Força Aérea Suíça: do turboélice PC-21 ao jato F/A-18 Hornet, sem intermediários

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Na sexta-feira da semana passada, 17 de dezembro, ao anunciar a encomenda de mais dois turboélices de treinamento PC-21 pela Força Aérea Suíça, a Pilatus Aircraft divulgou também um interessante artigo sobre como esta aeronave se insere na nova sistemática de treinamento de pilotos de caça suíços.

Segundo a empresa, desde 2009 os novos pilotos de caça fazem a transição operacional para o jato F/A-18 Hornet, a primeira linha da Força Aérea Suíça, vindo diretamente do turboélice PC-21, sem necessitar de voos em treinadores a jato. Ainda segundo a Pilatus (com depoimentos de oficiais suíços envolvidos nessa iniciativa) a experiência vem sendo bem sucedida, calando o ceticismo com a qual foi recebida inicialmente, pelos resultados da primeira conclusão do curso de Hornet pelo novo modelo.

O Tenente Coronel Michael von Jenner, que é Chefe de Instrução de voo no PC-21, comentou que “não colocamos mais pilotos estudantes para voar em treinadores a jato, que são mais caros, na progressão de aviões a hélice para jatos de combate de primeira linha. Mesmo sem essa etapa, os pilotos podem atingir proficiência no treinamento de combate.”

Pelo novo sistema, a instrução básica de voo é realizada em aeronaves turboélice NCPC-7, em trinta semanas. Essa fase é seguida por 45 semanas no PC-21, incluindo aulas teóricas e 210 missões de voo. Por fim, são realizadas oito semanas de instrução intensiva para o F/A-18 C/D Hornet, concluindo o curso dos novos pilotos de combate, o que se deu pela primeira vez neste verão (do Hemisfério Norte) de 2010.

Segundo o Tenente Coronel Kan Vasa, que é chefe de instrução de voo no F/A-18, “em geral, eu acho que os pilotos que treinam no PC-21 são muito melhores no gerenciamento de sistemas – o processo de absorver, interpretar e implementar informações digitais – que pilotos que vieram para o curso de treinamento de Hornet diretamente do F-5 Tiger” (cabe aqui uma observação: apesar do desempenho superior, a aviônica dos F-5 suíços é de geração bem mais antiga, comparada com a dos modernos treinadores turboélice).

Por outro lado, segundo o artigo da Pilatus, no novo modelo de treinamento a conversão para o F/A-18 Hornet leva dois meses a mais.

A Força Aérea Suíça opera no momento uma frota de seis Pilatus PC-21, desde meados de 2008 e, no último 17 de dezembro, assinou o contrato de encomenda de mais duas aeronaves, que deverão ser entregues até 2012, no valor de 30 milhões de francos suíços (aproximadamente 31,5 milhões de dólares, ou 53,3 milhões de reais). O contrato inclui serviços de engenharia, de logística, assim como mais um sistema de debriefing.

FONTE / FOTOS: Pilatus Aircraft, Força Aérea Suíça e Poder Aéreo

NOTA DO BLOG: as informações acima, traduzidas, adaptadas e editadas pelo Poder Aéreo a partir do texto original da Pilatus, obviamente devem ser analisadas levando em conta os objetivos do fabricante: divulgar vantagens de seu produto ligadas a essa nova sistemática de treinamento da Força Aérea Suíça, visando novos clientes, vitórias em concorrências internacionais, a disputa com jatos de treinamento (dado que não os fabrica) etc.

Porém, esse assunto é de grande pertinência para a discussão aqui no Poder Aéreo, dado que a Força Aérea Brasileira, que opera um treinador turboélice concorrente do PC-21 (o A-29 Super Tucano fabricado pela Embraer), adotou um modelo de treinamento com semelhanças ao caso mostrado: a passagem diretamente de um turboélice com avançada aviônica digital para os jatos de primeira linha.

É evidente que há diferenças, como o perfil mais “guerreiro” do A-29, intrinsecamente ligado à passagem dos jovens oficiais aviadores por unidades operacionais de A-29 posicionadas nas fronteiras Oeste do Brasil (os três esquadrões do 3º Grupo de Aviação, onde se voa missões reais e se faz o curso de liderança de caça), durante um tempo relativamente longo, após se formarem pilotos de caça também voando o A-29, no 2º/5º GAV, em Natal.

Mas vale a pena também pensar nas semelhanças e analisar questões já bastante discutidas aqui, em diversas matérias, como pode ser visto nos links abaixo, assim como nos comentários que promoveram. Para refletir no Natal, quem sabe sonhando com futuros presentes de Papai Noel para a Aviação de Caça brasileira e o que eles podem significar para o futuro do treinamento dos caçadores da FAB.

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