Há oito anos, programa F-X era suspenso
Superpreendentemente uma das primeiras decisões tomadas pelo novo governo dizia respeito ao programa F-X. Pouco menos de 48 horas depois do presidente tomar posse o porta-voz do Palácio do Planalto, André Singer, fez a seguinte declaração: “o presidente disse que ainda não há uma definição, mas a visão dele sobre esse assunto é que talvez o gasto de US$ 1 bilhão para a compra de jatos não seja adequado ao momento que o Brasil está vivendo e talvez esse gasto seja melhor utilizado no combate à fome”.
A decisão de suspender o processo foi confirmada pelo ministro da Defesa José Viegas Filho um dia depois de assumir o cargo. No entanto, o mesmo sinalizou que a retomada do programa ocorreria em até um ano. O novo comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Luiz Carlos da Silva Bueno, acabara de assumir o seu posto e, pego de surpresa, também nada pôde fazer. A verdade é que o processo não poderia esperar muito, pois as propostas tinham prazo de validade de dois anos contados a partir da entrega do BAFO em 20 de maio de 2002.
Ciente disso, a Aeronáutica solicitou aos concorrentes uma atualização da BAFO. Representantes dos consórcios foram convocados para uma reunião no Comando da Aeronáutica no início de outubro e atualizaram suas respectivas as propostas. O passo seguinte era novamente apresentar os relatórios atualizados da FAB ao CND, para que este assessorasse o presidente na decisão final. Previa-se o anúncio do vencedor para o final de 2003 ou começo de 2004. Ocorre que na véspera do Natal de 2003 foi publicado um decreto criando uma comissão especial para assessorar o Conselho de Defesa Nacional na aquisição dos novos caças. A decisão ficou para o ano seguinte. Definitivamente 2003 foi um ano para a FAB esquecer. Além da suspensão do F-X, ainda houve a explosão do terceiro protótipo do VLS-1 em agosto e o programa de modernização dos F-5 apresentava problemas de integração.
Texto extraído do ‘post’ Vida e morte do Programa F-X