviação civil brasileira, em respeito à população paraibana, diante das notícias veiculadas na imprensa em geral e na internet, visando esclarecer a população de João Pessoa, aos paraibanos em geral e as autoridades constituídas, trazendo de maneira transparente e objetiva a verdade aos fatos, esclarece que:

1- No último dia 10/02, o AEROCLUBE DA PARAÍBA ajuizou Ação Ordinária junto a Justiça Federal, visando a confirmação da nulidade do decreto de autoria do Município de João Pessoa, que determinou a desapropriação de uma área de utilidade pública federal, equiparada, por força da legislação, a um bem público federal, correspondente ao local onde se encontra o aeródromo do Aeroclube e seus respectivos equipamentos afetados àquele serviço de utilidade pública federal.

2 – A iniciativa judicial somente foi consumada após o AEROCLUBE DA PARAÍBA aguardar mais de 30 dias por uma proposta mais concreta, justa e realista com o mercado imobiliária, embora sempre deixou bem claro aos representantes do Município que entendia como inconstitucional e ilegal o referido decreto de desapropriação.

3 – A proposta ofertada pela Prefeitura, efetivada em 13/01, foi da seguinte forma: Além de não pagar nada pela área, a Prefeitura “liberaria” ao AEROCLUBE 25% da área que é proprietário para que, com o produto da venda desses 25%, pudesse adquirir uma nova área e edificar um novo aeródromo. Além disso, o Município exigia que o comprador da área correspondente aos 25% ainda teria que arcar com a obrigação de construir um pequeno parque nos outros 25% do terreno e um bosque nos 50% restante.

4 – Depois de ajuizada a ação de nulidade na Justiça Federal foi que o Município de João Pessoa propôs a ação de desapropriação, cujo teor ainda o AEROCLUBE não tem conhecimento. Ocorre que há informações que o Município deseja pagar apenas R$ 1,84 por metro quadrado pelos 75% do terreno no qual funciona o AEROCLUBE e o seu respectivo AERÓDROMO.

5 – Trata-se de valores muito inferiores aos que foram pagos por metro quadrado na desapropriação do terreno da Estação Ciência e na Fazenda Cuiá, ainda mais quando se sabe que a área do AEROCLUBE está localizada em uma das localidades mais valorizadas da cidade. Talvez o Ministério Público Federal e o Estadual poderão melhor compreender a discrepância de valores.

6 – Em 2008, o AEROCLUBE ofereceu a mesma área que hoje a prefeitura deseja instalar parte do parque, para que, em parceria com o a Prefeitura, disponibilizássemos espaços para utilização por parte da população do bairro “Aeroclube”, antigo bairro do Bessa e a construção de uma pista de caminhada e instalação de equipamentos comunitários, sem custos de desapropriação para o Município e sem prejuízo da continuidade das atividades de serviço público federal do AEROCLUBE e seu respectivo AERODROMO; Mas a Prefeitura se deu por silente, talvez porque tenha interesses imobiliários mais rentáveis por detrás de tudo isto.

10- Por fim, além da expropriação ilegal e inconstitucional questionada na ação judicial, o AEROCLUBE alerta a população de João Pessoa para os perigos de uma imissão de posse, pois o aeródromo SNJO (Aeroclube da Paraíba) consta de todas as cartas aeronáuticas, sistemas de vôo das aeronaves e todos os GPS do mundo. A paralisação abrupta de nossa pista de pouso poderia causar acidentes aéreos e uma desorganização no espaço aéreo paraibano, pois se trata de alternativa de pouso do Aeroporto Castro Pinto e único posto de combustível AVGAS do Estado da Paraíba, fazendo paralisar as atividades a aviação de pequeno e médio porte.

11 – O AEROCLUBE da Paraíba acredita no Poder Judiciário e no seu senso de equilíbrio e justiça. Foi-se o tempo em que o Poder Público tudo podia, invadindo a vida e a propriedade das pessoas físicas e jurídicas sem qualquer respeito aos seus direitos. No caso do AEROCLUBE DA PARAÍBA o ato da Prefeitura de João Pessoa é, além de inconstitucional e ilegal, uma forma absurda de se invadir uma competência legislativa e administrativa que é da responsabilidade da UNIÃO e da ANAC, porquanto somente esses órgãos federais poderiam realizar a desafetação ou desapropriação um serviço de utilidade pública federal, equiparado a bem público federal.

12 – Se a “moda pega”, daqui a pouco todo o sistema aéreo nacional ficará a mercê de Prefeitos Municipais que, no afã de “fazer graça” e de “agradar” o mercado imobiliário, vão começar a desapropriar todos os aeroportos e aeródromos existentes nas médias e pequenas cidades.

13 – Será que a população de João Pessoa conhece os verdadeiros interessados na instalação desse parque municipal? Será que a população de João Pessoa sabe quem são os proprietários dos terrenos vizinhos ao AEROCLUBE? Será que a população de João Pessoa tem consciência de quem será beneficiado financeiramente com a valorização dos imóveis no entorno da área desapropriada?

14- Não se pode, assim, deixar que este precedente se concretize. Por Justiça e espírito público.

João Pessoa, 19 de fevereiro de 2011.

A DIRETORIA’

FONTE: ClickPB e PBAgora / COLABOROU: Wagner Silva

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