ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA – A decisão de Lula de manter Nelson Jobim no seu terceiro mandato, ops!, no governo Dilma, como antecipado pela Folha de S. Paulo dias depois do segundo turno, faz todo o sentido. O convite foi feito por Lula antes mesmo da eleição, repetido mais adiante por Antonio Palocci e finalmente formalizado por Dilma e aceito pelo ministro, que tende a ficar pelo menos mais dois anos. Depois é depois.

Jobim assumiu a Defesa em meio ao maior caos aéreo da história brasileira, mudou a Infraero, negociou a troca da cúpula da Anac, devolveu a autoridade da FAB para tratar a sublevação de sargentos, avançou muito nas negociações no Conselho de Defesa da Unasul. E o trabalho não está terminado.

Falta anunciar o vencedor do programa FX-2 e aguentar o tranco, agora e depois. Só Jobim, advogado, disciplinado e teimoso, vai conseguir responder a quilos de questionamentos, em especial se for escolhido o Rafale, que ficou em terceiro lugar no relatório técnico da FAB, é o mais caro dos três (os outros são o Gripen sueco e o F-18 dos EUA) e ninguém compra -seu único cliente é o governo da… França.

Jobim está no exterior, volta no dia 3, bate o martelo numa reunião com Dilma e Paulo Bernardo (Planejamento) no dia 6. Depois é convocar o conselho de defesa para o dia 10 e reservar o dia 15 para Lula tirar fotos e assinar os atos correspondentes com o presidente Nicolas Sarkozy. O cenário deverá ser a nova ponte entre Brasil e Guiana.

O risco é Dilma não se contentar com o relatório do próprio Jobim, já assinado pelo brigadeiro Juniti Saito (comandante da FAB), e pedir para dar uma olhadinha nas 27 mil páginas da FAB. Ali, há um detalhe cruel: a hora/voo do Rafale custa US$ 21 mil, três vezes mais do que a do Gripen e cerca do dobro do F-18. A compra é de 36 aviões, com 80% deles voando o ano inteiro, numa média de 200 horas/ano.
Dilma é economista e gestora. Portanto, boa de conta.

FONTE: fontebrasil / Folha de São Paulo

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