Em troca de voos adicionais à França por companhias aéreas dos Emirados Árabes Unidos (EAU), os franceses estariam obtendo garantias para contratos dos Emirados com a Airbus (aviões comerciais), Dassault (caças Rafale) e Areva (fornecimento de urânio). As informações são do jornal francês La Tribune.

Nessa balança, os argumentos da Air France, que incentiva autoridades francesas a recusar voos adicionais de empresas dos EAU, pesam menos do que duas centenas de aviões comerciais da Airbus e sessenta caças Rafale, além de um contrato da Areva para fornecimento de urânio. Segundo fontes ministeriais, essas foram as razões para que, no final de janeiro, fossem concedidos novos direitos de tráfego para as companhias Emirates e Etihad (assunto que foi tratado na edição de 28 de janeiro do jornal La Tribune).

Nas carteiras de pedidos das companhias dos EAU, estão 75 A380 e 70 A350 para a Emirates, 25 A350, 10 A380, 3 A330 e sete A320 para a Etihad. Além da garantia de que essas compras estariam mantidas, a França também estaria garantindo para 2011 a aquisição, pelos Emirados, de sessenta caças Rafale produzidos pela Dassault, contrato vital para o futuro da indústria aeroespacial francesa. Ainda sem um contrato de exportação, o Rafale seria muito prejudicado por um novo fracasso, num momento em que suas chances de ser selecionado no Brasil diminuem a cada dia, em favor do F-18 da Boeing (EUA).

Outra garantia seria o contrato de fornecimento de urânio. Para a Areva, esse contrato permitiria que o grupo nuclear francês “salvar os móveis da casa”, após a derrota do grupo francês em 2009 para a Korea Electric Power, num contrato de fornecimento de reatores de 20 bilhões de dólares. A Areva garantiria um contrato de 8 bilhões de dólares por um período de 60 anos, que é o tempo previsto para funcionamento das novas centrais nucleares.

Porém, a vinculação de atividades comerciais com as de direitos de tráfego aéreo, entre dois países, é proibida pela Convenção de Chicago que rege o transporte aéreo. Apenas o fluxo de passageiros entre os dois países deve ser levado em conta. Na prática, os casos da Airbus, Dassault e Areva não estão sendo tratados diretamente em reuniões sobre tráfego aéreo, mas nos bastidores.

FONTE: La Tribune – tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo (título original: “Emirats : pourquoi le gouvernement a lâché Air France”)

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