CRUZEX V: Entrevista com o Brigadier General Dominique de Longvilliers
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Eu não sou um especialista em Rafale, mas em termos de logística, nós temos feito um contrato anual e nossos pilotos estão voando cerca de 180h por ano. Não temos tido problemas com a logística, os problemas que tivemos foram apenas de organização. Nós operamos no Afeganistão e realizamos 100% das missões que nos foram dadas, nós tínhamos 3 aeronaves lá e voamos todas as missões. Aqui temos quatro aviões e não perdemos um vôo sequer.
É uma boa aeronave se você cuidar dela e se você tiver bons técnicos.
PODER AÉREO: Que tipo missões os Rafale estão voando na CRUZEX, somente superioridade aérea?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Nós estamos realizando missões de superioridade aérea e de interdição, pois o Rafale é uma aeronave multirole, ele pode realizar ao mesmo tempo missões ar-superfície e missões ar-ar. Ele pode levar ao mesmo tempo armamento para todos esses tipos de missão.
Nós ainda não recebemos o “pod” de reconhecimento, mas mais tarde nós poderemos levá-lo, juntamente com bombas e mísseis ar-ar.
PODER AÉREO: Nós não vimos o Damocles aqui nos Rafale da CRUZEX. Ele está totalmente integrado no Rafale? Nós vimos em muitas fontes que ele não estaria pronto ainda para operar, isso é verdade?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Deixe-me dizer. A Marinha Francesa tem o Damocles, porque eles o compraram e lá ele está totalmente integrado. A Força Aérea Francesa deve comprar os “pods” no início do próximo ano, mas nós quando precisamos pegamos os “pods” da Marinha e colocamos nos nossos aviões.
PODER AÉREO: Na sua opinião, se o Brasil comprar o Rafale, nós estaremos equipados com o melhor caça de quarta geração?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Nós sabemos que a decisão será política e não estamos aqui para vender o avião, mas o que posso lhe fizer é que em todos os exercícios que temos participado com F-15, F-16, F-18 e até mesmo o F-22, nós temos nos saído muito bem, eu penso que o Rafale é uma aeronave muito boa.
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Como eu disse antes, não sou um especialista em Rafale, não posso garantir, mas deve ser verdade. Em caso de perda de um motor, haverá um problema de empuxo, de carga externa e de manobrabilidade, mas falha no motor é muito difícil de acontecer, pois esses eles são muito confiáveis e robustos.
PODER AÉREO: O senhor sabe se há previsão para a entrada em serviço dos novos motores de maior potência para o Rafale?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Não, não sei informar.
PODER AÉREO: E quando entrará em serviço o novo radar AESA para o Rafale?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – No papel está programado para 2017.
PODER AÉREO: E o míssil Meteor?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – O míssil Meteor é um míssil internacional, feito em conjunto com os EUA, com a comunidade Eurofighter e com a Suécia. Ele já fez testes de tiro e deve entrar em serviço em torno de 2018, praticamente junto com o novo radar AESA.
PODER AÉREO: E o armamento ar-solo?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Nós usamos as AASM, guiadas por GPS e INS.
PODER AÉREO: Qual sua impressão sobre a organização da CRUZEX V?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Nós temos tido um ótimo apoio do pessoal da Base Aérea, para voar é ótimo porque há muito espaço para voar. Uma única coisa que precisaria melhorar é o sistema de debriefing, pois não há um sistema como o que existe no Red Flag que rastreia as aeronaves e os mísseis disparados.
PODER AÉREO: Qual a sua opinião sobre a possibilidade de nas próximas CRUZEX existir um dia para uso de munição real em estandes de tiro para que as aeronaves participantes possam demonstrar sua capacidade?
Brigadier General Dominique de Longvilliers – Isso é muito difícil de ser realizado, voos de treinamento com munição real. Na França quando nós voamos com munição real é para atirar, não para treinar.
É uma ideia sexy (risos), mas nós teríamos problemas de transporte dessa munição, teríamos problemas com áreas de segurança e procedimentos de uso.
ERRATA:
O Brigadier General Dominique de Longvilliers nos enviou e-mail no dia 25/11 solicitando a correção da data que ele nos forneceu para a instalação do radar AESA nos Rafale. A data correta é o final de 2013 e não 2017, como ele informou na entrevista ao Poder Aéreo.
Sir,
I gave you an interview the 15th of november at Natal during the Cruzex
V exercice.
I have made a lapse regarding one date and I would be very pleased if
you could correct it in the interview.
Concerning the radar AESA, starting from the end of 2013, all Rafale
deliveries will be with the AESA Radar.
2017 is a wrong date.Thank you for your comprehension.
GBA Dominique De Longvilliers