Representante do consórcio Rafale minimiza atraso na escolha de caças
Mônica Aquino
– Entendemos perfeitamente que, com a mudança de governo, Dilma vai demorar um tempo para estudar [as propostas]. Somos acostumados com essas competições, que sempre são muito acirradas. A escolha é uma questão de soberania. É lógico que demore, porque envolve vários setores do país.
Merialdo explicou que a demora se deve ao fato de o contrato prever a venda de aviões que vão durar até 30 anos. O francês comparou a escolha dos caças a um “casamento”.
– Depois de firmado [o contrato], é um casamento de 30 anos, então você não pode falhar [na escolha]. A demora faz parte do processo. Estamos na luta, procuramos providenciar melhor para o país, fazer de tudo para ganhar.
Na segunda-feira (7), Dilma se reuniu com o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, e tratou do assunto. Citando fontes que presenciaram a conversa, a agência Reuters afirmou que a presidente teria demonstrado preferência pelas aeronaves da Boeing, mas disse que ainda estaria tentando obter melhores condições com relação à transferência de tecnologia.
O contrato para a compra de 36 caças pode chegar a até R$ 6,7 bilhões. Merialdo, no entanto, não quis comentar a notícia sobre os concorrentes americanos.
– Não comentamos boatos. Nós estamos em uma competição, fazemos o melhor possível para ter a melhor oferta para o Brasil.
Merialdo destacou que, na disputa, a Rafale tem a seu favor antigas parcerias estratégicas entre Brasil e França.
– Temos toda a tecnologia e a pré-autorização do governo francês para a transferência. Não haverá outro passo. Por isso nos sentimos muito livres para falar para os nossos parceiros de que nossa tecnologia está disponível e nós estamos dispostos. O governo francês já autorizou a transferência irrestrita. Existe uma parceria estratégica entre os dois países.
Na disputa pela venda, o Brasil considera a transferência de tecnologia como requisito fundamental. Favoritos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a manifestar preferência pelos caças Rafale, os franceses investem em parcerias com empresas privadas para indicar ao governo que estão dispostos a trabalhar lado a lado com os brasileiros.
Hoje, o consórcio fez um simpósio em São José dos Campos, polo tecnológico do interior de São Paulo, para firmar contratos com empresas do setor.
Questionado sobre possíveis mudanças na proposta apresentada pela Rafale ao governo brasileiro, Merialdo disse que nada será alterado. No entanto, deu sinais de que as empresas estão investindo no país de olho na venda dos caças.
– Por enquanto, as propostas [de venda das aeronaves] estão enquadradas no que é pedido pela Aeronáutica. O que podemos fazer é ampliar o leque de parcerias com as empresas brasileiras. Estamos aqui para isso.
FONTE: R7, via Notimp