Brasil quer melhores condições para caças da Boeing, diz fonte
Dilma citou o tema da compra dos caças durante uma reunião na segunda-feira, em Brasília, com o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, afirmaram à Reuters fontes familiarizadas com a conversa.
Os demais concorrentes no processo de compra dos caças são o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG produzido pela sueca Saab.
As declarações de Dilma, junto a sua decisão prévia de adiar a licitação em vez de decidir imediatamente pelos Rafale, como propunha o Ministério da Defesa, sugerem que ela está se inclinando pela proposta da Boeing, num negócio que pode moldar as alianças militares do Brasil pelas próximas décadas.
Mas Dilma disse a Geithner que continua preocupada com as questões de transferência da propriedade tecnológica, algo que o Brasil pleiteia que seja incluído no acordo, para poder desenvolver sua própria indústria militar.
A presidente, segundo essas fontes, afirmou estar buscando condições melhores por parte da Boeing, além de garantias de que o governo dos EUA permitirá que tecnologias militares estratégicas mudem de mãos.
O Palácio do Planalto não quis comentar as informações.
A porta-voz da Boeing, Marcia Costley, afirmou que as garantias de transferência tecnológica são uma questão a ser decidida pelos dois governos.
Ela acrescentou que, como parte do eventual negócio, a empresa norte-americana estaria disposta a fornecer ao Brasil também tecnologia e outros tipos de assistência em áreas como transportes, satélites e sistemas bélicos.
“A Boeing tem capacidade e recursos para cumprir suas promessas … a respeito da transferência de tecnologia, e tem um histórico para provar isso”, disse Costley por e-mail.
TEMA PARA OBAMA
O contrato, que deve chegar a pelo menos 4 bilhões de dólares, sem incluir os lucrativos acordos de manutenção e possíveis aquisições adicionais, já sofreu vários adiamentos durante as últimas décadas, conforme o governo brasileiro tentava equilibrar as necessidades da FAB e fatores diplomáticos, de custo e outros.
Desde que a Reuters antecipou, em 17 de janeiro, que Dilma deveria adiar a licitação, os três finalistas têm se empenhado para melhorar suas ofertas. Fontes de uma empresa disseram que a última proposta havia sido apresentada há mais de um ano e que, por isso, seria preciso recalcular os termos.
Enquanto isso, o governo dos EUA quer oferecer as garantias adicionais que Dilma busca. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse que já ofereceu uma garantia por escrito de que o eventual acordo com a Boeing será respeitado pelo governo dos EUA. Mas Dilma pediu que haja também algum tipo de resolução nesse sentido por parte do Congresso norte-americano.
Na visita que fará em março ao Brasil, o presidente Barack Obama pode oferecer novas condições.
A Dassault continua tentando fechar o negócio. Na semana passada, o diretor de exportações da empresa francesa, Eric Trappier, disse a jornalistas que estaria disposto a transferir para o Brasil toda a tecnologia disponível.
Mas há uma limitação para as empresas: em vez de reiniciar a licitação do zero, Dilma busca modificações nas atuais propostas, e pretende tomar a decisão ainda neste ano, segundo um assessor.
FONTE: Reuters (Por Brian Winter. Reportagem adicional de Cyril Altmeyerhenzien, em Paris)
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